sábado, 15 de abril de 2017

Capelania Militar: A História dos Quatro Heróis Capelães




Na madrugada do dia 3 de fevereiro de 1943, às 00:55, o navio USAT Dorchester, viajando num comboio, foi torpedeado pelo submarino alemão U-223, no Atlântico Norte.

O torpedo destruiu o sistema elétrico, deixando às escuras o navio. O pânico gerou-se entre os homens a bordo, muitos deles ficaram presos por baixo do convés. Carregado de soldados norte-americanos que iam a caminho da frente de batalha na Europa, durante a II Guerra Mundial, o navio com rombos, metia muita água e começou a adornar para estibordo. Instalou-se o caos. A rádio estava avariada. Os soldados corriam dum lado para outro, em círculos, apavorados. Muitos foram para o convés, sem o colete salva-vidas. Barcos salva-vidas viraram-se, e as balsas afastaram-se, antes que alguém pudesse alcançá-las.

Mais tarde, alguns dos sobreviventes disseram que parecia haver apenas uma pequena ilha de ordem em toda aquela confusão: o convés do navio USAT Dorchester, a estibordo, onde estavam quatro Capelães.

George L. Fox (15 de março de 1900 - 3 de fevereiro de 1943), pastor metodista, Alexander D. Goode (10 de maio de 1911 - 3 de fevereiro de 1943), rabino judeu, John P. Washington (18 de julho de 1908 - 3 de fevereiro de 1943), padre Católico e o reverendo Clark V. Poling (7 de agosto de 1910 - 3 de fevereiro de 1943), da Igreja Reformada nos Estados Unidos da América, calmamente, distribuíam coletes e guiavam os homens aterrorizados para os barcos salva-vidas. Os capelães procuraram acalmar os homens e organizar uma evacuação ordenada do navio e também guiaram os homens feridos para a segurança. E iam distribuindo coletes de salvação.

Quando já não havia mais coletes de salvação, antes que todos os náufragos tivessem um, os quatro capelães despiram os seus e deram-nos a quem mais precisava deles. Um dos últimos homens a deixar o navio olhou para trás e viu-os de pé, firmes. Abraçados, seguravam-se no convés. No meio da ululação das ondas, as suas vozes ainda ressoavam ao orarem em latim, hebraico e inglês. Como disse um marinheiro: “Foi a coisa mais impressionante que jamais vi, ou espero ver.”

Um sobrevivente disse mais tarde ter ouvido o choro de centenas de homens implorando, orando e fazendo promessas. Os capelães diziam palavras de ânimo e de confiança. “A voz deles era a única coisa que me fazia prosseguir”, disse ele.

Eles ajudaram a tantos homens quanto podiam a metê-los nos botes salva-vidas, e com os braços entrelaçados, em seguida, orando e cantando hinos, afundaram-se com o navio.

“Enquanto eu nadava para longe do navio, eu olhei para trás. As chamas tinham iluminado tudo. A proa subiu ao alto e depois deslizou para baixo. A última coisa que eu vi, foram os quatro Capelães a orar pela segurança dos homens. Eles fizeram tudo o que podiam. Eu não voltei a vê-los novamente. Eles próprios não tinham possibilidade de salvação sem coletes salva-vidas.” — relato de Grady-Clark, sobrevivente.

Ao todo, dos 904 homens a bordo do navio, apenas 230 foram resgatados.

O que pôde manter os quatro Capelães calmos no meio daquele inferno? A paz com Deus. “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1 ARC, Pt) A palavra hebraica para paz é shalom, cujo radical quer dizer “estar completo.” Quando estamos em paz, estamos completos. Nenhuma ansiedade vai perturbar-nos. Nenhum temor destruirá a nossa alegria interior. Nenhuma preocupação extinguirá a nossa felicidade espiritual. Em qualquer circunstância, Deus oferece-nos o dom da Sua paz. “Uma pessoa em paz com Deus e com os seus semelhantes não pode ser uma pessoa infeliz. …O coração em harmonia com Deus eleva-se acima dos aborrecimentos e das provas desta vida.” – in “Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 488.” “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti.” (Is 26:3 ARC, Pt) Que dádiva! A paz de Deus pode ser nossa, hoje!


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Fontes Utilizadas:
Vários “Sítios” e enciclopédias na Internet e ainda algumas obras em papel.
Respigado daqui e dali.

Carlos António da Rocha

Este texto é de livre utilização, desde que a sua ortografia seja respeitada na íntegra porque já está escrito com o Português do Novo Acordo Ortográfico e que não seja nunca publicado nem utilizado para fins comerciais; seja utilizado exclusivamente para uso e desfruto pessoal.

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