Este artigo foi escrito por Atilano Muradas. Ele é jornalista, teólogo, compositor, escritor, músico e pastor. Possui sete CDs gravados, três livros publicados, e reside nos Estados Unidos. Para falar com o autor, escreva para: atilanomuradas@uol.com.br
Muito se tem dito a respeito de “evangelizar”. Esta primeira frase, inclusive, pode ser que já tenha sido escrita, diversas vezes, por gente que decidiu, assim como eu, agora, finalmente, resolver a questão do evangelismo na Igreja de uma vez por todas. O mundo será outro depois deste texto. No entanto, já encerro aqui a minha ilusão de que conseguirei isso. Não depende apenas do meu desejo, da minha habilidade em argumentar, ou de Deus. É, isso mesmo, não depende de Deus.
Apesar de tudo nesta vida ser “se Deus quiser”, a missão de evangelizar ele deixou para nós. Ele vai salvar a quem a gente pregar – seja direta ou indiretamente – loucos, natimortos, criancinhas, abortados, etc., só no Céu saberemos o que será deles. Ninguém aceitou a Jesus do nada. Alguma coisa ele ouviu, algo sentiu a partir de informação externa que lhe chegou aos ouvidos e desceu ao coração. Sei de pessoas que aceitaram a Jesus de todo jeito, até mesmo através do Diabo. Ele mesmo pregou, acredite.
Um sujeito estava fazendo um despacho grandioso com uma determinada finalidade maldosa quando o Diabo, em pessoa, lhe apareceu e disse que de nada adiantaria aquele trabalho todo, pois a pessoa a quem se destinava o “trabalho” era crente. “Ela é filha do cara lá de cima. Com ele eu não mexo, pois é mais poderoso”, disse o Pai das Trevas. Ao ouvir tal declaração do patrão chifrudo, o sujeito respondeu: “Se o outro é mais poderoso, então, não te sirvo mais”. Abandonou a vida de despachos e foi servir a Deus numa igreja cristã.
Outro amigo era do tipo que denominamos “doidão”. “Cheirava todas” e vivia em petição de miséria, como diziam os antigos. Certo dia, fumando sua tradicional maconha junto com um amigo, resolveu ler um livro diferente: a Bíblia. Entre baforadas, blasfêmias e risadas, ele parou num texto que lhe informou claramente que, se ele continuasse naquela vida de drogas, certamente, iria para o Inferno. Sem pestanejar, largou tudo e entrou na primeira igreja evangélica que viu aberta e aceitou Jesus.
Histórias assim são produto de oração, de investimento de muitas pessoas, tenha certeza. Aliás, a maioria das conversões veio de exaustivos trabalhos de pregação corpo a corpo. Deus e seus anjos não descem à Terra para pregar o Evangelho. A missão é nossa. Contudo, parece-me que a evangelização está um pouco esquecida, coitada, no final da fila das prioridades eclesiásticas. Analise comigo.
Os cânticos de sucesso apelam para o emocional, estão centrados no homem e no seu bem-estar. Enquanto isso, as pregações, cujas canções refletem, visam entusiasmar, motivar a conquistar bens terrenos a todo custo. O apelo à salvação é dado ao final dessas pregações, criando um paradoxo sem precedentes na história dos sermões cristãos. Prega-se uma coisa e se faz apelo para outra. Ouça: “Deus vai resolver todos os seus problemas, dar-lhe tudo o que precisa, e fazer você milionário nesta Terra. Quem quer aceitar Jesus?” Ora, quem não irá aceitar?! Tudo bem, ainda bem que aceitou Jesus, mas a propaganda foi enganosa, e o novo convertido poderá se frustrar quando descobrir que não é bem assim como lhe prometeram.
A vida com Deus é vida feliz, mas, temos que suportar outros lances que estão sendo omitidos aos novos convertidos. Vida com Deus também é perder pra ganhar; é morrer pra viver; é dividir o pouco que tem; é servir e não ser servido; é passar por lutas e agradecer; é estar preso e cantar; é levar um tapa e dar a outra face; é aguentar uma série de desaforos dentro e fora da Igreja; é suportar os crentes (cristão é outra coisa); e mais uma série de outras aventuras aparentemente ruins, mas que enriquecem o homem de sabedoria e o fazem entender o verdadeiro sentido de ser cristão – se você ainda não entendeu isso, peça ao Espírito Santo pra lhe fazer entender. Aí você vai ser feliz mesmo tendo que viver essas tribulações. São alguns dos mistérios da vida cristã.
Essa forma de expor o Evangelho parece o daquelas propagandas com uma porção de letrinhas miúdas no pé da página, quase ilegíveis de tão pequenas. A gente só fica sabendo de tudo mesmo, depois que assina o contrato, e vê onde entrou.
Tanto se fala, hoje em dia, em respeitar os direitos. Pois é, os cristãos deveriam respeitar os direitos dos incrédulos e pregar-lhes o verdadeiro Evangelho para trazê-los para a Igreja. Aliás, eu acho até que viria mais gente que sinceramente aceitou a Jesus porque o ama de verdade, e não aos presentes que oferece. Os incrédulos não são todos idiotas e vão caindo na conversa de qualquer um não. Alguns caem, hoje, mas, daqui uns dias, pulam fora. Falsos pregadores podem enganar por um tempo, mas não por todo o tempo. E fazer com que esses desviados compreendam o verdadeiro Evangelho é quase um outro milagre.
Mas, porque será que isso acontece? A resposta, talvez, venha ao se tentar responder “Mas, o que é evangelizar mesmo?” Quando entendemos que nascemos com uma missão que vem “antes” de qualquer missão que tenhamos que exercer na Terra, então começamos a entender melhor a vontade de Deus. Em Marcos 16:15-18 Jesus deixa isso claro: “Ide e pregai”; e o resto vem depois. Em Atos 1:8 ele diz que receberíamos o poder para sermos “testemunhas”, ou seja, que pregam o Evangelho; depois vêm as atividades desde onde se está até os confins da Terra (missões).
Evangelizar é um dom que nasce com todas as pessoas. Pode e deve ser exercido, desde a mais tenra idade. Evangelizar é falar daquilo que se crê, sem a necessidade de fórmulas mágicas de multiplicação ou de estratégias de marketing mirabolantes. Isso tudo pode ser usado, mas se as pessoas estão desfocadas, é dinheiro jogado no lixo.
Evangelizar é uma decisão que alguém toma antes de querer ser pastor, apóstolo, profeta, doutor, ou até mesmo evangelista. Isso mesmo, evangelista, pois tem gente que quer assumir seu dom de evangelista depois que fizer o bacharel em Teologia, o mestrado em divindade, o doutorado em anjos, e conseguir os recursos para se sustentar no campo missionário. Você conhece alguém que se preparou a vida inteira para tocar piano sem nunca ter tocado um piano? Claro que não. Quem toca bem começou cedo e nunca parou.
Quem não treina evangelismo nunca será evangelista. Quem não conhece a Bíblia nunca será evangelista. Quem não ora, não evangeliza. Quem não insiste com as pessoas, corre atrás, suporta umas pedradas, não alcançará sucesso no evangelismo. É igual no trabalho: um leão por dia – inclusive, o que ruge como um leão ao redor tentando nos tragar. Ser cristão da teologia da prosperidade é mole. Quero ver é ser cristão da teologia da verdade.
Apesar de tudo nesta vida ser “se Deus quiser”, a missão de evangelizar ele deixou para nós. Ele vai salvar a quem a gente pregar – seja direta ou indiretamente – loucos, natimortos, criancinhas, abortados, etc., só no Céu saberemos o que será deles. Ninguém aceitou a Jesus do nada. Alguma coisa ele ouviu, algo sentiu a partir de informação externa que lhe chegou aos ouvidos e desceu ao coração. Sei de pessoas que aceitaram a Jesus de todo jeito, até mesmo através do Diabo. Ele mesmo pregou, acredite.
Um sujeito estava fazendo um despacho grandioso com uma determinada finalidade maldosa quando o Diabo, em pessoa, lhe apareceu e disse que de nada adiantaria aquele trabalho todo, pois a pessoa a quem se destinava o “trabalho” era crente. “Ela é filha do cara lá de cima. Com ele eu não mexo, pois é mais poderoso”, disse o Pai das Trevas. Ao ouvir tal declaração do patrão chifrudo, o sujeito respondeu: “Se o outro é mais poderoso, então, não te sirvo mais”. Abandonou a vida de despachos e foi servir a Deus numa igreja cristã.
Outro amigo era do tipo que denominamos “doidão”. “Cheirava todas” e vivia em petição de miséria, como diziam os antigos. Certo dia, fumando sua tradicional maconha junto com um amigo, resolveu ler um livro diferente: a Bíblia. Entre baforadas, blasfêmias e risadas, ele parou num texto que lhe informou claramente que, se ele continuasse naquela vida de drogas, certamente, iria para o Inferno. Sem pestanejar, largou tudo e entrou na primeira igreja evangélica que viu aberta e aceitou Jesus.
Histórias assim são produto de oração, de investimento de muitas pessoas, tenha certeza. Aliás, a maioria das conversões veio de exaustivos trabalhos de pregação corpo a corpo. Deus e seus anjos não descem à Terra para pregar o Evangelho. A missão é nossa. Contudo, parece-me que a evangelização está um pouco esquecida, coitada, no final da fila das prioridades eclesiásticas. Analise comigo.
Os cânticos de sucesso apelam para o emocional, estão centrados no homem e no seu bem-estar. Enquanto isso, as pregações, cujas canções refletem, visam entusiasmar, motivar a conquistar bens terrenos a todo custo. O apelo à salvação é dado ao final dessas pregações, criando um paradoxo sem precedentes na história dos sermões cristãos. Prega-se uma coisa e se faz apelo para outra. Ouça: “Deus vai resolver todos os seus problemas, dar-lhe tudo o que precisa, e fazer você milionário nesta Terra. Quem quer aceitar Jesus?” Ora, quem não irá aceitar?! Tudo bem, ainda bem que aceitou Jesus, mas a propaganda foi enganosa, e o novo convertido poderá se frustrar quando descobrir que não é bem assim como lhe prometeram.
A vida com Deus é vida feliz, mas, temos que suportar outros lances que estão sendo omitidos aos novos convertidos. Vida com Deus também é perder pra ganhar; é morrer pra viver; é dividir o pouco que tem; é servir e não ser servido; é passar por lutas e agradecer; é estar preso e cantar; é levar um tapa e dar a outra face; é aguentar uma série de desaforos dentro e fora da Igreja; é suportar os crentes (cristão é outra coisa); e mais uma série de outras aventuras aparentemente ruins, mas que enriquecem o homem de sabedoria e o fazem entender o verdadeiro sentido de ser cristão – se você ainda não entendeu isso, peça ao Espírito Santo pra lhe fazer entender. Aí você vai ser feliz mesmo tendo que viver essas tribulações. São alguns dos mistérios da vida cristã.
Essa forma de expor o Evangelho parece o daquelas propagandas com uma porção de letrinhas miúdas no pé da página, quase ilegíveis de tão pequenas. A gente só fica sabendo de tudo mesmo, depois que assina o contrato, e vê onde entrou.
Tanto se fala, hoje em dia, em respeitar os direitos. Pois é, os cristãos deveriam respeitar os direitos dos incrédulos e pregar-lhes o verdadeiro Evangelho para trazê-los para a Igreja. Aliás, eu acho até que viria mais gente que sinceramente aceitou a Jesus porque o ama de verdade, e não aos presentes que oferece. Os incrédulos não são todos idiotas e vão caindo na conversa de qualquer um não. Alguns caem, hoje, mas, daqui uns dias, pulam fora. Falsos pregadores podem enganar por um tempo, mas não por todo o tempo. E fazer com que esses desviados compreendam o verdadeiro Evangelho é quase um outro milagre.
Mas, porque será que isso acontece? A resposta, talvez, venha ao se tentar responder “Mas, o que é evangelizar mesmo?” Quando entendemos que nascemos com uma missão que vem “antes” de qualquer missão que tenhamos que exercer na Terra, então começamos a entender melhor a vontade de Deus. Em Marcos 16:15-18 Jesus deixa isso claro: “Ide e pregai”; e o resto vem depois. Em Atos 1:8 ele diz que receberíamos o poder para sermos “testemunhas”, ou seja, que pregam o Evangelho; depois vêm as atividades desde onde se está até os confins da Terra (missões).
Evangelizar é um dom que nasce com todas as pessoas. Pode e deve ser exercido, desde a mais tenra idade. Evangelizar é falar daquilo que se crê, sem a necessidade de fórmulas mágicas de multiplicação ou de estratégias de marketing mirabolantes. Isso tudo pode ser usado, mas se as pessoas estão desfocadas, é dinheiro jogado no lixo.
Evangelizar é uma decisão que alguém toma antes de querer ser pastor, apóstolo, profeta, doutor, ou até mesmo evangelista. Isso mesmo, evangelista, pois tem gente que quer assumir seu dom de evangelista depois que fizer o bacharel em Teologia, o mestrado em divindade, o doutorado em anjos, e conseguir os recursos para se sustentar no campo missionário. Você conhece alguém que se preparou a vida inteira para tocar piano sem nunca ter tocado um piano? Claro que não. Quem toca bem começou cedo e nunca parou.
Quem não treina evangelismo nunca será evangelista. Quem não conhece a Bíblia nunca será evangelista. Quem não ora, não evangeliza. Quem não insiste com as pessoas, corre atrás, suporta umas pedradas, não alcançará sucesso no evangelismo. É igual no trabalho: um leão por dia – inclusive, o que ruge como um leão ao redor tentando nos tragar. Ser cristão da teologia da prosperidade é mole. Quero ver é ser cristão da teologia da verdade.
Fonte: www.evangelizabrasil.com
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