Os primeiros hinos cantados nas Assembleias de Deus
A música pentecostal, no início do movimento no Brasil, se dividia em música importada e em composições brasileiras. Em seus primórdios, as Assembleias de Deus cantavam os tradicionais hinos formais protestantes do hinário da Igreja Congregacional, Salmos e Hinos, para o seu cântico congregacional, que também eram utilizados por diversas igrejas evangélicas históricas. O hinário Salmos e Hinos havia sido publicado em 1861 pelos missionários congregacionais Robert e Sara Poulton Kalley.
Os primeiros compositores assembleianos
Mas havia a necessidade de hinos que enfocassem as verdades pentecostais e refletissem o fervor pentecostal. Começam, então, a surgir compositores e tradutores pentecostais: José Rodrigues, Maria Antônia Nobre, Sylvio Brito, Frida Vingren, Almeida Sobrinho, Adriano Nobre de Almeida, Manoel Hygino de Souza, Paulo Leivas Macalão, Gunnar Vingren, Antonio Torres Galvão, Samuel Nyström, Emílio Conde e muitos outros. São também traduzidos hinos de hinários suecos e americanos pentecostais pelos missionários Gunnar Vingren, Samuel Nyström, Frida Vingren, Joel Carlson, Eufrosyne Kastberg e outros. Grande parte desses hinos que veio a fazer parte da Harpa Cristã, hinário assembleiano, teve suas versões musicais feitas pelo pastor Paulo Leivas Macalão. Alguns desses hinários estrangeiros são: Best of all (e.g, o hino “Glória a Deus o Pai eterno”), Segertone (e.g., “Os teus pecados tu queres deixar”), Herrens Lov (e.g., “Oh, porque duvidar sobre as ondas do mar”) e Lovangst (e.g., “Jesus disse aos discípulos no monte ao subir”).
Muitos desses hinos expressavam uma temática que incluía a doutrina do revestimento de poder pelo batismo com o Espírito Santo, ressaltava necessidade de devoção e santificação na vida do crente, e falava da iminente segunda vinda de Cristo e a esperança do crente fiel se encontrar logo com o Senhor na vida eterna.
Hinários precursores da Harpa Cristã
Em 1917, o missionário sueco Gunnar Vingren, fundador das Assembleias de Deus juntamente com Daniel Berg, montou um caderno particular de hinos com letra e música. Tinha 24 hinos, 10 com letra em inglês e 14 com letra em sueco.
Caderno de hinos, elaborado em 1917, por Gunnar Vingren
Os líderes da Assembleia de Deus de Belém (PA), os missionários suecos, prepararam um hinário, cuja impressão ficou pronta em 6 de outubro de 1917, e tinha 194 hinos. Em 1921 foi lançado o Cantor Pentecostal, impresso pela tipografia Guajarina, sob a orientação editorial de Almeida Sobrinho e tinha 44 hinos e 10 corinhos. Foi distribuído pela AD de Belém, que, naquela época, achava-se localizada na Travessa 9 de Janeiro 75.
2ª edição do Cantor Pentecostal, publicado em 1921, em Belém do Pará, por Almeida Sobrinho
Em 1931, Gunnar Vingren, então pastor da Assembleia de Deus de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, editou o Psalterio Pentecostal, impresso na Gráfica Fernandes & Rohe, no Rio de Janeiro. Tinha 221 hinos.
Capa e apresentação do Psalterio Pentecostal, publicado em 1931, por GunnarVingren, no Rio de Janeiro
Fontes:
ARAUJO, Isael de. Dicionário do movimento pentecostal.
Rio de Janeiro, CPAD, 2007, 1ª edição, 154, 155, 341, 342, 496, 497 e 758.
Idem. 100 Acontecimentos que Marcaram a História das Assembleias de Deus no Brasil.
Rio de Janeiro, CPAD, 2011, 1ª edição, p. 116 - 120, 179 - 182.
A HARPA CRISTÃ
O lançamento da Harpa Cristã
Em 1922, foi lançada em Recife (PE), a primeira edição da Harpa Cristã com 100 hinos, que viria a tornar-se hinário oficial das Assembleias de Deus. Sob a orientação editorial do pastor Adriano Nobre, teve uma tiragem inicial de mil exemplares, impressa nas oficinas do Jornal do Comércio e foi distribuída para todo o Brasil pelo missionário Samuel Nyström. Não consta nenhum exemplar desta edição histórica nos arquivos da CPAD, porém, seu prefácio é conhecido, pois foi reimpresso nas páginas iniciais da segunda edição.
Em 1922, foi lançada em Recife (PE), a primeira edição da Harpa Cristã com 100 hinos, que viria a tornar-se hinário oficial das Assembleias de Deus. Sob a orientação editorial do pastor Adriano Nobre, teve uma tiragem inicial de mil exemplares, impressa nas oficinas do Jornal do Comércio e foi distribuída para todo o Brasil pelo missionário Samuel Nyström. Não consta nenhum exemplar desta edição histórica nos arquivos da CPAD, porém, seu prefácio é conhecido, pois foi reimpresso nas páginas iniciais da segunda edição.
Cópia do prefácio da 1ª edição da Harpa Cristã lançada em 1922
A segunda edição da Harpa Cristã, já com 300 hinos, foi impressa nas Oficinas Irmãos Pongetti, no Rio de Janeiro, em 1923, numa tiragem de 3.000 exemplares, segundo o avivo publicado no jornal Boa Semente de dezembro de 1923, página 4.
Cópia da página de abertura da 2ª edição da Harpa Cristã, publicada em 1923
A terceira edição, em 1932, tinha a Harpa Cristã 400 hinos e foram 5.000 exemplares, segundo informa Samuel Nyström no livro Despertamento apostólico no Brasil, p. 126. A quarta edição foi de 10.000 exemplares com 458 hinos e a quinta, com 512 hinos, foi de 8.000 exemplares. Da quarta edição foram publicados mais de 4.000 exemplares. O preço mais barato do hinário foi de 3 mil-réis.
(Foto ao lado: cópia da página de abertura da 4ª edição da Harpa Cristã impressa em 1932, com 458 hinos e 11 corinhos)
Sucederam-se muitas outras edições e vindo a ser impressas nas oficinas da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Com o passar dos tempos, outros hinos foram sendo acrescentados até que o nosso hinário oficial em 1941 atingisse 524 hinos. Número esse que, durante várias décadas, caracterizou a Harpa Cristã.
Até 1981, quase todos os hinos da Harpa Cristã já haviam sido revisados. Os mais altos foram transpostos para tons mais acessíveis ao cântico congregacional. Na elaboração dos hinos, muito contribuiu o missionário Samuel Nyström. Como não tivesse perfeito conhecimento da língua portuguesa, ele traduziu, literalmente, diversas letras da riquíssima hinódia escandinava. Para que os poemas fossem adaptados às suas respectivas músicas, foi necessário que o pastor e músico Paulo Leivas Macalão empreendesse semelhante tarefa. Por isso, tornou-se o pastor Macalão no principal tradutor e adaptador da Harpa Cristã.
No início, a Assembleia de Deus utilizava o hinário Salmos e Hinos, que também era usado por outras igrejas evangélicas históricas. Em 1921, os pioneiros decidiram criar um hinário destacando também as doutrinas pentecostais da denominação. Foi criado, então, o Cantor Pentecostal, sob a orientação editorial de Almeida Sobrinho, com 44 hinos e dez corinhos, impressos pela tipografia Guajarina.
A primeira edição da Harpa Cristã, em 1922, teve uma tiragem inicial de mil exemplares. A segunda edição, em 1923, foi impressa no Rio de Janeiro e tinha 300 hinos. Já em 1932, a Harpa Cristã contava com 400 hinos.
A primeira Harpa Cristã com letra e música começou a ser elaborada em 1937. Com o passar dos anos, foram acrescentados outros hinos até que o hinário oficial chegou a 524. Até o ano de 1981, todos os hinos já haviam sido revisados.
Em 1979, o Conselho Administrativo da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), cumprindo resolução da Assembleia Geral da CGADB, nomeou uma comissão para proceder a revisão geral da música e letra dos hinos da Harpa Cristã. A proposta foi apresentada pelo pastor Adilson Soares da Fonseca. As análises tiveram o apoio técnico e especializado de João Pereira, na correção e adaptação da música; e Gustavo Kessler, na revisão das letras.
Hinos cantados e amados em todo o país
A Harpa Cristã tem sido o instrumento de consolidação nacional da hinologia pentecostal, principalmente por meio do cântico congregacional. Um dos motivos que contribuiu para isso foi o fato de cada crente assembleiano ter que possuir o seu próprio exemplar do hinário e levá-lo para a igreja, diferentemente das igrejas das denominações tradicionais no Brasil, América do Norte e Europa, onde são os templos que possuem exemplares dos seus hinários disponíveis para os fiéis usarem em seus cultos.
Após 90 anos de existência, muitos dos belos e edificantes hinos da Harpa Cristã, ultrapassam as fronteiras assembleianas, tocando os corações de milhares de crentes de outras denominações evangélicas brasileiras, alcançando o honrado posto de hinário mais conhecido e amado em todo o país.
Fontes:
ARAUJO, Isael de. Dicionário do movimento pentecostal.
Rio de Janeiro, CPAD, 2007, 1ª edição, 154, 155, 341, 342, 496, 497 e 758.
Idem. 100 Acontecimentos que Marcaram a História das Assembleias de Deus no Brasil.
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