quinta-feira, 20 de março de 2025

Encontrando forças ao orar... pelos outros - Norman Vincent Peale

 


Não faz muito tempo descobri uma das melhores técnicas de oração que conheço. Fui dormir cedo, acordei às três da madrugada e recitei o salmo 33 meia dúzia de vezes, contei carneirinhos, mas nem assim consegui tornar a conciliar o sono. Finalmente levantei às quatro horas e fui para minha biblioteca, onde meu olhar foi atraído por uma bela águia de madeira que comprara na Suíça. Fora esculpida num único bloco por um velho artesão suíço, e é de fato uma obra de arte. Olhando a águia, comecei a dizer em voz alta uma passagem da Escritura: Abrem asas como as águias, correm e não se fatigam, caminham e não se cansam (Isaías 40: 31).

A situação me levou a pensar em um amigo, um pastor que, quando precisa de ajuda espiritual, vai à igreja e caminha por entre os bancos, sobre os quais coloca as mãos. Ora então nominalmente pelas diversas pessoas que ali sentam. O pastor diz que este procedimento atrai bênçãos para ele e para as pessoas pelas quais ora. Motivado pelo exemplo do meu amigo, comecei a visualizar, sozinho, de madrugada, todos aqueles por quem oraria.

A primeira pessoa por quem orei foi minha esposa, Ruth. Depois orei por meus três filhos e seus cônjuges, a seguir por meus oito netos. Orei por todos os parentes. Então orei por membros da igreja, a começar por minha equipe. Orei pelos outros ministros. Por todos os secretários. Depois, um por um, pelos mais velhos e pelos decanos. Então comecei a visualizar a comunidade na igreja e orei por todos aqueles de cujos nomes lembrei. Depois orei pelo porteiro do nosso edifício e por todas as pessoas a quem estou de algum modo ligado.

Devo ter orado nominalmente por quinhentas pessoas. Quando dei por mim eram seis da manhã. De repente sentia-me melhor do que nunca nos últimos anos. Cheio de energia, transbordante de entusiasmo. Por nada no mundo teria voltado a dormir.

Após um desjejum reforçado, desci à igreja, fiz uma pregação e apertei a mão de centenas de pessoas. Depois fui a um almoço e dei uma palestra, seguindo para um compromisso à tarde. Às onze da noite ainda estava a mil. Nem sombra de cansaço! Essa energia transbordante me surpreendeu, trazendo-me uma nova e imensa sensação de vida.

Não sei psicologia suficiente para explicar o que aconteceu. Creio que saí fora de mim. Esqueci completa, consciente e até subconscientemente de mim mesmo ao amar todas aquelas pessoas e orar por elas, tomando seus fardos em meus ombros. Mas com isto não ganhei peso. Ganhei asas! Fiquei feliz e alegre. De fato, ergui-me com "asas como as águias".

Agora repito aquele tipo de oração sempre que me sinto abatido. Ofereço esta experiência como sugestão não só para ajudar os outros por meio da oração, mas também para obter uma nova e maravilhosa vida para você mesmo.


Norman Vincent Peale, in Minhas Orações Favoritas (Ediouro, 1995).


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