Não faz muito tempo
descobri uma das melhores técnicas de oração que conheço. Fui dormir cedo,
acordei às três da madrugada e recitei o salmo 33 meia dúzia de vezes, contei
carneirinhos, mas nem assim consegui tornar a conciliar o sono. Finalmente levantei
às quatro horas e fui para minha biblioteca, onde meu olhar foi atraído por uma
bela águia de madeira que comprara na Suíça. Fora esculpida num único bloco por
um velho artesão suíço, e é de fato uma obra de arte. Olhando a águia, comecei
a dizer em voz alta uma passagem da Escritura: Abrem asas como as águias,
correm e não se fatigam, caminham e não se cansam (Isaías 40: 31).
A situação me levou a
pensar em um amigo, um pastor que, quando precisa de ajuda espiritual, vai à
igreja e caminha por entre os bancos, sobre os quais coloca as mãos. Ora então
nominalmente pelas diversas pessoas que ali sentam. O pastor diz que este
procedimento atrai bênçãos para ele e para as pessoas pelas quais ora. Motivado
pelo exemplo do meu amigo, comecei a visualizar, sozinho, de madrugada, todos
aqueles por quem oraria.
A primeira pessoa por quem
orei foi minha esposa, Ruth. Depois orei por meus três filhos e seus cônjuges,
a seguir por meus oito netos. Orei por todos os parentes. Então orei por
membros da igreja, a começar por minha equipe. Orei pelos outros ministros. Por
todos os secretários. Depois, um por um, pelos mais velhos e pelos decanos.
Então comecei a visualizar a comunidade na igreja e orei por todos aqueles de
cujos nomes lembrei. Depois orei pelo porteiro do nosso edifício e por todas as
pessoas a quem estou de algum modo ligado.
Devo ter orado
nominalmente por quinhentas pessoas. Quando dei por mim eram seis da manhã. De
repente sentia-me melhor do que nunca nos últimos anos. Cheio de energia,
transbordante de entusiasmo. Por nada no mundo teria voltado a dormir.
Após um desjejum
reforçado, desci à igreja, fiz uma pregação e apertei a mão de centenas de
pessoas. Depois fui a um almoço e dei uma palestra, seguindo para um compromisso
à tarde. Às onze da noite ainda estava a mil. Nem sombra de cansaço! Essa
energia transbordante me surpreendeu, trazendo-me uma nova e imensa sensação de
vida.
Não sei psicologia
suficiente para explicar o que aconteceu. Creio que saí fora de mim. Esqueci completa,
consciente e até subconscientemente de mim mesmo ao amar todas aquelas pessoas
e orar por elas, tomando seus fardos em meus ombros. Mas com isto não ganhei
peso. Ganhei asas! Fiquei feliz e alegre. De fato, ergui-me com "asas como
as águias".
Agora repito aquele tipo
de oração sempre que me sinto abatido. Ofereço esta experiência como sugestão não
só para ajudar os outros por meio da oração, mas também para obter uma nova e
maravilhosa vida para você mesmo.
Norman Vincent Peale, in Minhas Orações Favoritas (Ediouro, 1995).
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