segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Entrevista: Luiz Sayão


Revista Enfoque Gospel - EDIÇÃO 62
Análises de um especialista em Bíblia pela ética e espiritualidade

Virgínia Rodrigues

Luiz Sayão. Este nome remete à Bíblia, livro para o qual se dedicou, sendo hoje conhecido como seu grande especialista e tradutor. Até porque, por cerca de dez anos, foi o coordenador de tradução da Nova Versão Internacional da Bíblia, junto à International Bible Society.

Nascido na capital paulista, convertido aos 12 anos, hoje, aos 43, Sayão porta uma formação em Teologia, Lingüística e Hebraico, área em que também cursou mestrado. É pastor batista há dezoito anos, tendo pastoreado igrejas em São Paulo e ainda nos EUA, na Portuguese Baptist Church, de Cambridge. Atualmente, está implantando uma igreja nova em São Paulo, a Igreja Batista Nações Unidas, que se reunirá no World Trade Center da capital paulista.
Casado em 1987 “com a bênção de Deus chamada Céliz Elaine”, conforme ele mesmo faz questão de dizer, Sayão tem cinco filhos – Rachel (18), Israel (16), Déborah (14), Daniel (10) e Miriam (3). “Cada um melhor do que o outro”, proclama. Ainda tem tempo para ser professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo e do Seminário Servo de Cristo, professor visitante do Gordon-Conwell Seminary em Boston e consultor acadêmico do Seminário do Evangelho Pleno Bethesda. Atua também como consultor de tradução bíblica da Sociedade Bíblica Internacional e consultor teológico dos livros da linha acadêmica da Editora Vida. Coordena a Versão Almeida 21 e a versão brasileira da “The Message”. Já desenvolveu os projetos o Novo Testamento Trilíngüe (Vida Nova) e o Antigo Testamento Poliglota (Vida Nova/SBB).
Feitas todas a apresentações, parte de uma vida de contribuição para o Reino de Deus, vale fechar essa introdução dizendo que Luiz Sayão é também colunista da revista Enfoque há quase quatro anos. É ele quem nos traz agora mais contribuição, respondendo à nossa entrevista.

ENFOQUE
- Você é conhecido como um grande especialista e conhecedor da Bíblia. Quando e de que forma se deu esse forte interesse pelas Sagradas Escrituras?

LUIZ SAYÃO - Aos 13 anos de idade, sob a influência de meu primo Franklin Sayão (médico missionário) e do pastor Guenther Krieger, descobri que minha vida só teria sentido se atendesse à vontade de Deus de dedicar-me ao ministério. Com os dons que Deus me deu e sob a inspiração de homens de Deus como Franklin, Guenther, Russell Shedd e Manoel Thé, decidi dedicar-me ao estudo mais aprofundado da própria Bíblia. Concentrei-me em teologia, lingüística e línguas originais (principalmente o hebraico). Minha vida acadêmica deu-se na Universidade de São Paulo, mas semprei estudei e li muito sozinho. Aprendi a ler alguns idiomas por esforço próprio. Cheguei a ler 200 livros num único ano!

ENFOQUE - Apesar de ser um dos livros mais vendidos no mundo, a Bíblia é bastante questionada e muito mal interpretada. Por que acha que isso acontece?

LUIZ SAYÃO - Na verdade, a Bíblia é muito pouco lida. Muitas pessoas lêem a Bíblia de maneira mística ou apenas para afirmar suas próprias convicções pessoais ou religiosas. A leitura atenciosa e detida do texto é pouco comum. Os comentários bíblicos estão entre os livros menos vendidos no Brasil. Isso é triste! A Bíblia é questionada em parte por curiosidade natural de muitos que a desconhecem, em parte pela mentalidade secular de grande parcela da população.
A má interpretação prevalece no cenário religioso, na minha opinião, porque a maioria das pessoas não acredita na Bíblia, inclusive nas igrejas. Como disse Rick Warren, só cremos na parte da Bíblia que praticamos. A facilidade de rebater textos bíblicos, a falta de temor e a frivolidade com a qual se fala das Escrituras sugerem que um grande contingente dos chamados cristãos nem temem que o texto seja verdadeiro. Do contrário, teriam receio de fundamentar suas opiniões em bases tão frágeis! No entanto, acho que isso não é novidade. Sempre foi assim! O verdadeiro cristão precisa fazer um “trabalho subversivo” nas próprias igrejas, para tentar convencer alguns da prioridade do reino de Deus e sua justiça.

ENFOQUE - E o que mais o impressiona e emociona nos trechos bíblicos?

LUIZ SAYÃO - É a sabedoria por trás de suas palavras. A Bíblia é direta e atinge em cheio o nosso coração.
Há uma complexidade tremenda por trás de cada pequeno texto. Os elementos teológicos, filosóficos, existenciais e psicológicos estão entremeados de forma complexa e poderosa. Nunca vi nada igual. Como gosto de dizer quando prego, se eu fosse vocês, eu leria a Bíblia todos os dias… É a única esperança para o ser humano! Ler a Bíblia devagar e com o espírito atencioso e aberto para receber sua iluminação é a única coisa que pode nos sustentar espiritualmente de fato.

ENFOQUE - O que é preciso para que uma pessoa possa entender o que a Bíblia quer realmente dizer e ensinar, em termos de textos e contextos?

LUIZ SAYÃO - Estudar! Não há outra saída! Estudar muito! Hoje, graças a Deus, temos acesso às ferramentas que permitem um estudo muito proveitoso. Dicionários bíblicos, comentários, Bíblias de estudo, etc. são fundamentais. No entanto, é necessário oração e humildade. Na verdade, ler a Bíblia sem o coração aberto para Deus e sem humildade destrói a pessoa! A pessoa torna-se orgulhosa, religiosa e perturbada emocionalmente (esquisita!). O sinal de que há problemas sérios pode ser visto quando nosso coração fica frio diante da maravilha de Deus e da sua Palavra. Sem uma espiritualidade sadia, o coração humano começa a manipular o texto para defender ideologias. Até o padre Vieira, falando da tentação de Jesus, já dizia na época do barroco: “As palavras de Deus ditas no sentido que Deus não as disse são palavras do diabo”. Precisamos de erudição (muito estudo), espiritualidade (busca de Deus) e ética (vida santificada).

ENFOQUE - Como tem sido a reação dos evangélicos às novas traduções da Bíblia, como a NVI, por exemplo?

LUIZ SAYÃO - Muito variada. Alguns recebem muito bem e descobrem que uma versão como a NVI é clara e mais adequada para evangelizar e ministrar. Infelizmente, há aqueles que se apegam à tradição pela tradição e nunca irão mudar, pois deixaram de refletir. Outro problema sério é que há pessoas desinformadas que afirmam inverdades sobre algumas versões contemporâneas e as disseminam entre as igrejas. Todo o mundo tem direito de questionar e discordar. Mas tudo deve ser feito com respeito e bom senso.

ENFOQUE - Como foi sua experiência de viver por um tempo nos EUA? Isso influenciou sua perspectiva teológica?

LUIZ SAYÃO - Foi muito pedagógica. É fácil observar que os EUA têm muitas vantagens econômicas e tecnológicas em relação ao Brasil; no entanto, como sempre vivi numa cidade dinâmica como São Paulo, em muitas áreas aqui é muito melhor. Estamos à frente em serviços bancários, telefônicos, serviços prestados, qualidade de alimentação e relações humanas. Acabei descobrindo que lá há muita burocracia, corrupção e ineficiência. Foi uma decepção com a “funcionalidade” do país. Eu já sabia que, em geral, os americanos não têm muita cultura nem formação filosófica e crítica, mas esperava que o país funcionasse bem mais do que se divulga.
Acabei decidindo voltar para o Brasil por problemas burocráticos com a imigração americana. Eu teria de ficar esperando indefinidamente por uma resposta que ninguém sabe quando viria e ainda seria impedido de sair do país. Isso é um desrespeito aos direitos humanos: tirar a liberdade básica de ir e vir! Hoje, continuo dando aulas na região de Boston como professor visitante.
Os EUA estão em grandes dificuldades espirituais. Em algumas áreas, dezenas de igrejas são fechadas todos os anos. Há um secularismo desenfreado e uma crise familiar. Grande parte da população detesta o cristianismo e luta contra a fé cristã abertamente. Em outras regiões mais evangélicas, há um tradicionalismo protestante estagnado. Muitos são evangélicos “por cultura” apenas. Há temor entre os evangélicos a respeito do futuro do país. Um dos bons movimentos cristãos é o da Igreja com Propósitos. Rick Warren é um milagre nos EUA. É um líder sério e respeitado, e tem trazido um bom crescimento em muitos lugares.
Creio que o futuro do cristianismo evangélico e da obra missionária está em países como China, Brasil e Coréia do Sul. Acho que há pouco a aprender com os americanos hoje. Devemos elaborar nossa teologia de maneira mais independente. Há muito potencial, capacidade e criatividade no Brasil.

ENFOQUE - Seu trabalho tem sido muito ligado ao ensino bíblico e à teologia. Para você, como está a igreja brasileira no seu amadurecimento teológico?

LUIZ SAYÃO - O quadro é muito amplo. Por um lado, a igreja está muito bem. Muitos grupos tradicionalmente resistentes ao ensino teológico estão estudando teologia. O número de seminários e de cursos teológicos continua crescendo. A produção editorial teológica tem aumentado muito. Mas toda essa movimentação é difusa e indefinida. Há sérios problemas que prejudicam o desenvolvimento teológico da igreja e devem ser evitados: o neopentecostalismo radical, que é obscurantista e alienante; o tradicionalismo sem reflexão presente em alguns grupos hiperfundamentalistas; o liberalismo teológico, que apenas desconstrói e não tem como produzir nada, principalmente no Brasil; a fragilidade das novas igrejas e comunidades que acabam recebendo novidades teológicas sem capacidade crítica, desprezando séculos de reflexão teológica. No entanto, creio que, no geral, estamos melhorando, e, passadas as turbulências, vamos chegar lá. Há muita gente boa, séria e sincera estudando e procurando elaborar teologia no Brasil.

ENFOQUE - Sua dissertação pela USP foi sobre a existência do mal e você tem um filho com autismo. Qual foi o impacto disso em sua vida e teologia?

LUIZ SAYÃO - Foi um aprendizado enorme. Nosso filho nasceu quando eu escrevia a dissertação. O problema do mal é um dos assuntos mais relevantes da teologia, e, ao contrário do que se imagina, não milita necessariamente contra a fé, mas é um fator predisponente para a mesma, como vemos em Habacuque! Minha experiência humilhou-me e trouxe benefícios extraordinários. Hoje tenho mais fé e entendo os “benefícios” do sofrimento de modo mais intenso. Nosso filho Daniel, que parecia que nunca iria falar, graças a Deus “saiu da concha” e hoje está quase normal. Uma das coisas que mais o ajudaram foram os personagens do Maurício de Souza, principalmente o “Chico Bento”. É incrível, mas Deus usou isso para ajudar a curar o meu filho. Hoje ele é bilíngüe, tranqüilo, tem memória acima do normal e freqüenta uma escola normal. É uma bênção. Apesar de mudar de país duas vezes e de ter sido rejeitado por uma escola evangélica americana em São Paulo, ele superou tudo com muita facilidade.

ENFOQUE - Como vê a igreja brasileira no cenário mundial? Qual é a sua avaliação?

LUIZ SAYÃO - A análise é semelhante ao perfil teológico. Há muito crescimento desordenado e difuso. Há muito potencial, mas é preciso fundamentação teológica e seriedade. Os maiores desafios são a ética (está lamentável), a espiritualidade autêntica e a teologia saudável. Apesar de tantos problemas, acho que, de modo geral, a igreja está melhor do que na maioria dos países do mundo.

ENFOQUE - Na sua opinião, do que as igrejas evangélicas hoje mais precisam?

LUIZ SAYÃO - Além de ressaltar ética e teologia, gostaria de dizer que precisamos de equilíbrio e brasilidade.
Há muito extremismo e polarização. Para mim, esse tipo de desequilíbrio não é bíblico e tem origem estrangeira. Creio que a cultura brasileira compartilha de alguns elementos bíblicos especiais que o foco anglo-germânico não possui. Entre eles, destaco o valor das relações humanas e da família, o prazer de viver a vida e a convivência poli-alética com idéias distintas. Se formos autênticos e menos polarizados, chegaremos lá! Todo o mundo critica o movimento neopentecostal. Devemos avaliá-lo sociologicamente. Em breve eles sofrerão mudanças e buscarão uma sedimentação. Foi o que aconteceu com a Assembléia de Deus. Acho que o equilíbrio virá naturalmente.

ENFOQUE - Ainda se pode falar hoje que o evangélico é alienado?

LUIZ SAYÃO - Infelizmente sim. Há dois tipos de alienação: uma é a do sistema. Estar no sistema é ser alienado para com o que importa na vida. É a reprodução da alienação geral dominante (Marcuse). A outra alienação é a de ruptura com o sistema. Há uma alienação religiosa que se percebe no misticismo desenfreado e na falta de consciência e esperança política e cívica.

ENFOQUE - No atual conflito no Oriente Médio, parece que os evangélicos brasileiros se alinham a Israel. Há uma razão bíblica para isso?

LUIZ SAYÃO - Esse alinhamento tem origens em uma corrente escatológica. Além disso, sempre se imagina o mundo árabe como muçulmano e inimigo. Acho que a avaliação é equivocada. Eu creio que Deus abençoará Israel e que Israel tem um papel escatológico importante. Por outro lado, é impossível delimitar na Bíblia as dimensões da terra de Israel para hoje. Além disso, Deus também tem promessas para os árabes, entre os quais há muitos cristãos. Há inclusive a promessa de paz escatológica (pouco citada) entre Israel, Egito e Assíria (Is 19.23-25).
A igreja errou com o anti-semitismo e hoje erra com a tendência judaizante. Nem tudo o que o exército de Israel faz está certo. Nem Deus poupou Israel e a Igreja quando cometeram erros e injustiças. Há erros graves da parte de Israel e dos árabes no Oriente Médio. Quem sofre muito e paga por isso é a população civil israelita, palestina e principalmente libanesa.
A situação do Líbano é uma vergonha para a ONU. A verdade é que Síria e Israel fazem o que bem entendem no pequeno país.

ENFOQUE - Como vai o antiintelectualismo entre os evangélicos no Brasil?

LUIZ SAYÃO - Continua vivo e ativo! Todavia, parece estar cedendo espaço. Não creio que esse seja o principal problema hoje. O maior problema é pseudo-intelectualismo. Há muita gente estudando teologia sem profundidade, e há instituições prometendo títulos sem muitas exigências acadêmicas sérias. Parece que muitos querem ter apenas nome e título sem desejar de fato estudar e conhecer.
O problema é que essas pessoas serão presas fáceis de ideologias passageiras, serão superficiais e intelectualmente ingênuas e atuarão como líderes sem a devida bagagem e formação. As conse¬qüências serão sérias. Como gosto de dizer, brincando, é a “ingnoranssa que astravanca o pogresso”.

ENFOQUE - Como tem sido sua experiência como colunista da Enfoque?

LUIZ SAYÃO - Muito boa e gratificante. Já são quatro anos. A receptividade tem sido muito boa e a revista tem crescido muito. O ponto alto foi o artigo do “p”: P-Problemas e P-Perspectivas do P-Protestantismo P-Pau-Brasil. Todo mundo fala do texto e pede uma cópia até hoje.

ENFOQUE - Quais são seus desafios e sonhos para o futuro?

LUIZ SAYÃO - Além de sonhar com uma igreja contemporânea relevante (nosso projeto já começou), gostaria de continuar a ajudar a formação de futuros líderes (literatura e ensino). Desejo desenvolver um projeto de uma Bíblia de Estudos Brasileira, escrever um comentário bíblico completo e exegético contextualizado e elaborar uma teologia bíblica brasileira que ainda está em estágio embrionário.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Série de e-books para download


Mais uma série de e-books disponibilizados por seus autores gratuitamente na internet, reunidos aqui para edificar a tua vida e ministério:


Estudo sobre Louvor – Miguel Malty – Um excelente e abrangente e-book sobre louvor e adoração, de 27 páginas, em pdf.
Para baixar, Clique Aqui


Revolução Silenciosa II - Transformando a sociedade com a força do evangelho do Reino
E-book elaborado por Rubens R. Muzio, apresentando grande quantidade de informações e estatísticas sobre a realidade brasileira social e eclesial, e estratégias para a igreja impactar a sociedade.
221 páginas, em pdf.

Para baixar, Clique Aqui.


Apostila Curso para PregadoresElaborada pelo Pastor Waldyr Silva do Carmo. Dicas práticas de como ministrar a Palavra do Senhor com o objetivo de atingir o ouvinte e despertar nele o interesse pela mensagem da Palavra de Deus. Muito bom.
Para baixar, Clique Aqui.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

E-book para download - Quebrando o Silêncio


Amados, baixem aqui o e-book Quebrando o Silêncio: Um debate sobre o infanticídio nas comunidades indígenas do Brasil.
Organizado por Márcia Suzuki, o e-book expõe e analisa a terrível questão do infanticídio praticado por muitas tribos indígenas em nosso país.
Para que você possa avaliar a seriedade do assunto, leia o breve texto abaixo, à guisa de prefácio:
"Eu já vi enterrar muita criança no Xingu. Já vi isso acontecer muitas vezes. Eu acho isso errado porque eu gosto de criança. Eu, por exemplo, preciso de mais crianças, pois eu só tenho dois filhos. Ao invés de enterrar, elas poderiam dar para mim. Às vezes eu tento tirar do buraco, mas é difícil. Às vezes a mãe quer a criança, mas a família dela não deixa. É muito difícil.
Até hoje eu só consegui desenterrar um com vida, o Amalé. A mãe dele era solteira, ela chorou muito, mas o pai dela enterrou ele. Ele estava chorando dentro do buraco, aí minhas parentes foram me chamar. Eu entrei na casa, perguntei onde ele estava enterrado e tirei ele do buraco. Saiu sangue da boca e do nariz dele, mas ele viveu. Ele está doente, mas eu decidi criá-lo. Agora ele é meu filho. É um menino bonito, não é cachorro. É errado enterrar.Teve três crianças que eu tentei salvar, mas não deu tempo. Uma nasceu de noite e eu não vi. A minha tia também queria essa criança, gostava dela, mas quando chegou lá a mãe dela já tinha quebrado o pescoço do bebê. Quebraram o pescoço depois enterraram. A outra eu ia tirar do buraco, não deu tempo porque eu estava do outro lado, tirando mandioca. Eu estava trabalhando e não vi. Disseram que ele também estava chorando dentro do buraco. Minha outra prima, a mãe do Mahuri, enterrou as cinco crianças que nasceram antes dele. Ela era solteira, por isso tinha que enterrar. O funcionário salvou o Mahuri porque ficou com pena, é um
menino muito bonito, já está grande. A mãe dele viu ele em dezembro e achou ele bonito.
Eu mesma não gosto que enterre, acho errado. Criança não é cachorro. Nós temos medo de nascer gêmeos, trigêmeos. Dizem que quando um pajé faz feitiço, podem nascer até sete crianças. Por isso as mães têm medo. Mas eu acho errado matar. Eu já falei isso para as mulheres de lá. A criança fica chorando dentro do buraco, criança pequena custa muito a morrer. Se eu ver no buraco eu tiro."
Kamiru Kamayurá
Brasília, Agosto de 2007.


Para baixar o e-book, Clique Aqui.

Fonte: www.sepal.org.br

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

PACOTES DO EVANGELISTA – estudos e e-books


Baixe aqui dois pacotes contendo cada um uma série de estudos, trechos de livros e e-books completos sobre vários aspectos do evangelismo, coletados em diversas fontes e reunidos aqui para você.

O primeiro (Pacote Evangelismo) contém:


A APRESENTAÇÃO DO EVANGELHOtrecho do livro "Discernindo os Tempos" , de Martyn Lloyd-Jones, Editado pela Editora PES;

Maneiras de Usar Folhetos EvangelísticosVárias dicas práticas e relevantes sobre o uso desta ferramenta;

APELANDO POR DECISÕESde D.M. Lloyd-Jones. Capítulo do livro "Pregação e Pregadores" - Editora FIEL

Guia de Evangelismo Pessoal
- Com Respostas às Objeções Mais Comuns – Excelente!

Municípios Brasileiros onde é menor a presença de evangélicosConforme senso do IBGE. Veja onde estão excelentes campos missionários em nossa pátria!

Para baixar,
[((cLIqUe AqUi]))



No segundo pacote (E-books Evangelismo) você encontra os excelentes estudos e e-books em pdf:

Aspectos Fundamentais sobre EvangelizaçãoEscrito pelo Rev. Oziel Gomes, um excelente artigo.


Como Evangelizar sem Medode WILLIAM FAY & RALPH HODGE. Um e-book de 57 páginas.

Guia Básico de Evangelismo InfantilEstudo elaborado por Carolina D. Miklos, da Igreja Época da Graça em Cristo.


Para baixar,
[((cLIqUe AqUi]))

sábado, 12 de janeiro de 2008

REFLEXÃO - Um Sonho...


Sonhei. Em meu sonho, havia um oceano cheio de pessoas se afogando. Havia uma rocha que sobressaía deste oceano. Algumas pessoas conseguiram subir à rocha e chegaram a se salvar.
Ao observar a cena, 10% das pessoas sobre a rocha começaram a agir e a fazer cordas e escadas, aproximando-se da beira da rocha, tentando puxar outros para cima da mesma. Mas 90% se tornaram ativos em seus jardins que tinham na rocha, na música que havia na rocha, nos empregos da rocha e em suas vidas na rocha. Tinham muitas reuniões nas quais gastavam bastante tempo procurando desenvolver programas de como voltar ao Oceano – mas eles nunca voltaram.
O pensamento que se repetia e voltava a aparecer neste sonho era a pergunta: “Será que eles esqueceram que eles próprios estiveram anteriormente no mar?”
Um pequeno grupo de pessoas que pareciam ser os líderes, me perturbavam ainda mais. Eles gastavam o tempo tentando subir ainda mais alto na rocha. Pareciam não querer se aproximar à margem porque era muito arriscado. A morte, a enfermidade, os perdidos – estes estavam lá embaixo. Mas o grupo sobre a rocha gastava mais tempo enclausurado em uma falsa segurança na parte mais alta da rocha. E mesmo assim, todos eles ouviam uma voz que dizia: “Você quer vir? Você quer me ajudar?”
Em meu sonho, a rocha era a Cruz do Calvário. A voz que eles ouviam era Jesus Cristo, chamando a mim e a você para vir. Só resta uma coisa, se nós queremos ou não. A pergunta é se você e eu queremos ser diferentes. Estamos nós dispostos a ouvir a voz, arriscar-nos e falar a fim de resgatarmos aos demais?
Se a sua resposta é sim, ore estas palavras agora mesmo:
Deus, faz de mim um servo disposto. Eu errei, ao permanecer em silêncio. Cada dia, cada momento, esforçar-me-ei para compartilhar a Ti com outros.

Trecho do livrete Como Posso Compartilhar a Minha Fé sem Discutir?, oferecido gratuitamente pelos Ministérios RBC (Recursos Bíblicos de Comunicação).

Visite:www.nossoandardiario.com

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Movimento Cansei da Teologia da Prosperidade


Cansei de ouvir pregadores da prosperidade dizerem que precisamos decretar a nossa vitória e visualizar a nossa benção material;
Cansei de ouvir pregadores da prosperidade gritarem para Deus reivindicando suas petições;
Cansei de ouvir pregadores da prosperidade dizendo que “salário mínimo” não é coisa de crente;
Cansei dessa teologia que defende que o crente deve morar em mansão, ter carrões, muito dinheiro e nunca ficar doente.
Cansei dessa teologia que valoriza mais as coisas terrenas do que aquelas que são do céu;
Cansei dessa teologia da barganha com Deus, onde você contribui e Ele devolve com juros, correção monetária e muito lucro;
Cansei dessa teologia de fé na fé;
Cansei dessa teologia que ama mais o dinheiro que o próximo;
Cansei dessa teologia consumista, utilitarista e que trata Deus como o Papai Noel;
Cansei dessa teologia da ganância, cujo principal objetivo é fazer com que as pessoas atinjam a independência financeira;
Cansei dessa teologia da auto-ajuda, auto-estima e auto-aceitação;
Cansei dessa teologia que argumenta que Jesus nunca foi pobre;
Cansei dessa teologia que tem criado uma geração de decepcionados nas igrejas;
Cansei da teologia da prosperidade pois a Bíblia diz: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam“. (Mat.6.19,20)
Cansei, não da prosperidade - que é dádiva de Deus, mas da teologia que faz dela o principal foco da vida cristã, em detrimento da salvação e das bençãos espirituais.

Se você também já cansou de tudo isso, demonstre sua indignação.

www.comoviveremos.com

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Reflexão - JEJUM

Durante um período de 18 anos o Senhor, pela Sua graça e misericórdia, comissionou-me a observar vários períodos regulares de 40 dias de jejum. Fui, por muitas vezes, tocado pela glória de Deus e naqueles momentos, em minha consciência eu não queria mais viver. Eu, na verdade, anelava pela morte e assim estar com Ele nesta intimidade para sempre. Em um único momento, a Sua glória transformou meus valores e percepção da vida. Sim, eu tenho fé para acreditar em Deus por me conceder um Mercedes novo ou qualquer outro bem, todavia, prefiro focar a minha fé e energias em ver 100.000 pessoas se renderem a Jesus em uma única noite.
As bênçãos materiais e as provisões são coisas muito boas, porém, o meu coração foi transformado pela Sua Glória. A minha alma simplesmente deseja estar em Sua presença e realizar os desejos de Seu coração. Quando somos tocados pela glória de Deus, as coisas da terra são instantaneamente ofuscadas e perdem o total valor. Quanto mais perto nos achegamos dEle, mais percebemos a nossa insignificância e quanto o mundo se torna nada. Paulo diz: “Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (2Co 3.18) Todavia, se não vivemos em Espírito, não somos capazes de ver as coisas misteriosas de Deus e muito menos experimentar a Sua glória. No entanto, se estivermos dispostos a pagar o preço de buscar a Sua face em jejum e oração, estaremos assim, aptos a experimentar uma profunda transformação de vida e literalmente viveremos “arraigados” Nele e fortificados na força de Seu poder. Esta é a única maneira de lutarmos “o bom combate da fé”.

Trecho do livro O Poder Secreto do Jejum e da Oração, de Mahesh Chavda, Dynamus Editorial

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Uma conspiração de bondade e silêncio

Em meio às montanhas do sul da França, a cidade de Le Chambon-sur-Lignon se tornou, durante a Segunda Guerra Mundial, um abrigo seguro para os judeus. Sem disparar um tiro sequer, os habitantes do povoado, liderados pelo pastor André Trocmé e sua esposa, Magda, salvaram a vida de cinco mil judeus, em sua maioria crianças.
Junho de 1940. A França capitula diante do exército alemão, assinando um armistício com a Alemanha de Hitler. O país é, então, dividido - o norte e a costa do Atlântico ficam sob ocupação nazista, enquanto sul e sudeste passam a ter um governo leal à Alemanha, o Regime de Vichy, do Marechal Pétain. Le Chambon-sur-Lignon ficou sob jurisdição de Vichy, fato que seria de importância vital para o desenrolar dos acontecimentos.
Na época da invasão alemã, viviam em território francês judeus vindos de todas as partes da Europa. Apavorados com a chegada das tropas de Hitler, milhares deles fugiram para o sul do país, onde, contudo, não estavam a salvo. Vichy promulgara legislações anti-semitas e, a qualquer momento, os judeus podiam ser presos e enviados para a Alemanha. Uma cláusula do armistício obrigava as autoridades francesas a entregar aos nazistas quem quer que lhes fosse solicitado - e os judeus eram os primeiros da lista.
Enquanto os colaboracionistas franceses entregaram aos nazistas, durante a ocupação, um total de 83 mil judeus, dentre os quais dez mil crianças, os habitantes de Le Chambon os enfrentaram. Quando confrontados com o dilema de aceitar refugiados em seu lar, ainda que colocando em risco a vida de sua família e do povoado inteiro, a população local optou por salvá-los. Jamais se recusaram a acolher um judeu, assim como abominavam a delação e a traição.
Mesmo vivendo na pobreza, os chambonnais, como são chamados na França, tentavam suprir de todas as formas as necessidades dos refugiados. Escondiam-nos em seus lares e os alimentavam. Forjavam cartões de identidade e de racionamento. E, quando possível, ainda os ajudavam a fugir para a Suíça e Espanha. Acolhiam e cuidavam de crianças órfãs ou de pais deportados, mantendo sete instituições especialmente para esse fim. Ademais, conseguiam vagas nas escolas para que todos os jovens pudessem continuar estudando.
No vilarejo, ninguém falava abertamente sobre tais atividades, pois sabiam que qualquer comentário poderia destruir a frágil teia de esperança que os envolvia. Essa verdadeira "conspiração de bondade e silêncio" conseguiu salvar 5 mil judeus, fato realmente extraordinário, considerando que, à época, o povoado não contava com mais de 3 mil pessoas.
Apesar do reconhecimento do povo judeu e da comunidade internacional pela importância e nobreza de suas ações, os chamboneses nunca aceitaram a qualificação de "heróis". Quando questionados sobre a razão para a ajuda a milhares de judeus, respondem: "Algo tinha que ser feito e quis o acaso que estivéssemos lá para fazê-lo. Foi a coisa mais natural do mundo ajudar essa gente".
Infelizmente, poucos na Europa pensavam da mesma forma. Segundo Elie Wiesel, Prêmio Nobel da Paz e sobrevivente do Holocausto, "uma das grandes tragédias da Shoá foi o fato de os judeus terem sido abandonados por quase todos os que poderiam tê-los salvo. Os chambonnais foram uma das pouquíssimas exceções. Armados unicamente com suas convicções, enfrentaram as tropas nazistas e salvaram a vida de milhares de judeus".Se houvesse mais pessoas como eles, talvez a história da Segunda Guerra Mundial tivesse tomado outro rumo...

Símbolo de coragem e solidariedade

O povoado de Le Chambon-sur-Lignon está localizado em um planalto rodeado por montanhas, a uns 120 quilômetros de Paris, não muito longe da fronteira com a Suíça. Desde o século XVI, seus habitantes se tornaram huguenotes, como são chamados os protestantes franceses. Minoria religiosa em meio a uma França católica, foram perseguidos até a Revolução Francesa. Fiéis a suas convicções, durante séculos resistiram a diferentes pressões. O sofrimento imposto por perseguições religiosas já era parte da memória coletiva daquela gente destemida.
Foi a esse vilarejo empobrecido que, em 1934, chegou o pastor André Trocmé, acompanhado de mulher e filhos. Trocmé, nascido em 1901, descendia de uma linhagem de huguenotes. Profundamente religioso, era pacifista convicto e militante. Sua esposa, Magda, compartilhava de sua coragem e seus ideais. Rapidamente o pastor Trocmé passou a ser líder espiritual e ético da comunidade. Em 1938, para melhorar a situação econômica local, fundou uma escola internacional de alto nível: a Escola Cévenol. E, para ajudá-lo nessa missão, convidou o amigo, também pastor, Édouard Theis, que comungava das mesmas idéias de "resistência sem violência". Com o crescimento do nazismo, a escola passou a atrair refugiados judeus de toda a Europa.
Foi do púlpito da igreja de Le Chambon que Trocmé e Theis começam a pregar a santidade da vida humana e a resistência ao ódio e à destruição. Afirmavam ser obrigação de cada nação, assim como de cada individuo, posicionar-se de forma atuante contra o "mal", pois a neutralidade era cúmplice desse mal. Assim que a Alemanha conquistou a França, a pregação deu lugar à ação.
Depoimentos dos que viveram àquela época, únicos testemunhos do ocorrido em Le Chambon, revelam que tudo começou em uma noite de inverno, em 1940, quando Magda Trocmé abriu a porta de sua casa e se deparou com uma mulher faminta, enregelada, que lhe disse: "Sou judia alemã e estou fugindo dos nazistas, que se apossaram do norte da França. Disseram-me que neste povoado eu encontraria ajuda. Posso entrar?". E o que se iniciara como um gesto individual, transformou-se rapidamente em uma corrente de inquebrantável solidariedade.
Durante o período de 1940 a 1944, Trocmé e Theis foram os principais idealizadores da "resistência sem violência" e das ações de resgate empreendidas pelo vilarejo. Muitos outros participaram de forma ativa, inclusive Magda Trocmé. Mulher corajosa, nunca mediu perigos ou sacrifícios, tendo servido também de guia para inúmeros grupos que atravessavam as montanhas até a Suíça.
Trocmé começou por contatar o representante, em Marselha, da organização Quaker (American Friends Service Committee). Durante a Shoá, as igrejas da denominação Quaker e Testemunhas de Jeová foram as únicas que incorporaram a ajuda aos judeus à sua política oficial. Na França de Vichy, os quakers haviam conseguido permissão para ajudar os internos nos campos de detenção e tinham grande preocupação com as crianças judias de pais deportados. Era difícil encontrar quem aceitasse hóspedes tão visados. Trocmé propôs abrigá-las em Chambon e os quakers, cientes da pobreza do vilarejo, comprometeram-se a enviar recursos.
Rapidamente a operação se expandiu e se tornou mais complexa, pois passou a incluir não apenas crianças, mas todos que lá chegavam em busca de refúgio. Trocmé conseguiu também o apoio de outros 13 pastores, de habitantes da região e de outras organizações protestantes, assim como de membros do clero católico, da Cruz Vermelha e dos governos da Suécia e Suíça.
O pastor era o cérebro e a alma de toda a operação. É verdade que nunca teria conseguido realizar o que alcançou sem a ajuda da esposa, de Theiss e de muitos outros. Mas era ele quem planejava, incentivava e fazia tudo acontecer. Era o único que conhecia todas as facetas da operação. Os demais grupos envolvidos e seus líderes atuavam de forma independente. Esta era uma precaução necessária para salvaguardar a operação, pois, caso alguém fosse pego e submetido à tortura, era impossível prever o que viria à tona.
As opiniões dos chamboneses não eram segredo para as autoridades de Vichy, já que nunca as negaram. Pelo contrário, denunciavam e repudiavam abertamente a perseguição aos judeus. O pastor Trocmé e seus congregantes começaram a sofrer pressões para cessar toda a atividade pró-judeus. Mas, fiéis à sua consciência, não se dobraram perante as ameaças. Mesmo quando o próprio líder das igrejas protestantes francesas pediu a Trocmé que desistisse de ajudar os refugiados, pois podia prejudicar os franceses protestantes, Trocmé se recusou, determinado.
Após a guerra, um dos habitantes da região revelou que sempre que alguma patrulha nazista despontava, "caçando" os refugiados, estes eram escondidos nos bosques. "Logo que os soldados alemães partiam, íamos à floresta e cantávamos uma determinada canção. Quando a ouviam, sabiam que podiam regressar, em segurança".
Corajoso, o pastor nunca se calou. Do púlpito de sua igreja, não cansava de exortar seus congregados a se manterem firmes e a "fazer a vontade de D'us, não a dos homens". Em famoso sermão após os acontecimentos de Paris de julho de 1942, quando nazistas ajudados pela polícia francesa deportaram 13 mil judeus - dos quais 4 mil eram crianças - Trocmé declarou: "A Igreja cristã deveria ajoelhar-se e pedir perdão a D'us pela incapacidade e covardia que ora demonstra".
Em agosto daquele mesmo ano, quando as autoridades de Vichy foram ao povoado exigir de Trocmé uma lista com o nome de todos os judeus daquela região, ele se recusou, categoricamente. Respondeu, como de costume: "Não sabemos o que é um judeu; apenas conhecemos os seres humanos, todos iguais entre si e diante de D'us". Algumas semanas mais tarde, a polícia de Vichy foi para o vilarejo com três ônibus e uma missão sombria: prender e levar todos os judeus da região aos campos de detenção. Durante três semanas, os policiais andaram, em vão, por todo o vilarejo e seus arredores, em busca dos refugiados. Conseguiram encontrar, casualmente, apenas um judeu, pois ninguém revelou o paradeiro de um refugiado sequer, mostrando terem sido inúteis as ameaças policiais de prisão.
Em fevereiro de 1943, autoridades de Vichy voltaram a Chambon, desta vez para prender os próprios pastores, André Trocmé e Édouard Theiss, e o diretor da escola pública, Roger Darcissac. Este último era também o fotógrafo "oficial" de todos os documentos forjados. Os três líderes foram enviados a um campo de detenção onde ficaram presos por cinco semanas, até serem libertados. Durante esse tempo, ofereceram a Trocmé a opção de ser libertado mediante a assinatura de um documento comprometendo-se a seguir as determinações do governo de Vichy, especialmente no tocante aos judeus. Apesar da gravidade de sua situação, Trocmé manteve-se irredutível.
Daniel Trocmé, primo do pastor e um dos líderes da operação, não teve a mesma sorte. Responsável por um dos sete abrigos para crianças judias, foi capturado pelos nazistas em 1943. Enviado ao campo de Maidanek, na Polônia, juntamente com "suas" crianças, Daniel morreu nas câmaras de gás, em 1944. Tiravam-lhe a vida - mas levava consigo tudo o que seus carrascos queriam saber.

Merecido reconhecimento

O profundo reconhecimento do mundo judaico à família Trocmé e aos chamboneses, de modo geral, está registrado no Yad Vashem - Museu do Holocausto, em Jerusalém. Na ala dos "Justos entre as Nações" foram plantadas três árvores - duas em nome do casal André e Magda Trocmé e uma em homenagem a seu primo, Daniel. O pastor Édouard Theiss e sua esposa Mildred, assim como Roger Darcissac, também receberam o título de "Justos", assim como outros 38 habitantes que participaram do salvamento dos judeus. E, em 1990, Le Chambon-sur-Lignon se tornou a primeira comunidade a ser incluída pelo Yad Vashem nessa alameda, com a inauguração de um jardim e uma placa em nome de sua população.
O cineasta Pierre Sauvage, vencedor do Prêmio Emmy por seus documentários, é uma das centenas de crianças que sobreviveram ao Holocausto graças à população de Le Chambon-sur-Lignon. Nasceu na cidade, em 1944, quando grande parte de sua família já havia morrido nos campos de extermínio nazistas. Somente ao completar 18 anos soube que era judeu. A partir de então, abraçou ferreamente a missão de fazer com que o mundo jamais esqueça a Shoá. Tornou-se um dos maiores especialistas em identificar aqueles que ajudaram a salvar os membros de seu povo, tendo criado a Fundação Le Chambon.
Sauvage narra a história de Le Chambon num documentário intitulado Weapons of the Spirit - Armas do espírito. Em entrevista sobre o mesmo, declarou: "Histórias como a de Le Chambon servem de inspiração para os mais jovens, quando se vêem diante dos demônios do mundo. Se cada um de nós não puder sentir, bem no íntimo, o quanto de bondade existe em nossos semelhantes, teremos sempre o receio de olhar de frente para o grau de crueldade a que o ser humano pode chegar".

Bibliografia:
Hallie, Philip, Lest Innocent blood be Shed, Ed HarperPerennial
Berenbaum, Michael, The World Must Know, Ed. Litlle, Brown and Co.
http://www.yadvashem.org/

Publicado na revista Morashá - Edição 52 - abril de 2006
http://www.morasha.com.br

Publicado também na revista Notícias de Israel de maio de 2006:
www.chamada.com.br

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Fontes:
SEPAL - www.sepal.org.br
Povos Muçulmanos Internacional - www.pminternacional.org


www.veredasmissionarias.blogspot.com