domingo, 6 de junho de 2010

Lausanne III - Entrevista com Silas Tostes

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Via www.bomlider.com.br



"Lausanne III procurará ser criativo no entender e comunicar da Missão Integral para os dias de hoje. Mas, nem por isso, inovará além da Escrituras. De novo, seremos lembrados da santidade, da consagração, da oração e da atuação missionária da Igreja."

Silas Tostes é o presidente da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB). Ele fala ao Bom Líder sobre o III Congresso Lausanne que acontecerá em Outubro, na Cidade do Cabo, África do Sul. Reunirá mais de 4000 participantes de aproximadamente 200 nações e territórios.
Em 1974, na cidade Lausanne, Suíça, 2300 pessoas de 150 nações se reuniram para um Congresso Internacional de Evangelização Mundial. Desse congresso surgiu um Pacto entre os evangélicos para efetuar a Grande comissão. Billy Graham e John Stott apóiam este Pacto.
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Em 1989, 3.600 líderes de 190 nações participaram de Lausanne II em Manila, Filipinas. O resultante Manifesto de Manila reafirmou e expandiu o Pacto de Lausanne e o chamado para "Proclamar a Cristo até que Ele venha".

Leia o Pacto de Lausanne clicando aqui.

ENTREVISTA

Bom Líder - Qual a importância do Terceiro Congresso Lausanne para a Igreja Global?

Silas Tostes - Ocorrerá 21 anos após o último. O II Lausanne foi em 1989 nas Filinas. De lá para cá, houve muitas mudanças no cenário internacional. A China é cada vez mais potência. Os movimentos religiosos radicais, de várias expressões religiosas, proliferam por toda parte. O Ocidente é cada vez mais pós-moderno e pós-religião. A Igreja Brasileira cresce muito numericamente, mas as evidências do bom discipulado não é visto. Preocupa-se cada vez mais com os problemas ecológicos e por aí vai. Lausanne III se proporá a nos ajudar ouvir Deus para o contexto atual, como relacionar nossa atuação integral diante dos desafios de hoje, e; como fazer tudo isso de forma criativa para os nossos dias, com obediência que agrada a Deus. Nesse caso, Lausanne III preocupa-se em ser relevante para a Igreja de Jesus em todo o mundo, pois, receberá 5 mil pessoas de vários países.

Bom Líder - Quais as conseqüências que a Igreja no Brasil pode esperar em função do Congresso?

Silas Tostes - Quem sabe o grupo de convidados, formadores de opinião que são, consigam trazer do Lausanne III o mesmo espírito de serviço, amor e transformação que esperamos encontrar e vivenciar no congresso. E assim, quem sabe, poderiam a partir de suas vidas e atuação conjunta, influenciar aqueles que não puderam estar presentes, ou, que não entendem a Missio Dei nas mais diversas formas de atuação de Deus no mundo por meio de Sua Igreja. Lausanne III procurará ser criativo no entender e comunicar da Missão Integral para os dias de hoje. Mas, nem por isso, inovará além da Escrituras. De novo, seremos lembrados da santidade, da consagração, da oração e da atuação missionária da Igreja. Bem, o que isso tem a ver com a Igreja Brasileira? Tudo, não é? Se a mesma foi comprada pelo sangue de Cristo.

Bom Líder - A Igreja que chegou ao século XXI consegue responder aos desafios deste século?

Silas Tostes - Alguns desafios são respondidos somente pela Igreja, por exemplo, interceder pelo mundo. Há desafios que a Igreja precisa responder envolvendo-se na sociedade com a sociedade, quer sejam nas áreas: saúde, educacional... ou seja, é ser sal e luz no mundo. E, em vários casos, até com o mundo, pois ainda que o mesmo esteja nas nas trevas, poderá ser iluminado pela luz de Jesus na Igreja, conforme essa se relaciona com os vários segmentos da sociedade. Em parte, a Igreja consegue responder aos desafios, apesar de algumas áreas fracas. Poucos evangélicos são autoridades quanto aos problemas ecológicos de hoje, porém, há aqui e ali, mesmo que em números menores, especialistas evangélicos em outras áreas. Esses poderão nos ajudar a sermos mais relevantes no nosso contexto.

Bom Líder - Como está a participação missionária do Brasil na Evangelização Mundial?

Silas Tostes - É difícil responder 100%. Veja que muitos brasileiros estão no mundo enviados por suas igrejas. Vários deles são bons. Outros poderiam ter sido melhor preparados. Como há muita independência na atuação missionária, e como não temos como pesquisar todas as igrejas locais do Brasil, de fato, não sabemos o número total de missionários brasileiros no mundo. Há também brasileiros imigrantes, que depois tornaram-se missionários e não aparecem nas estatísticas. Tem missionários neo-pentecostais, como os pastores da IURD no exterior, que também não aparecem nas estatísticas. Mas os missionários das agências filiadas na AMTB juntos, representam 4 mil missionários em áreas transculturais.

Bom Líder - O missionário desta era está mais qualificado para a evangelização?

Silas Tostes - Se pensar nos avanços da linguística, da antropologia missionária, do uso da informática em traduções da Bíblia e muitas outras áreas, nas técnicas de comunicação, na abundância de pesquisas, nos muitos cursos de línguas, nos muitos livros, nos muitos seminários, nos cursos universitários... perceberemos que há melhor preparo hoje a disposição. Não quer dizer que o mesmo é utilizado. Há pessoas que vão aos campos sem se prepararem. Contudo, nada disso substituirá nossa vida com Deus, o ouvir a Sua voz, sermos espiritualmente capacitados e guiados por Ele.

Bom Líder - Qual o maior desafio da Igreja Brasileira neste século?

Silas Tostes - Se pensarmos naqueles que nunca ouviram o Evangelho e as restrições existentes, estamos pensando em mais de 2 mil povos. Se pensarmos nas restrições do mundo islâmico. Se pensarmos na proliferação da promiscuidade e imoralidade, também via internet. Se pensarmos na falta de atuação social e política da Igreja, ou na atuação corrupta dos chamados evangélicos. Se pensarmos nos novos valores morais de nossa sociedade quanto a namoro, sexo, casamento, aborto. Se pensarmos no crescimento numérico da Igreja por meio de programas na televisão, mas de baixa qualidade bíblica. Se pensarmos numa atuação constantemente independente entre os grupos evangélicos. Se pensarmos no baixo nível teológico dos pastores. Se pensarmos na falta de atuação da Igreja entre os excluídos. Se pensarmos na nossa necessidade de estarmos bem preparados para atuar com nossas profissões e negócios no serviço a Deus e à sociedade. Se pensarmos no uso das artes para louvor a Deus, para comunicação do Evangelho, ou para resgate de cidadania. Se pensarmos... qual seria o maior desafio? Certamente que será apenas este: sermos um, como crentes, para que o mundo creia em Jesus.

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