sábado, 23 de outubro de 2010

Indo até os confins da Terra

.

No ano passado, visitei Jilava, na Romênia, onde Richard Wurmbrand, fundador da VDM, esteve preso. As condições na prisão eram terríveis, e o Pastor Wurmbrand foi vitima de sofrimentos inenarráveis. Para muitos, a prisão parecia mais o fim do mundo.



Certo dia, os guardas levaram um dos companheiros de cela do Pastor Wurmbrand, que também era cristão, para uma cela de castigo onde muitos já haviam morrido por causa do frio do inverno. Richard também já tinha estado naquela cela. Enquanto seu companheiro de cela era levado, Richard disse a ele: "Quando você voltar, diga-nos o que aprendeu".

Pode ser que nos surpreendamos com isso; seria mais natural dizer algo como: "Vamos orar para que você sobreviva". Mas Richard compreendeu que Deus nunca nos abandona e que todos os cristãos sobrevivem. Nós não temos fim. Fomos criados para exaltar a Cristo e para viver com ele para sempre.

Talvez, quando nos encontrarmos no céu, Jesus não nos pergunte: "Quanto você abdicou, ou sofreu, ou enfrentou por mim?". Talvez ele vá além disso e diga: "Sua vida não acabou. Você estava em minha escola. O que você aprendeu?".

Muitos meses depois de minha visita à Romênia, viajei para a Coreia do Sul e me encontrei com o Sr. Choi, codiretor de nosso escritório no país. Choi me contou sobre uma revelação que ele teve quando foi preso na China por evangelizar norte-coreanos. Num momento de desespero, ele se lembrou de uma oração que fizera quando jovem, ainda no ensino médio: "Oh, Deus, estou disposto a ir até os confins da terra por Ti. Envia-me até o fim do mundo".

Certa manhã, o Sr. Choi despertou e se deu conta de que seu "fim do mundo" não era uma selva remota, nem uma cabana de couro com uma fogueirinha dentro, nos ermos da Mongólia Superior. Ali, sentado no chão da penitenciária, ele percebeu que Deus havia respondido à sua oração. Uma cela de aço e concreto era o seu "confim da terra". Jubiloso com essa nova compreensão, Choi começou a falar de Jesus com os guardas e com os prisioneiros, levando alguns à fé salvadora em Cristo Jesus.

Naquela mesma viagem à Coreia do Sul, encontrei-me com Dra. Rebekka, uma médica da Indonésia, que foi presa por manter uma Escola Dominical para crianças de seu bairro. Muitos leitores escreveram cartas de encorajamento para a Dra. Rebekka. Depois de sua libertação, ela deu prosseguimento ao seu ministério. Enquanto "conversávamos, ela disse - referindo-se ao livro dos Atos - o que Cristiànismo "normal" significa para muitos cristãos indonésios. Com um sorriso irônico no rosto, ela apontou para nós e disse: "Vocês podem pensar que nós somos anormais. Não, nós somos normais. Vocês é que não são".

Já de volta, eu e minha esposa Ofélia fomos a uma igreja pequena em Vinita, Oklahoma, pastoreada por Eddie Wrinkle. O Pastor Eddie começou seu ministério organizando um curso bíblico por correspondência, e já conduz fielmente seu rebanho há 22 anos. Todos os anos, ele vai às Filipinas para ajudar num programa de rádio cristão em uma ilha povoada por extremistas islâmicos. Mas ele sempre volta para ministrar em Vinita. Ele sabe que aquela cidadezinha do Oklahoma onde ele trabalha é o "confim do mundo" que Deus determinou para ele e sua família.

O Pastor Eddie compreende o segredo que o Sr. Choi, Dra. Rebekka e muitos de vocês entendem. Quando conhecemos o Senhor Jesus Cristo, podemos ser conduzidos a lugares de oportunidade e de sacrifício neste mundo que parecem ser o "fim do mundo". Todavia, quando partilhamos o amor de Jesus ali, criamos um começo. A comunhão com Jesus é o começo da vida. Ele é o principio e o fim. Ele nos conhecia antes de nascermos, e através de seu sangue ele nos concede vida eterna.

Não importa qual o nosso nível de escolaridade, quão conhecidos somos ou não, à luz da eternidade temos apenas um breve tempo sobre este mundo para oferecer nossas vidas ao serviço de Cristo. Esta é a oportunidade de assumirmos riscos, andando num mundo perdido e cheio de incertezas, e dizer: "Isto é normal. Tudo bem, Senhor, o que eu posso aprender e o que Tu queres que eu faça sobre isso?"

Dr. Tom White

Revista "A Voz dos Mártires" - março/abril 2010.

Nenhum comentário: