sexta-feira, 11 de abril de 2008

Entrevista com Philip Yancey

Entrevista concedida à Revista MUNDO CRISTÃO

Jornalista e teólogo, Philip Yancey tem alcançado milhões de pessoas ao redor do mundo através de seus livros. A maioria delas desapontada com Deus ou com a Igreja, e que acabam encontrando em suas palavras inspiração para uma profunda reconciliação espiritual. Entretanto, Yancey é inquieto, um questionador dos paradigmas da religião e da fé, alguém que viveu na pele as desventuras de uma crise existencial. A seguir, em entrevista exclusiva concedida por e-mail, de seu escritório nos EUA, Yancey fala sobre a arte de escrever a respeito de assuntos que intrigam cristãos em toda parte, o fundamentalismo religioso nos EUA, seus novos projetos e a vinda para o Brasil programada para este ano, durante evento de comemoração dos 40 anos da Editora Mundo Cristão, em julho.

Seu Mundo
: Seus livros costumam ser críticos a respeito da Igreja institucional. Apesar disso, eles viraram best-sellers. Há tantas pessoas desapontadas com Deus e a Igreja?


Philip Yancey: Sim, há muitas pessoas desapontadas com a Igreja. Ouço pessoas desse tipo todo dia. Algumas estão desapontadas com Deus - o que é um problema diferente e mais difícil de lidar. Parece-me que a Igreja está mais propensa a afastar as pessoas de Deus do que a aproximá-las dele. Então, simplesmente tento ser honesto ao descrever a tempestuosa jornada da fé. Aparentemente, as pessoas respondem a isso sinceramente. Muitas vezes elas acham que sua experiência pessoal está fora da medida do que ouvem nas igrejas e lêem em alguns livros cristãos. Meu compromisso é falar de algo como aquilo realmente é, ao invés do que deveria ser.

SM: Você cresceu em uma igreja fundamentalista. Recentemente, os EUA foram criticados por muitos observadores como uma nação cristã fundamentalista depois das eleições de George W. Bush. Como você vê essas críticas?

Yancey: Vocês no Brasil devem entender que há diferença entre uma "nação cristã" e uma nação com verdadeiros cristãos. Uma grande diferença. A maioria das pessoas nos EUA são cristãos nominais, o que não significa seguir a Cristo e os princípios que ele estabeleceu. Francamente, penso que quando cristãos se tornam a maioria em uma nação, próximos ao poder, não fazemos as coisas direito. Esquecemos nossa missão. Pensamos na perspectiva do poder, não do amor. Pela natureza, política é uma arena de combate; entretanto, Jesus nos disse para amar nossos inimigos. Gostaria que as pessoas entendessem que há muitos cristãos norte-americanos que estão muito desapontados com a arrogância e auto-suficiência da política externa dos EUA, e que acreditam que a guerra do Iraque foi um erro terrível.

SM: Você escreveu 20 livros que já venderam cerca de 13 milhões de exemplares em todo o mundo. Qual é o seu livro favorito?

Yancey: Meu livro favorito é Alma Sobrevivente. É por que tive o grande privilégio de passar um ano pensando nas pessoas que mais influenciaram minha vida. Gostaria que todos pudessem fazer a mesma coisa. Surgiram 13 pessoas, e para meu espanto apenas cinco americanos - lamento que nenhum brasileiro tenha feito parte da lista. Foram estas pessoas que formaram minha fé. Além disso, fui muito motivado pelas reações ao meu livro Maravilhosa Graça, porque muitas dessas reações contam histórias reais de reconciliação entre pessoas. Sempre me impressiono quando um livro tem esse tipo de impacto.

SM: Em que projeto você está trabalhando atualmente?

Yancey: Acabei de começar um livro sobre oração. Muitos cristãos que conheço - inclusive eu - têm dificuldades com a oração. Se isso é tão importante, por que é tão difícil? Se Deus sabe tudo, por que precisamos orar? O que dizer a respeito de orações não respondidas? Escrevo livros sobre assuntos para os quais não tenho resposta. Se tivesse as respostas, desanimaria em poucas semanas. Escrever é o meu jeito de lutar com essas dúvidas.

SM: Durante sua vida como cristão você coletou - como diz - muitas histórias de horror sobre a Igreja institucional. Quais são suas expectativas sobre o futuro - especialmente nos EUA - das igrejas cristãs?

Yancey: O Espírito Santo é cheio de surpresas. Quem poderia prever o Jesus Movement (Movimento Jesus) na década de 1970, quando hippies se converteram ao cristianismo? Quem poderia prever o crescimento de igrejas pentecostais ao redor do planeta? Ou o maior avivamento da história em termos numéricos, na China, um país oficialmente ateísta? Tenho muita esperança em relação às igrejas, porque através da história o Espírito Santo sempre nos reserva surpresas. Sou constantemente convidado para visitar outros países para ajudar a inspirar os cristãos, e inevitavelmente sou eu quem volta inspirado. Saio mais motivado de uma visita a uma igreja no Brasil ou nas Filipinas do que de uma típica igreja americana.

SM: Você acha que seus livros poderiam ser lidos por não-cristãos? Isso acontece ou seus escritos atingem apenas os evangélicos?

Yancey: Depende do livro. "Alma Sobrevivente" é lido por muitos não-cristãos, porque deliberadamente escolhi pessoas (C. Everett Koop, Tolstoy, Dostoevsky, Gandhi, Martin Luther King, Jr.) que são reconhecidas secularmente. Meu último livro, "Rumors of Another World" (Rumores de um novo mundo, ainda inédito no Brasil) é voltado para pessoas que estão no limite da fé. Mas um livro como O Jesus que Eu Nunca Conheci provavelmente vai intimidar não-cristãos. Tudo depende de quanto o leitor está aberto. Quando as pessoas estão mais abertas, geralmente gostam dos meus livros porque não forço a barra ou tento dizer às pessoas o que fazer. Apenas explico o mundo como o vejo.

SM: Você já esteve no Brasil?

Yancey: Duas vezes. Em 1976 visitei igrejas em Cuiabá, Santarém, Belém, Rio de Janeiro e Foz do Iaguaçu. Há alguns anos, estive em São Paulo numa conferência da Sepal [Serviço de Evangelização Para a América Latina]. Retornarei ao Brasil em julho de 2005 para falar em alguns lugares.

Um comentário:

vitorferolla disse...

Ai Sammis mt obrigado pelo convite à Confeitaria Cristã...

Já fiz meu 1º post =)


Abraços
Fique na Graça