Ariadna de Oliveira
O dia trazia consigo um ar de desafio! Aqueles momentos da nossa visita à China já estavam tornando-se um instrumento transformador de Deus em nossa vida – embora ainda não soubéssemos avaliar com precisão tudo o que estava sendo gerado em nosso interior e mudado em nossa concepção cristã!
Enquanto caminhávamos para o local – onde, conforme nos fora informado, conheceríamos um homem que chamaremos de Josué –, vagavam lentamente, em meu coração, algumas questões acerca do rumo que a igreja brasileira está tomando, e não pude deter as lágrimas por tanta liberdade cristã desperdiçada nesse nosso país privilegiado.
O hotel, local da reunião, era grande e marcado por detalhes que não nos permitiam esquecer que estávamos num país oriental. Recordo-me da sala em que nos acomodamos: grande e clara, com uma mesa enorme rodeada de cadeiras confortáveis. Uma mistura de expectativa e ansiedade tomava conta do ambiente.
Alguns minutos depois, vimos entrar o tão esperado homem: estatura mediana, físico forte, olhar e sorriso que expressavam tanto da vida de Deus quanto suas palavras revelariam mais adiante. Este homem, um cristão chinês convertido há alguns anos, lutava para implantar, no coração da igreja chinesa, a responsabilidade por missões. Enquanto eu ouvia a introdução do nosso contato, dizendo, em inglês, que estávamos diante de um homem do qual o mundo não era digno, fixei minha atenção nele, e meus pensamentos tomaram asas.
Ouvimos sobre o projeto que Josué estava desenvolvendo, sério e extremamente arriscado, treinando cristãos chineses para serem enviados a outro país do Oriente, totalmente fechado para o evangelho. Segundo o interlocutor, ele já havia sido preso e torturado algumas vezes por amor a Cristo e ameaçado de morte caso avançasse na expansão da Palavra de Deus.
De fato, estava, diante de meus olhos, um herói em meu sincero conceito de heroísmo genuíno!
Quando Josué tomou a palavra para nos cumprimentar, percebi que seu coração era experimentado: havia nele um misto de doçura e maturidade, de amor e responsabilidade consciente. Falou-nos com tanta propriedade sobre o desafio de alcançar outros povos e dar a vida pela causa de Cristo que fomos constrangidos pelo amor.
Veio à minha mente: “Como um homem que vive sob tanta pressão e perigo pode estar preocupado com outros povos e nações?”.
Ele continuou relatando sobre o treinamento árduo dos irmãos chineses e como desenvolvem o senso de responsabilidade para com os que se perdem e a possibilidade concreta de morrerem no desenrolar do trabalho. Contou-nos a respeito das baixas que sofreram ao longo desses anos, de igrejas destruídas por bombas, pastores mortos enquanto pregavam a Palavra e alguns de seus amigos torturados cruelmente até a morte.Meu coração sangrou de vergonha e dor.
Falou-nos por mais de uma hora sempre com a face brilhante de alguém envolvido com o mais nobre trabalho da Terra. Em nenhum desses momentos, citou prisões ou torturas, falou das perseguições ou ameaças sofridas; manteve sempre a palavra doce e firme, encorajando-nos ao cumprimento do IDE.
Num determinado ponto da conversa, uma mulher da nossa equipe, em meio a lágrimas, levantou a mão indicando uma pergunta. Josué olhou para ela com um sorriso, e ela avançou:
– Irmão Josué, sabemos que você esteve preso algumas vezes. Tenho uma pergunta: como você conseguiu amar seus torturadores e lhes perdoar?
Enquanto escrevo estas linhas, tenho na lembrança o olhar de amor que ele dirigiu a algum ponto da sala enquanto ouvia tal pergunta. Para mim, a resposta já havia sido dada naquele olhar...
Ele suspirou fundo:
Minha irmã, lembro-me de uma vez em que fui pego falando de Cristo: os soldados me conduziram a uma sala, colocaram-me de joelhos e começaram a dizer que eu deveria negar a minha fé. Todas as vezes em que abria os meus lábios para confirmar que cria em Cristo como meu Senhor, um daqueles soldados me chutava a boca. Não me era permitido cuspir o sangue, e, em pouco tempo, meus lábios estavam totalmente inchados.
Enquanto aquele homem me batia, orei intimamente perguntando ao Senhor a razão de ele permitir aquela dor e sofrimento. Ouvi o seu Espírito falando mansamente: “Jesus sabe exatamente o que você está sofrendo, pois também foi preso e torturado – e a cada um dos seus malfeitores perdoou! Receba dele a graça de perdoar e amar”.
Levantei os olhos em direção ao soldado que me batia, e meu coração foi totalmente inundado de amor por ele, um amor capaz de perdoar por completo. Naquele momento, eu aprendi que nada é maior do que a capacidade que Cristo nos dá de amar e perdoar os nossos inimigos.
Depois disso, ele prosseguiu, encorajando-nos na disposição de pregar o evangelho a qualquer preço, levando esperança a homens mortos espiritualmente e traduzindo em vidas o fato que mudou para sempre a nossa história: A CRUZ DE CRISTO!
Saí dali com meu conceito de devoção cristã retocado com a nobreza e a disposição de Josué; chorei por mim mesma e por minha fé débil e influenciável; clamei pela igreja brasileira e sua fraca convicção de entrega e sacrifício e, por fim, deixei meu coração sentir o drama dos 85 mil homens e mulheres que morrem diariamente sem conhecer Cristo, das inúmeras crianças submetidas à prostituição, do massacre cruel nos campos de refugiados em países do Oriente, dos 33 milhões de deuses adorados na Índia, da crueldade contra os cristãos em países como Coréia do Norte, Vietnã e Sudão e de todos os pastores e líderes da igreja sofredora que pagam com a própria vida a propagação do Evangelho...
Pensei em tudo isso e um GRITO foi tatuado em minha vida por todos os dias, GRITO este que expresso hoje a você:
ATÉ ONDE VAI SEU AMOR POR CRISTO E A SUA CAUSA?
*Ariadna Faleiro de Oliveira atua na mobilização de intercessores e mantenedores para a obra de missões e, junto com o seu esposo Paulo, pastoreia a Igreja Batista da Paz em Goiânia, desenvolvendo um projeto de recuperação com mulheres dependentes químicas ou envolvidas com prostituição. Tem acompanhado equipes em viagens de curto prazo a países onde a perseguição ao cristianismo é severa, objetivando um despertamento maior acerca desse assunto. Você pode conhecer um pouco mais sobre esse ministério através do link "O MUNDO EM FOCO" no site www.familiadapaz.com.br ou enviando um e-mail para omundoemfoco2008@hotmail.com.
via SEPAL - http://www.lideranca.org/Enquanto caminhávamos para o local – onde, conforme nos fora informado, conheceríamos um homem que chamaremos de Josué –, vagavam lentamente, em meu coração, algumas questões acerca do rumo que a igreja brasileira está tomando, e não pude deter as lágrimas por tanta liberdade cristã desperdiçada nesse nosso país privilegiado.
O hotel, local da reunião, era grande e marcado por detalhes que não nos permitiam esquecer que estávamos num país oriental. Recordo-me da sala em que nos acomodamos: grande e clara, com uma mesa enorme rodeada de cadeiras confortáveis. Uma mistura de expectativa e ansiedade tomava conta do ambiente.
Alguns minutos depois, vimos entrar o tão esperado homem: estatura mediana, físico forte, olhar e sorriso que expressavam tanto da vida de Deus quanto suas palavras revelariam mais adiante. Este homem, um cristão chinês convertido há alguns anos, lutava para implantar, no coração da igreja chinesa, a responsabilidade por missões. Enquanto eu ouvia a introdução do nosso contato, dizendo, em inglês, que estávamos diante de um homem do qual o mundo não era digno, fixei minha atenção nele, e meus pensamentos tomaram asas.
Ouvimos sobre o projeto que Josué estava desenvolvendo, sério e extremamente arriscado, treinando cristãos chineses para serem enviados a outro país do Oriente, totalmente fechado para o evangelho. Segundo o interlocutor, ele já havia sido preso e torturado algumas vezes por amor a Cristo e ameaçado de morte caso avançasse na expansão da Palavra de Deus.
De fato, estava, diante de meus olhos, um herói em meu sincero conceito de heroísmo genuíno!
Quando Josué tomou a palavra para nos cumprimentar, percebi que seu coração era experimentado: havia nele um misto de doçura e maturidade, de amor e responsabilidade consciente. Falou-nos com tanta propriedade sobre o desafio de alcançar outros povos e dar a vida pela causa de Cristo que fomos constrangidos pelo amor.
Veio à minha mente: “Como um homem que vive sob tanta pressão e perigo pode estar preocupado com outros povos e nações?”.
Ele continuou relatando sobre o treinamento árduo dos irmãos chineses e como desenvolvem o senso de responsabilidade para com os que se perdem e a possibilidade concreta de morrerem no desenrolar do trabalho. Contou-nos a respeito das baixas que sofreram ao longo desses anos, de igrejas destruídas por bombas, pastores mortos enquanto pregavam a Palavra e alguns de seus amigos torturados cruelmente até a morte.Meu coração sangrou de vergonha e dor.
Falou-nos por mais de uma hora sempre com a face brilhante de alguém envolvido com o mais nobre trabalho da Terra. Em nenhum desses momentos, citou prisões ou torturas, falou das perseguições ou ameaças sofridas; manteve sempre a palavra doce e firme, encorajando-nos ao cumprimento do IDE.
Num determinado ponto da conversa, uma mulher da nossa equipe, em meio a lágrimas, levantou a mão indicando uma pergunta. Josué olhou para ela com um sorriso, e ela avançou:
– Irmão Josué, sabemos que você esteve preso algumas vezes. Tenho uma pergunta: como você conseguiu amar seus torturadores e lhes perdoar?
Enquanto escrevo estas linhas, tenho na lembrança o olhar de amor que ele dirigiu a algum ponto da sala enquanto ouvia tal pergunta. Para mim, a resposta já havia sido dada naquele olhar...
Ele suspirou fundo:
Minha irmã, lembro-me de uma vez em que fui pego falando de Cristo: os soldados me conduziram a uma sala, colocaram-me de joelhos e começaram a dizer que eu deveria negar a minha fé. Todas as vezes em que abria os meus lábios para confirmar que cria em Cristo como meu Senhor, um daqueles soldados me chutava a boca. Não me era permitido cuspir o sangue, e, em pouco tempo, meus lábios estavam totalmente inchados.
Enquanto aquele homem me batia, orei intimamente perguntando ao Senhor a razão de ele permitir aquela dor e sofrimento. Ouvi o seu Espírito falando mansamente: “Jesus sabe exatamente o que você está sofrendo, pois também foi preso e torturado – e a cada um dos seus malfeitores perdoou! Receba dele a graça de perdoar e amar”.
Levantei os olhos em direção ao soldado que me batia, e meu coração foi totalmente inundado de amor por ele, um amor capaz de perdoar por completo. Naquele momento, eu aprendi que nada é maior do que a capacidade que Cristo nos dá de amar e perdoar os nossos inimigos.
Depois disso, ele prosseguiu, encorajando-nos na disposição de pregar o evangelho a qualquer preço, levando esperança a homens mortos espiritualmente e traduzindo em vidas o fato que mudou para sempre a nossa história: A CRUZ DE CRISTO!
Saí dali com meu conceito de devoção cristã retocado com a nobreza e a disposição de Josué; chorei por mim mesma e por minha fé débil e influenciável; clamei pela igreja brasileira e sua fraca convicção de entrega e sacrifício e, por fim, deixei meu coração sentir o drama dos 85 mil homens e mulheres que morrem diariamente sem conhecer Cristo, das inúmeras crianças submetidas à prostituição, do massacre cruel nos campos de refugiados em países do Oriente, dos 33 milhões de deuses adorados na Índia, da crueldade contra os cristãos em países como Coréia do Norte, Vietnã e Sudão e de todos os pastores e líderes da igreja sofredora que pagam com a própria vida a propagação do Evangelho...
Pensei em tudo isso e um GRITO foi tatuado em minha vida por todos os dias, GRITO este que expresso hoje a você:
ATÉ ONDE VAI SEU AMOR POR CRISTO E A SUA CAUSA?
*Ariadna Faleiro de Oliveira atua na mobilização de intercessores e mantenedores para a obra de missões e, junto com o seu esposo Paulo, pastoreia a Igreja Batista da Paz em Goiânia, desenvolvendo um projeto de recuperação com mulheres dependentes químicas ou envolvidas com prostituição. Tem acompanhado equipes em viagens de curto prazo a países onde a perseguição ao cristianismo é severa, objetivando um despertamento maior acerca desse assunto. Você pode conhecer um pouco mais sobre esse ministério através do link "O MUNDO EM FOCO" no site www.familiadapaz.com.br ou enviando um e-mail para omundoemfoco2008@hotmail.com.
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