sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Uma visão capaz de influenciar o mundo


Por Jairo de Oliveira

Embora desejasse muito, ele não chegou a se tornar um missionário transcultural. Todas as suas tentativas de se estabelecer no campo missionário foram fracassadas em razão de complicações com a saúde; sem contar o fato de ter sido rejeitado como candidato por uma organização missionária. Nem por isso, desistiu de sua visão de alcançar o mundo com o evangelho. Pelo contrário, já que não tinha condições de ir pessoalmente, resolveu enviar outros em seu lugar. Um de seus lemas era: “Nenhuma visão que não seja o mundo é a visão de Deus”. Seu nome era Oswald Smith, pastor da Igreja do Povo, em Toronto, no Canadá, homem que sustentou centenas de missionários e chegou a enviar mais missionários para o mundo do que qualquer outra igreja de sua época. Suas iniciativas para influenciar o mundo foram tão grandes que milhares de pessoas o chamavam de “Sr. Missões”.

É fantástico quando a visão de Deus alcança o coração de um homem! A visão de Deus é aquela que sonda a necessidade de cada ser humano e produz uma ação prática para responder à humanidade e revelar Sua glória em todos os continentes, países, cidades, povos, aldeias e malocas. João bem descreve que essa perspectiva global da humanidade moveu o coração de Deus a ponto de dar seu Filho unigênito para a salvação de todos os homens, em todos os lugares. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

O projeto divino é global e sempre foi desenvolvido a partir desta perspectiva. Portanto, identificarmo-nos com uma visão global – em semelhança a homens como Oswald Smith – e trabalharmos para influenciar as nações é agir de acordo com os propósitos de Deus. Não se trata de modismo ou influência do movimento moderno de globalização, mas de uma atitude de obediência ao mandamento divino: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8).

Desta forma, podemos afirmar que o desafio para a igreja deste novo milênio é corresponder aos seus desafios locais, mas ao mesmo tempo pensar, visualizar e agir globalmente. Isto é, de maneira simultânea, tanto numa ação local, como num mutirão global.

Seria pedir de mais, requerer que uma igreja local desenvolva uma consciência e uma ação global? Bem, se uma empresa, no mundo de hoje, que não pensa globalmente está condenada à estagnação, o que dizer de uma igreja que não tem uma visão global e não considera sua tarefa globalmente? A igreja foi estabelecida para corresponder aos desafios mundiais e deve ser caracterizada por sua visão do mundo. De outra forma, ela perde sua identidade e nega a sua natureza como agência do Reino de Deus para as nações.
Não há dúvidas de que mais do que em qualquer outro tempo, o mundo clama por homens e mulheres com uma visão de Deus. Este cenário transforma em urgente a tarefa de cada igreja local se identificar com a visão do alto e assumir ações transformadoras, em todas as partes do planeta.

Depois das tsunamis, em dezembro de 2004, veio o terremoto, em maio de 2006. Em junho do mesmo ano, lá estava outra tsunami. Agora, o maior país muçulmano do mundo, a Indonésia, sofre com a lama quente de um vulcão – em erupção em setembro de 2006 – que amplia o estado de destruição e eleva o número de desabrigados no país. De maneira angustiante e com a esperança de uma vida melhor abalada, o povo clama por socorro ao deus do Alcorão.

E o que dizer daqueles que vivem em condições mais favoráveis, mas clamam por nunca terem sido alcançados pela pregação verbal do evangelho? São, pelo menos, 2,3 bilhões de pessoas que não tiveram ainda a chance de ouvir o evangelho de forma compreensível. Estamos falando de pessoas que vivem em contextos de isolamento geográfico, religioso e social e para serem alcançadas carecem de ajuda externa, como, por exemplo, a intervenção de um missionário.

Em nossa própria nação, de um total de 251 tribos indígenas1 cerca de 113 tribos não têm a presença de missionários evangélicos. Há ainda uma enorme quantidade de comunidades em todo o país, inclusive sertanejos e ribeirinhos, que não têm acesso ao evangelho. Segundo dados oferecidos pela Missão Juvep, somente na zona rural nordestina do nosso país, destacam-se mais de 320 municípios com 97% de pessoas que não conhecem o evangelho e mais de 10.000 aglomerados humanos sem nenhum crente. Calcula-se que em todo o sertão cerca de 95% das pessoas nunca foram evangelizadas...
É urgente expandirmos nossa ação e influenciarmos o mundo a partir de uma visão dada por Deus! Vale lembrar aqui que uma igreja que expande seus horizontes e atua globalmente não é aquela que disputa terreno com outras igrejas e faz da sua denominação uma marca registrada em cada país do mundo. Uma igreja que obedece a ordem divina é aquela que anuncia o evangelho e faz discípulos onde Cristo ainda não foi nomeado.

Ainda hoje, mesmo depois de sua morte no ano de 1986, a vida de Oswald Smith se destaca por sua visão global, capaz de influenciar o mundo. Testemunhos de vida como esse, além de empolgantes, servem-nos como amostra do que a visão de Deus pode fazer no coração de alguém apaixonado pela evangelização mundial.
Senhor, contempla a Igreja brasileira e nos dá a Tua visão, capaz de influenciar o mundo!

*O Pr. Jairo de Oliveira é autor dos livros 'MISSÕES: A RAZÃO DA EXISTÊNCIA DA IGREJA', e 'MISSÕES E CULTURAS' (ambos pela AbbaPress), entre outros.
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1 - O número de tribos indígenas brasileiras tem variado ao longo dos anos. Dessa forma, os números apresentados no texto estão de acordo com dados mais recentes divulgados pela FUNAI.

Via site da Família Matioli - http://www.familiamatioli.com.br/

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