quinta-feira, 30 de outubro de 2008

HALLOWEEN - A MALDIÇÃO DAS BRUXAS


No dia 31 de outubro muitas pessoas irão participar de festas de "Halloween", popularmente chamado de "Dia das Bruxas" no Brasil. Mas essa festa aparentemente inocente tem estreita ligação com práticas ocultistas, mesmo que muitos não percebam isso.

Sua origem data de tempos antigos, quando os druidas (magos de origem celta) realizavam cerimônias de adoração ao "deus da morte" ou ao "senhor da morte" em 31 de outubro. Isso acontecia na cerimônia "Samhain" durante o festival de inverno, na qual eram oferecidos sacrifícios humanos. Naquela noite, os antigos druidas iam de casa em casa a fim de pegar pessoas para serem sacrificadas ao diabo. Em troca, eles colocavam uma abóbora com uma lanterna dentro para protegê-los de “ataques demoníacos”. Se não fossem atendidos, uma estrela de cinco pontas era desenhada na porta da casa e naquela noite o diabo supostamente atacaria a família.

Essa prática ancestral foi sofrendo alterações com o passar do tempo. A Igreja Católica posteriormente tentou cristianizar o "Samhain", declarando o 1º de novembro como o Dia de Todos os Santos e o 2 de novembro com o Dia de Finados, sendo que em ambas as datas os mortos eram lembrados.

Nos Estados Unidos essa festa é muito comum e tem forte apelo comercial, sendo também tema de vários filmes de horror. A imagem de crianças vestidas com fantasias "engraçadinhas" de bruxas, fantasmas e duendes, pedindo por doces e dizendo "gostosuras ou travessuras". Há algum tempo, o Brasil tem se deixado influenciar por muitos aspectos que não fazem parte de sua cultura e tem celebrado essa festa em escolas, cursos de inglês, clubes e até em shopping centers.

Diante dessa realidade, devemos nos questionar: Halloween está relacionado às práticas ocultistas modernas?
Mesmo que hoje em dia Halloween seja comemorado de uma maneira inocente por muitos jovens, ele é levado a sério pela maioria das bruxas, membros do movimento neo-pagão e ocultistas em geral. Nos Estados Unidos, na noite de Halloween, crianças estão sendo sacrificadas.

Halloween deve ser rejeitado pelos pais, pelos professores e pelos diretores das escolas. Deus é amor e quer o melhor para você e sua família. Não se envolva com bruxaria, ainda que seja por brincadeira. A Bíblia diz que o Diabo é ardiloso, que ele se disfarça como anjo de luz. Ele veio para matar, roubar e destruir. Jesus veio para dar vida abundante a todo aquele que nele crer e confiar!

A Bíblia é clara na opção que devemos seguir: "Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR, teu Deus, os lança de diante de ti. Perfeito serás para com o SENHOR, teu Deus" (Deuteronômio 18.10-13).
Agora mesmo, ore a Jesus para proteger você e seus familiares. Jesus tem todo o poder para destruir todas as obras do diabo. Não tema. Creia em Jesus e seja feliz!

Fonte: Texto de um folheto do CPR, de nome 'Halloween - A Maldição das Bruxas,' adaptado e acrescido de outras informações.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A VIDA E OS TEMPOS DE LUTERO

A propósito do Dia da Reforma, que é comemorado em 31 de Outubro, publicamos este excelente texto sobre aquele que Deus usou para dar início efetivamente à Reforma: Martinho Lutero.
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REVOLUCIONÁRIO POR ACIDENTE

Em sua busca por paz espiritual, Lutero não tinha idéia do tumulto que traria para seu mundo.

Por James M. Kittelson

Portal Cristianismo Hoje - http://www.cristianismohoje.com.br/

Um conselheiro de turistas do século 16 afirmava que as pessoas que voltassem de suas viagens sem ver Martinho Lutero e o papa “não tinham visto nada”. Mais tarde, este homem tornou-se bispo da Igreja Católica Romana e um dos oponentes de Lutero.
Outra pessoa leu os trabalhos de Lutero e declarou: “A igreja nunca viu maior herege!” Mas depois de alguma reflexão, declarou: “Somente ele está certo!” Este homem tornou-se um reformador e Lutero regularmente se confessava com ele.
Como pôde um frei e professor evocar tais reações conflitantes?
A resposta é a própria simplicidade. Este homem, que continua a falar depois de meio milênio, ou ensinou a base da fé cristã corretamente ou ainda está desviando almas. Como ele mesmo disse, “Outros antes de mim contestaram a prática. Mas, contestar a doutrina, isso sim é pegar um ganso pelo pescoço!”

Infância comum
Ao contrário de algumas especulações românticas, a infância de Lutero não teve quase nada a ver com o fato de ele tornar-se um teólogo revolucionário. Ele nasceu quase em trânsito em 10 de novembro de 1483, em Eisleben (cerca de 220 quilômetros ao sudoeste da moderna Berlim), onde seus pais podem ter trabalhado como empregados domésticos.
Dentro de um ano, a família mudou-se para Mansfeld, onde seu pai, Hans Luder (como era pronunciado na região), encontrou trabalho nas minas de cobre locais. Hans subiu rapidamente, talvez com a ajuda de parentes, a proprietário, ou sócio de várias minas e fundições. Até mesmo tornou-se um membro do conselho da cidade. A pintura de Cranach, do Luder mais velho, mostra-o num casaco finamente tecido com uma gola de pele.
Lutero lembra de sua infância em parte por (nos termos de hoje) seu abuso físico. Ele apanhava de seus pais de modos aterradores. Ele distanciou-se tanto de seu pai que, em uma ocasião, que seu pai lhe pediu perdão. Mas como Hans veio até seu filho, Lutero também se lembra que “ele me queria bem”. Talvez a dura disciplina refletisse apenas uma família que desejava ser bem-sucedida, e o foi. Não havia, com certeza, nada de incomum nisso.
Também não há evidência de nada incomum ou rebelde acerca da piedade da família. Margaretha, a mãe de Lutero, tinha as superstições comuns da época. Por exemplo, ela culpava uma vizinha pela morte de um de seus filhos, pois a considerava uma bruxa. Hans se unia a ela, buscando uma indulgência especial para a igreja local. Quando jovem, Lutero absorveu uma religião na qual uma pessoa tinha que lutar pela futura salvação da mesma forma que tinha que trabalhar pela sobrevivência material.

Uma decisão perspicaz
Neste ponto, dois assuntos comuns mudaram o rumo de Lutero.
Primeiro, Hans (que poderia ter ficado satisfeito quando o menino aprendeu a ler, escrever e fazer cálculos e então entrar no negócio da família) mandou o menino para estudar latim, e finalmente para a universidade de Erfurt. Ao tomar esta decisão perspicaz, Hans foi ambicioso não apenas por seu filho, mas pela família inteira. Se fosse bem-sucedido, o jovem Lutero se tornaria advogado, que, fosse numa igreja ou na corte, traria um bom sustento para os pais e irmãos.
Segundo, o jovem deixou o lar antes de fazer 14 anos e provou ser extraordinariamente inteligente. Concluiu o bacharelado e o mestrado no menor tempo permitido pela lei. Ele provou ser tão adepto a disputas (debates públicos era a maneira principal de ensinar e aprender) que ganhou o apelido de “O Filósofo”. Hans ficou tão feliz que deu ao seu filho um presente caro: o texto principal para estudos legais da época, o Corpus Juris Civilis.

Da lei ao legalismo
Infelizmente, para os planos de Hans, o estudante novato de direito começou a ter dúvidas sobre o estado da sua alma e também sobre a carreira que seu pai tinha assegurado para ele. Em 1505, quando ainda não tinha 22 anos, ele tirou uma licença oficial, mas inexplicada, da universidade. Ele visitou sua família para buscar, aparentemente, conselho sobre seu futuro. No seu retorno para Erfurt, quando lutava contra uma severa tempestade, um raio atingiu o chão perto dele.
“Me ajude, Santa Ana!”, Lutero gritou. “Eu me tornarei monge.”
Depois deste voto a Santa Ana, a conhecida padroeira dos mineiros, Lutero passou várias semanas discutindo sua decisão com seus amigos. Então, em Julho de 1505, como era a exigência para entrar na vida monástica, ele doou todos os seus bens – seu alaúde, com o qual bastante tinha habilidade; seus muitos livros, incluindo o Corpus Juris Civilis; suas roupas e utensílios para comer – e entrou para o Black Cloister of the Observant Augustinians (Mosteiro Negro dos Vigilantes Agostinianos). Como de costume, ele passou mais de um mês examinando sua consciência e sendo interrogado pelas autoridades competentes antes de proceder ao noviciato (um ano adicional de escrutínio antes de se tornar um frei).
Com toda evidência, Lutero foi extraordinariamente bem-sucedido (“impecável” foi a descrição) como um agostiniano, assim como quando foi estudante. Ele não começou simplesmente a jejuar, orar e fazer práticas devotas (como ficar sem dormir, suportar o frio cortante sem cobertor e se flagelar), ele os fazia dedicadamente. Como comentou mais tarde: “Se alguém pudesse ter herdado o céu pela vida de um monge, teria sido eu.”
Ele tornou-se um padre em menos de dois anos depois de entrar para o Mosteiro Negro. Foi mandado a Roma como companheiro de viagem de um irmão mais velho a negócios, que seriam cruciais para os agostinianos na Alemanha. Além disso, seus superiores ordenaram que estudasse teologia para que pudesse se tornar um dos professores da ordem.

Digno de estudo
Naquele momento, o próprio Lutero começou a ser alguém digno de estudo. Os medos e ansiedades que o dirigiram para o Mosteiro Negro o deixaram durante seu primeiro ano lá, mas então se intensificaram. Embora buscasse amar a Deus com todo seu coração, alma, mente e força, ele não achava consolo. Ficava cada vez mais com medo da ira de Deus: “Quando é tocada por esta inundação que vem do eterno, a alma só se alimenta e bebe da eterna punição e nada mais.”
A ordem para estudar a teologia acadêmica significava que ele podia investigar suas lutas intelectualmente. Lutero, mais tarde, comentou que foi “aonde as tentações me levaram”, querendo dizer que ele ousou investigar as questões que mais o atormentavam. Mas isso acontecia devagar: “Eu não aprendi minha teologia toda de uma vez... mas como Agostinho, através de muito estudo, ensino e escrita.”
No processo, os ataques de dúvida de Lutero acerca de sua salvação tornaram-se uma realidade objetiva que ele estudou – quase da maneira que um matemático se debruça sobre um problema difícil.

O dilema de Lutero
Como um iniciante no estudo da teologia, Lutero foi ensinado sobre a ortodoxia predominante, e parte de suas palestras iniciais como professor mostra que ele cria nisso.
Seus professores, seguindo a Bíblia, ensinaram que Deus exigia absoluta justiça, como na passagem, “sejam perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está no céu”. As pessoas precisavam amar a Deus absolutamente e seus próximos como a elas mesmas. Elas deviam ter a fé inabalável de Abraão, que estava disposto a sacrificar o próprio filho.
Além do mais, quando não eram perfeitas, as pessoas deviam se arrepender de um modo totalmente contrito, e não pelo propósito egoísta de salvar a si mesmas. E onde o indivíduo não pudesse ser absolutamente justo, a Igreja entraria com a graça dos sacramentos.
Lutero declarou mais tarde: “Eu estava tão bêbado, aliás, tão submerso nas doutrinas do papa, que eu teria alegremente matado (ou cooperado com alguém que matasse) quem quer que tirasse uma sílaba da obediência devida a ele.”
Mas Lutero foi atacado por um problema, e finalmente este o levou para longe do que havia sido ensinado. Os seres humanos são incapazes de ter os atos e estado da mente sem o egoísmo que as Escrituras exigem. O mais difícil para Lutero era a obrigação perfeita das Escrituras de ser contrito e se arrepender.
No fim da Idade Média, o arrependimento ocorria mais comumente no curso dos sacramentos da confissão e da penitência. De acordo com o que o pecador confessasse, era perdoado e então cumpria as ações de penitência que lhe fossem ordenadas e o processo estava completo. Mas Lutero sabia que no meio deste ato crucial era justamente quando ele era mais egoísta. Estava confessando seus pecados e cumprindo sua penitência apenas pelo instinto humano de salvar a sua pele. E, também, pela tendência humana de pecar, ele não conseguia se confessar o suficiente.
Este assunto crítico permaneceu vívido na mente de Lutero. Ele comentou depois: “Se alguém confessasse seus pecados na hora certa, ele teria que carregar um confessor no seu bolso!” Como seus professores sabiam, ele de fato podia levar ao desespero (ou como acreditavam então, o pecado contra o Espírito Santo). No caso de Lutero, ele era de vez em quando levado ao desespero mesmo.

Quem pode ser justo?
Durante seus anos iniciais, quando Lutero lesse o famoso “Texto da Reforma” — Romanos 1.7 — seus olhos seriam levados não para a palavra fé, mas para a palavra justo. Quem, afinal, podia “viver pela fé”? Somente aqueles que já eram justos. O texto era claro sobre o assunto: “O justo viverá pela fé.”
Lutero observou: “Eu odiava aquela frase, ‘a justiça de Deus’, pela qual eu tinha sido ensinado de acordo com o uso e costume de todos os professores... [que] Deus é justo e pune o pecador injusto.” O jovem Lutero não podia viver pela fé porque não era justo – e ele sabia disso. Durante sua confusão, Lutero muitas vezes abordou Johann von Staupitz, seu superior, sobre as suas dúvidas, pecados e ódio de um Deus justo. Ele fazia isso tão freqüentemente que uma vez Staupitz o mandou sair e cometer um pecado de verdade: “Você quer ficar sem pecado, mas você não tem pecados de verdade... o assassinato de um dos pais, vícios públicos, blasfêmia, adultério, coisas assim... Você não deve inflar os seus pecados mancos, artificiais e fora de proporção!”
Mas Lutero não se conformou: “Mesmo que minha consciência nunca me dê segurança, ainda assim sempre duvidei e disse, ‘Você não fez aquilo corretamente. Você não confessou tal coisa’.”

Contradizendo tudo
O momento, ou melhor, os momentos críticos na vida de Lutero resultaram de uma decisão de seus superiores. Eles, particularmente Staupitz, ordenaram que ele fizesse seu doutorado e se tornasse um professor bíblico na Universidade de Wittenberg. Dependendo do ponto de vista, esta foi a mais brilhante ou a mais estúpida decisão da história do cristianismo latino.
Lutero resistiu ao chamado, dizendo, “Será a minha morte!”, mas finalmente aceitou. Ele logo adquiriu sua própria identidade madura como professor ou doctor ecclesiae (ou professor da igreja), na qual freqüentemente buscava refúgio, até mesmo ao ponto de assinar seu nome normalmente, D. Martinus Lutherus.
Mais importante que isso, a revolução em seu pensamento teológico ocorreu na sala de palestra e estudo dos professores, de 1513 a 1519. Ele começou reinterpretando a justiça de Deus e então estendeu sua interpretação para questões centrais da teologia cristã.
No fim de 1513, início de 1514, quando chegou ao Salmo 72, explicou aos seus alunos: “Isto é o que é chamado julgamento de Deus: como a justiça ou força ou sabedoria de Deus, é com isto que somos sábios, justos e humildes ou pelo qual somos julgados.”
Esta é uma frase notável: a última frase é sobre o que ele foi ensinado; era a ortodoxia daquele tempo: Deus julga por sua justiça. Mas a primeira frase – Deus nos dá justiça – é a que ele ensinaria cada vez mais. De fato, um pouco mais tarde, durantes as palestras, rejeitou totalmente a doutrina comum e afirmou o contrário, ao dizer que todos os atributos de Deus, – “verdade, sabedoria, salvação, justiça” – eram “as coisas com as quais ele nos faz fortes, salvos, justos e sábios”.
Junto com estas mudanças vieram outras. A Igreja não era mais a instituição que se gabava de sucessão apostólica; pelo contrário, era a comunidade daqueles que tinham recebido a fé. A salvação não vinha pelos sacramentos por si só, mas pelo seu papel em nutrir a fé. A idéia de que os seres humanos tinham uma faísca de bondade (suficiente para buscar a Deus), não era uma fundação em teologia, mas ensinada pelos tolos, que não conheciam teologia. A humildade não era mais a virtude que ganhava graça, mas uma resposta necessária ao dom da graça. A fé não mais consistia em obedecer aos ensinos da Igreja, mas em confiar nas promessas de Deus e nos méritos de Cristo.
Em resumo, Lutero trabalhou numa revolução que contradisse tudo o que lhe havia ensinado. Como certos revolucionários em seu próprio tempo, estava tudo ali, pronto para explodir, e nem mesmo o líder principal tinha consciência de seu potencial.

Reação em cadeia
De fato, o que aconteceu foi mais uma longa e poderosa reação em cadeia do que uma explosão repentina. Começou na Noite de Todos os Santos, em 1517, quando Lutero fez uma objeção formal ao modo como o pequeno e atarracado Johann Tetzel estava pregando uma indulgência plenária.
As indulgências eram documentos preparados pela Igreja e comprados por indivíduos para si mesmos ou em favor dos mortos. Conseqüentemente, o comprador vivo ou morto seria liberado do purgatório por determinado tempo. No segundo exemplo, uma indulgência plenária, ou total, libertaria completamente a pessoa e raramente era oferecida. De qualquer modo, o dinheiro da venda de indulgências era usado para sustentar os projetos da Igreja, como por exemplo, no caso das vendas de Tetzel, a reconstrução da basílica de S.Pedro, em Roma.
Tetzel orquestrou cuidadosamente seus comparecimentos para excitar o interesse do público. Ele preparava seus sermões para agradar e persuadir, muitas vezes terminando com a famosa frase: “Quando uma moeda no cofre tilintar, uma alma do purgatório para o céu vai voar!”
Lutero simplesmente queria questionar o tráfico de indulgências da Igreja. Ele desafiou todos os que ali estavam para debater a prática do modo acadêmico adequado. Mas os eventos tomaram a questão das suas mãos.
Suas 95 Teses foram traduzidas para a língua popular e espalhadas pela Alemanha dentro de duas semanas. Lutero foi convidado para debater os aspectos teológicos em Heidelberg, durante o encontro regular dos agostinianos na primavera de 1518. Então, ele passou por uma entrevista excruciante com o cardeal Cajetam, em Augsburg, naquele outono. Foi tão doloroso que, Lutero lembra, ele não podia nem andar a cavalo, porque seu intestino esteve solto da manhã à noite.

Oposição à autoridade
Lutero tinha boas razões para estar ansioso. O assunto rapidamente deixou de ser a respeito de indulgências, ou as indulgências de Tetzel, (que eram extraordinárias sob qualquer ponto de vista), mas a autoridade da Igreja: o papa tinha o direito de cobrar tais indulgências?
O assunto da questão original – se os seres humanos podem tirar do tesouro dos méritos de Cristo, confiados à Igreja, para alterar sua posição diante de Deus – não era uma grande preocupação para os oponentes de Lutero. Na verdade, eles eram repetidamente proibidos de debater com ele a esse respeito. A questão era, ao contrário, se a Igreja podia declarar que era assim e esperar obediência.
O assunto central do debate de Leipzig tornou-se público no fim de junho, em 1519, uma ocasião magnífica. Os estudantes de Wittenberg foram armados com bastões. O bispo local tentou proibir o debate, e o duque George da Saxônia, que o patrocinou, colocou uma guarda armada para garantir que tudo aconteceria dentro da ordem. No fim, ficou claro que Lutero estava formando uma revolução que atingiu a própria Igreja.
Em resumo, Lutero declarou que “um simples leigo armado com as Escrituras” era superior tanto ao papa e aos concílios sem elas. Dessa forma, Lutero ricamente mostrou-se merecedor da bula (documento papal), que o ameaçava de excomunhão, que veio em 1520. Ele respondeu a ela queimando tanto a bula quanto a lei do cânon.

Seus três ensaios mais importantes
Lutero, então, explicou nos mínimos detalhes as conseqüências práticas de sua teologia. Naquele verão ele escreveu os que são, indiscutivelmente, seus três tratados mais importantes: Discurso à nobreza cristã, O cativeiro babilônico da igreja e A liberdade do cristão. Com estes três ensaios, ele colocou a si mesmo e aos seus (então) muitos simpatizantes em oposição à quase toda a teologia e prática da cristandade no fim da Idade Média.
No primeiro, ele pede aos líderes que tomem em suas próprias mãos a reforma necessária da Igreja, ao mesmo tempo em que argumenta que todos os cristãos são sacerdotes.
No segundo, reduziu os sete sacramentos; primeiro a três (batismo, Ceia do Senhor e penitência), depois para apenas dois, enquanto alterava radicalmente seu caráter.
No terceiro, disse aos cristãos que eles eram livres da lei (em particular das leis da Igreja), ao mesmo tempo em que eram prisioneiros em amor do seu próximo.

“Não me retratarei”
A Dieta (ou encontro) de Worms, que aconteceu na primavera de 1521, foi, portanto, em um sentido, pouco mais do que um efeito marola de um navio que já havia zarpado. O imperador de Roma, Charles V, (que também era Charles I da Espanha) nunca tinha estado na Alemanha. Ele convocou a Dieta para encontrar os príncipes da Alemanha, os quais conhecia muito pouco e precisava cortejar desesperadamente. Mas este frei conhecido pelo nome de Lutero também precisava ser abordado.
Lutero deixou Wittenberg para estar presente na Dieta convencido de que finalmente teria a audiência que pediu em 1517. Quando foi introduzido na Dieta, Lutero ficou surpreso em ver o próprio imperador Charles V. Ele estava cercado pelos seus conselheiros e representantes de Roma, tropas espanholas, vestidos com seus melhores trajes de desfile, eleitores*, bispos, príncipes de território e representantes das grandes cidades. No meio desta augusta assembléia estava uma mesa com uma pilha de livros.
Lutero foi questionado se havia escrito os livros, e se havia alguma parte que ele desejava retratar. Ficou surpreso; aquilo não ia ser um debate judicial, mas um interrogatório. Lutero ficou bastante confuso, tropeçou e implorou por outro dia: “Isto toca Deus e sua Palavra. Isto afeta a salvação de almas. Eu imploro, dê-me mais tempo.”
Ele teve um dia e, de volta aos seus aposentos, escreveu: “Assim como Cristo é misericordioso, eu não retirarei nem um pingo do texto.”
No dia seguinte, os negócios da Dieta atrasaram o retorno de Lutero até tarde da noite. A luz das velas tremeluzia sobre a multidão de dignitários que se espremiam na grande sala.
Ele foi novamente questionado: “Você defende estes livros, todos juntos, ou você deseja retirar algo do que disse?” Lutero replicou com um pequeno discurso, o qual repetiu em latim.
Havia três tipos de livros na mesa, ele declarou. Alguns eram sobre a fé cristã e as boas obras, e estes ele certamente não corrigiria. Alguns atacavam o papado e corrigir estes seria encorajar à tirania. Finalmente, alguns atacavam o indivíduo (e, Lutero admitiu, talvez de maneira muito difícil), mas ainda estes não podiam ser corrigidos porque estas pessoas defendiam a tirania papal.
Com certeza, veio a resposta, um indivíduo não podia colocar dúvida na tradição de toda a Igreja! Então o examinador declarou: “Você deve dar uma resposta simples, clara e própria.. Você se retratará ou não?”
Lutero replicou: “A menos que eu possa ser instruído e convencido com evidências na Palavra de Deus ou com raciocínio aberto, claro e distinto... Então, não posso e não me retratarei, porque não é seguro ou sábio agir contra a consciência.”
Então, ele completou: “Isto é o que penso. Nada posso fazer diferente disso. Que Deus me ajude! Amém.”

Cavaleiro George
Quando as negociações não tiveram êxito em conseguir qualquer concessão, Lutero foi condenado. Ainda assim, recebeu salvo-conduto, como havia sido prometido antes de ele vir, mas somente por 21 dias.
Mas assim que Lutero e seus companheiros começaram a voltar para Wittenberg, quatro ou cinco cavaleiros armados saíram da floresta, arrancaram Lutero de sua carruagem e o arrastaram de lá às pressas. Rapidamente, ele foi informado de que fora seu príncipe, Elector Frederick, O Sábio, que o seqüestrara para mantê-lo a salvo. Logo chegou a Wartburg, um dos castelos de Frederick. Lutero era um fora-da-lei; qualquer um podia matá-lo sem temer represálias de uma corte da lei.
Lutero detestava sua estada forçada em Wartburg. Como “cavaleiro George” (sua nova identidade), ele agora comia como um nobre e sua nova alimentação irritava seu aparelho digestivo. Ele sentia falta de seus amigos em Wittenberg, e odiava ficar afastado da luta. Até fez planos de fazer uma visita à Universidade de Erfurt, onde estaria fora da jurisdição. Isto falhou, mas ele conseguiu um cavalo e fez uma viagem até Wittenberg, de onde retornou muito aliviado com o curso dos eventos entre seus amigos.
Apesar de suas reclamações sobre solidão forçada e sua própria “preguiça”, os dez meses no gelo de Lutero estão entre os mais produtivos de sua vida. As obras teológicas e acadêmicas continuaram, com seu Comentário sobre o Magnificat, tocante e quase autobiográfico, o incompleto Postillae e a tradução do Novo Testamento, do qual ele fez um rascunho em 11 semanas.
Mas o que começou com suas palestras e as 95 Teses estava agora virando um movimento popular. Ele sentia-se obrigado a responder às perguntas práticas das pessoas. Ele o fez sob forma de tratados, tais como Sobre a confissão, A abolição das missas particulares, e acima de tudo, Sobre os votos monásticos.
O último se destaca como um dos mais extraordinários trabalhos jamais escritos por uma figura pública. Por toda a Alemanha, em particular Wittenberg, monges e freiras estavam fugindo de seus monastérios e clausuras – alguns por razões de consciência, outros por pura conveniência. Desprezar a religião estava virando algo comum. Ao mesmo tempo, os defensores da velha Igreja insistiam na inviolabilidade dos votos monásticos.
Totalmente consistente com seu A liberdade do cristão, Lutero tomou uma estrada intermediária. Toda a questão era se e como alguém podia servir melhor ao próximo. Se alguém o fizesse sob as ordens sagradas, então que permanecesse assim. Por outro lado, os votos monásticos não eram uma prisão, e se alguém serve o próximo melhor fora do monastério ou da clausura, então que viva no mundo. A liberdade de servir, portanto, tornou-se um marco na Reforma Luterana Alemã.

Decisões controversas
Conforme sua revolução se expandia, Lutero foi cada vez mais se atirando na arena pública. Ele retornou abertamente a Wittenberg, no início da primavera de 1522, e sem pedir a permissão do eleitor, retomou o púlpito e pregou sobre a obrigação de amar o próximo. A decisão de retornar nasceu de sua convicção de que o movimento incipiente da Reforma (alguns afirmavam que os cristãos deviam se casar e que os monges e freiras deviam tornar-se leigos) não estava respeitando a liberdade cristã ou as consciências fracas.
Em tempo, Lutero foi forçado a tomar outras decisões, muitas das quais ainda são controversas.
Quando houve agitação, resultante da Guerra dos Camponeses, em 1524–1525, ele primeiro condenou os príncipes e depois os exortou a esmagar a revolta.
Quando Erasmus, famoso estudioso humanista, duvidou de que a verdade sobre se os humanos têm livre-arbítrio pudesse ser conhecida, Lutero replicou: “O Espírito Santo não é um cético”, e acusou Erasmus de não ser cristão.
Quando os reformadores suíços Zwingli e Oecolampadius questionaram se o corpo e sangue de Cristo estavam realmente nos elementos da Ceia do Senhor, Lutero respondeu: “Mera física!”, e ajudou a inflamar a controvérsia que por fim dividiu as Igrejas Luterana e Reformada.
Seu tremendo esforço em criar um novo clero e uma igreja reformada também trouxe as autoridades civis mais diretamente para o governo diário da Igreja.
Sua decisão de se casar com uma freira que fugiu, Katharina von Bora, escandalizou a muitos. Para Lutero, o choque era acordar de manhã com “tranças no travesseiro ao meu lado”.
Sobre o seu esforço contínuo de traduzir a Bíblia para o alemão, ele disse: “Se Deus quisesse que eu morresse pensando que sou um homem inteligente, não teria me colocado na missão de traduzir a Bíblia.”
Com todas estas decisões e ações, Lutero exibiu uma incrível consistência. O grande marco de sua vida é o modo como ele uniu sua personalidade e sua doutrina vigorosas. Para ele, a doutrina nunca foi uma questão meramente intelectual ou acadêmica. Pelo contrário, era a própria vida. No prefácio de “Large Catechism” [Grande catequese], ele insiste em que os cristãos leiam e releiam suas catequeses para que “com tal leitura, conversa e meditação o Espírito Santo esteja presente e derrame sempre luz e fervor cada vez maiores e renovados”. Ele queria que todos os cristãos se tornassem pessoas ensinadas por Deus.

Dr. James M. Kittelson é professor de História na The Ohio State University, Columbus, Ohio, e autor de Luther the Reformer [Lutero, o reformador] (Augsburg, 1986).

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sábado, 25 de outubro de 2008

Um grito que não se cala


Ariadna de Oliveira

O dia trazia consigo um ar de desafio! Aqueles momentos da nossa visita à China já estavam tornando-se um instrumento transformador de Deus em nossa vida – embora ainda não soubéssemos avaliar com precisão tudo o que estava sendo gerado em nosso interior e mudado em nossa concepção cristã!

Enquanto caminhávamos para o local – onde, conforme nos fora informado, conheceríamos um homem que chamaremos de Josué –, vagavam lentamente, em meu coração, algumas questões acerca do rumo que a igreja brasileira está tomando, e não pude deter as lágrimas por tanta liberdade cristã desperdiçada nesse nosso país privilegiado.

O hotel, local da reunião, era grande e marcado por detalhes que não nos permitiam esquecer que estávamos num país oriental. Recordo-me da sala em que nos acomodamos: grande e clara, com uma mesa enorme rodeada de cadeiras confortáveis. Uma mistura de expectativa e ansiedade tomava conta do ambiente.

Alguns minutos depois, vimos entrar o tão esperado homem: estatura mediana, físico forte, olhar e sorriso que expressavam tanto da vida de Deus quanto suas palavras revelariam mais adiante. Este homem, um cristão chinês convertido há alguns anos, lutava para implantar, no coração da igreja chinesa, a responsabilidade por missões. Enquanto eu ouvia a introdução do nosso contato, dizendo, em inglês, que estávamos diante de um homem do qual o mundo não era digno, fixei minha atenção nele, e meus pensamentos tomaram asas.

Ouvimos sobre o projeto que Josué estava desenvolvendo, sério e extremamente arriscado, treinando cristãos chineses para serem enviados a outro país do Oriente, totalmente fechado para o evangelho. Segundo o interlocutor, ele já havia sido preso e torturado algumas vezes por amor a Cristo e ameaçado de morte caso avançasse na expansão da Palavra de Deus.

De fato, estava, diante de meus olhos, um herói em meu sincero conceito de heroísmo genuíno!

Quando Josué tomou a palavra para nos cumprimentar, percebi que seu coração era experimentado: havia nele um misto de doçura e maturidade, de amor e responsabilidade consciente. Falou-nos com tanta propriedade sobre o desafio de alcançar outros povos e dar a vida pela causa de Cristo que fomos constrangidos pelo amor.

Veio à minha mente: “Como um homem que vive sob tanta pressão e perigo pode estar preocupado com outros povos e nações?”.

Ele continuou relatando sobre o treinamento árduo dos irmãos chineses e como desenvolvem o senso de responsabilidade para com os que se perdem e a possibilidade concreta de morrerem no desenrolar do trabalho. Contou-nos a respeito das baixas que sofreram ao longo desses anos, de igrejas destruídas por bombas, pastores mortos enquanto pregavam a Palavra e alguns de seus amigos torturados cruelmente até a morte.Meu coração sangrou de vergonha e dor.

Falou-nos por mais de uma hora sempre com a face brilhante de alguém envolvido com o mais nobre trabalho da Terra. Em nenhum desses momentos, citou prisões ou torturas, falou das perseguições ou ameaças sofridas; manteve sempre a palavra doce e firme, encorajando-nos ao cumprimento do IDE.

Num determinado ponto da conversa, uma mulher da nossa equipe, em meio a lágrimas, levantou a mão indicando uma pergunta. Josué olhou para ela com um sorriso, e ela avançou:

– Irmão Josué, sabemos que você esteve preso algumas vezes. Tenho uma pergunta: como você conseguiu amar seus torturadores e lhes perdoar?

Enquanto escrevo estas linhas, tenho na lembrança o olhar de amor que ele dirigiu a algum ponto da sala enquanto ouvia tal pergunta. Para mim, a resposta já havia sido dada naquele olhar...

Ele suspirou fundo:

Minha irmã, lembro-me de uma vez em que fui pego falando de Cristo: os soldados me conduziram a uma sala, colocaram-me de joelhos e começaram a dizer que eu deveria negar a minha fé. Todas as vezes em que abria os meus lábios para confirmar que cria em Cristo como meu Senhor, um daqueles soldados me chutava a boca. Não me era permitido cuspir o sangue, e, em pouco tempo, meus lábios estavam totalmente inchados.

Enquanto aquele homem me batia, orei intimamente perguntando ao Senhor a razão de ele permitir aquela dor e sofrimento. Ouvi o seu Espírito falando mansamente: “Jesus sabe exatamente o que você está sofrendo, pois também foi preso e torturado – e a cada um dos seus malfeitores perdoou! Receba dele a graça de perdoar e amar”.

Levantei os olhos em direção ao soldado que me batia, e meu coração foi totalmente inundado de amor por ele, um amor capaz de perdoar por completo. Naquele momento, eu aprendi que nada é maior do que a capacidade que Cristo nos dá de amar e perdoar os nossos inimigos.

Depois disso, ele prosseguiu, encorajando-nos na disposição de pregar o evangelho a qualquer preço, levando esperança a homens mortos espiritualmente e traduzindo em vidas o fato que mudou para sempre a nossa história: A CRUZ DE CRISTO!

Saí dali com meu conceito de devoção cristã retocado com a nobreza e a disposição de Josué; chorei por mim mesma e por minha fé débil e influenciável; clamei pela igreja brasileira e sua fraca convicção de entrega e sacrifício e, por fim, deixei meu coração sentir o drama dos 85 mil homens e mulheres que morrem diariamente sem conhecer Cristo, das inúmeras crianças submetidas à prostituição, do massacre cruel nos campos de refugiados em países do Oriente, dos 33 milhões de deuses adorados na Índia, da crueldade contra os cristãos em países como Coréia do Norte, Vietnã e Sudão e de todos os pastores e líderes da igreja sofredora que pagam com a própria vida a propagação do Evangelho...

Pensei em tudo isso e um GRITO foi tatuado em minha vida por todos os dias, GRITO este que expresso hoje a você:

ATÉ ONDE VAI SEU AMOR POR CRISTO E A SUA CAUSA?


*Ariadna Faleiro de Oliveira atua na mobilização de intercessores e mantenedores para a obra de missões e, junto com o seu esposo Paulo, pastoreia a Igreja Batista da Paz em Goiânia, desenvolvendo um projeto de recuperação com mulheres dependentes químicas ou envolvidas com prostituição. Tem acompanhado equipes em viagens de curto prazo a países onde a perseguição ao cristianismo é severa, objetivando um despertamento maior acerca desse assunto. Você pode conhecer um pouco mais sobre esse ministério através do link "O MUNDO EM FOCO" no site www.familiadapaz.com.br ou enviando um e-mail para omundoemfoco2008@hotmail.com.

via SEPAL - http://www.lideranca.org/

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sobre o apóstolo André: Um breve estudo

*
Protocletos


Karl Heinz Kienitz

Considero André uma das figuras mais peculiares do Novo Testamento. Com insistência referem-se a ele como “irmão de Simão”. A maioria de nós se incomodaria de ser constantemente lembrado como “irmão de fulano”. Parece-me, no entanto, que a indelicadeza dos outros nunca impactou as atitudes de André. Ao contrário, os poucos episódios em que é mencionado revelam um discípulo incomum, talvez o mais maduro dos apóstolos. A tradição ortodoxa o celebra como “Protocletos”, o que significa “o primeiro chamado”.

Depois de João Batista, André foi o primeiro a reconhecer em Jesus adulto o Messias (Jo 1.35-42). É impressionante constatar que a primeira reação de André não foi algum tipo de deleite intelectual ou êxtase espiritual, mas a iniciativa de levar seu irmão imediatamente à presença de Jesus. Esta conseqüência missiológica de André revela não só prioridades bem resolvidas, mas uma profunda segurança e perspicácia centrada nas coisas de Deus. Nas ocasiões em que Jesus ensinou sobre o final dos tempos (como em Mc 13.2-4) tenho como certo que André era o único a compreender algo do que o mestre dizia.

Quando Jesus, a título de teste, desafiou os discípulos a alimentarem uma multidão (Jo 6.5-11), Felipe apresentou uma excelente análise da impossibilidade da empreitada proposta. André, por outro lado, prontamente trouxe a Jesus os poucos pães e peixes disponíveis, mesmo sabendo serem insuficientes, e confiou a situação ao mestre que, como bem recordamos, sobrenaturalmente multiplicou os recursos levantados por André. A perspectiva correta de pessoas, de recursos e de Jesus que André revela de forma tão natural nesta história impactam-me profundamente.

Noutro episódio, alguns gregos vieram ver Jesus (Jo 12.20-22). Por algum motivo dirigiram-se primeiro a Felipe, que não soube o que fazer temendo provavelmente um novo episódio escandaloso, como aquele ocorrido com a mulher sírio-fenícia (Mc 7.28). Ocorreu a Felipe consultar André, que mostrou-se senhor da situação: tirou Felipe de sua perplexidade e levou aqueles estrangeiros a Jesus.

O testemunho bíblico da vida do “Protocletos” é sucinto, porém poderoso, e nos desafia a:
• sermos espiritualmente sensíveis e perspicazes, centrados nas coisas de Deus;
• levarmos pessoas a Jesus;
• termos a perspectiva correta de pessoas, dos recursos e do mestre;
• estarmos disponíveis a ajudar outros em seus momentos de perplexidade.


• Karl Heinz Kienitz é doutor em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça, em 1990, e professor da Divisão de Engenharia Eletrônica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. (www.freewebs.com/kienitz)

FONTE: Ultimato - http://www.ultimato.com.br

sábado, 18 de outubro de 2008

OS PERIGOS DA LÍNGUA


No livro “A Língua – Domando esta fera”, do Pr. Josué Gonçalves, o autor procura mostrar algumas razões por que a Bíblia insiste nas advertências quanto ao uso disciplinado da língua:

1° – A indisciplina no uso da língua destrói amizades e separa amigosPv 17.9: “Aquele que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que revolve o assunto separa os maiores amigos.”

2° – A língua é uma influência maior quando usada para o mal do que para o bem;

3° – Através do mal uso da língua espalha-se o veneno no Corpo de Cristo (a Igreja); Tg 3.8: “Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. ”

4° – A qualidade da vida em família depende do que é falado no lar; 1 Pe 3.10: “Porque Quem quer amar a vida, E ver os dias bons, Refreie a sua língua do mal, E os seus lábios não falem engano. ”

5° – O destino da alma de uma pessoa é determinado pelas suas palavras; Mt 12.36,37: “Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.”

6° – O estado da alma de uma pessoa depende do que sai da sua boca; Pv 21.23: “O que guarda a sua boca e a sua língua guarda a sua alma das angústias.”

7° – A autenticidade da religião se manifesta através do que falamos; Tg 1.26: “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã.”

8° – Palavras podem contaminar como um vírus; Mt 15.11: “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem.”

9° – O que sai da boca revela o que está no coração; Mt 12.34: “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.”

10° – O que sai da boca do cristão pode ser bênção ou maldição; Tg 3.10: “De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.”

FONTE: Revista Lições da Palavra de Deus (Ed. Central Gospel), n° 14

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Entrevista com Valdemiro Santiago


Em entrevista exclusiva à revista Eclesia (http://www.eclesia.com.br/),Valdomiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder Deus fala sobre sua vida e discute o que faz com que sua denominação seja a que mais cresce hoje no Brasil

ECLÉSIA - Recentemente a Igreja Mundial do Poder de Deus assumiu 22 horas diárias da programação da Rede 21. Quais são seus planos com todo esse horário na televisão?

VALDEMIRO SANTIAGO - O projeto é pregar a salvação e a grande vantagem está no número de pessoas atingidas. Na igreja, prego para 15 mil, na televisão, para 15 milhões. Também atingimos em seus lares pessoas que de outra forma não ouviriam, porque não costumam ir à igreja. Já estamos lá há seis anos e agora vamos ter mais tempo. Começaremos com testemunhos, oração, cultos. Haverá duas horas de jornalismo durante a programação, produzido pela Bandeirantes. Mais para frente, vamos diversificar a programação, com outras atrações, inclusive de variedades. Queremos fazer televisão de qualidade, mas nem por isso deixaremos de lado programas que temos também em outras emissoras. Nossa idéia é crescer e ampliar.

EC - O senhor costuma usar dois bordões “vem pra cá Brasil” e “aqui o milagre acontece”. Deus tem realizado um avivamento pela Igreja Mundial? Qual é o segredo disso tudo?

VALDEMIRO - Não tenho dúvidas de que o Brasil está experimentando um avivamento e este ministério faz parte dele. Não apenas aqui, mas em outros países como a Argentina. Nesses lugares, multidões estão vindo sedentas e correm notícias de grandes sinais e milagres. Tudo isso seria impossível sem a renúncia. O que quero dizer: nós, homens, atrapalhamos demais o trabalhar de Deus. Lendo a Bíblia, percebo que a entrega, a renúncia foram essenciais para que homens simples fizessem grandes obras. Quanto menos eu atrapalhar, mais Deus vai operar. Nunca poderei atribuir o que Deus está fazendo por meio da Igreja Mundial do Poder de Deus a mim. Se o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza e ele age assim em nosso ministério, só posso dizer que sou o mais fraco dos homens. Procuro praticar e ensinar isso a nossos pastores. O pregador, como tantos dizem, mas não praticam, deve glorificar o nome de Jesus. Vi em minha vida que apenas talento e esforço não resolvem todos os problemas. Por mais que lutasse, dormi muito tempo escorado em portas de igrejas e sem o pão de cada dia. A igreja que o senhor lidera é provavelmente aquela que mais cresce na atualidade. Dados da própria denominação falam em mais de 500 templos só no Brasil e um crescimento de 200%, com 20 novos templos abertos por semana nos últimos meses. O que representam tantos números para vocês? Não é uma questão de números. Existe uma necessidade de se pregar o Evangelho. As pessoas têm sede da Palavra, mas por causa do grande crescimento da maioria das igrejas, o Evangelho tem sido confundido com religiosidade, com freqüência a cultos em busca de benefícios pessoais. Porém, uma coisa é o poder de Deus, que muda a pessoa, outra, a religião, um costume, uma tradição. Deus criou essa obra [a Igreja Mundial] e viu a entrega e a simplicidade, um esvaziamento, que permitiu a ele encher-nos de sua grandeza. É simples. As multidões continuarão chegando. O crescimento é decorrente dessa necessidade da pregação da Palavra genuína. Também há um caráter profético. A vinda de Jesus está próxima. Junto com outros ministérios sérios, continuaremos a levar a mensagem da salvação, o Evangelho simples.

EC - Então, o que leva a esse crescimento é a busca pelas curas, sinais e maravilhas?

VALDEMIRO - São muito importantes, pois as pessoas estão escandalizadas e até incrédulas quanto aos grandes ministérios. Mas quem tem dúvidas deveria nos investigar. É impossível qualquer ser humano fazer tais coisas. Aqui acontece o sobrenatural, o poder de Deus em ação. Nós não podemos curar cegos, paralíticos, cancerosos, aidéticos. E há curas comprovadas em todos esses casos. Assim a Palavra é fundamentada. Há uma necessidade das pessoas verem milagres para serem atraídas, convencidas e se arrependerem. Vivemos em um mundo com muitos problemas sociais e as pessoas encontram conforto e resposta no Evangelho. Milagres e curas fizeram parte do ministério de Jesus e dos apóstolos, mesmo sem as ferramentas que temos hoje para divulgá-los: televisão, internet, revistas, jornais. Se Jesus tivesse esses meios, tenho certeza que iria usá-los, pois potencializam qualquer ministério. Os milagres que leio na Bíblia, tenho também visto pessoalmente.

EC - Pode contar algumas dessas histórias que tanto o impressionaram e que mais marcaram seu ministério?

VALDEMIRO - Uma delas foi de um homem que morreu. Como se diz no Nordeste, “estava na pedra”. A família, inclusive, já tinha recebido o atestado de óbito. A filha dele chegou em mim na igreja, abraçou-me e disse: “Se o senhor disser que ele está vivo, ele viverá”. O que houve ali foi pela fé dela. Comovido, respondi: “Então, está vivo”. Quando ela voltou para casa, estavam se preparando para velar o corpo e receberam a notícia de que o homem havia voltado à vida. Os médicos tentaram justificar, mas não conseguiam entender como o coração voltou a bater. Foi uma ressurreição. Há alguns dias, um homem aqui em São Paulo, doente terminal de Aids, que mais parecia um esqueleto e vivia deitado na cama, sem condições para andar, foi curado. O homem tem 1,80 metro e chegou a pesar 30 quilos. Temos todos os exames, antes e depois, comprovando a cura. O vírus não ficou apenas indetectável, desapareceu do organismo dele mesmo. Há algum tempo conheci um senhor de mais de 60 anos que era ateu. Ele foi curado de um câncer e se converteu. Também batizei outro, de 86 anos, que a vida toda militou no ateísmo. Ele me abraçou e disse: “Graças a Deus, que me fez conhecê-lo”. Às vezes, coloco a cabeça no travesseiro quando passo alguma luta ou perseguição e não consigo dormir, abatido ou querendo esmorecer, e o Espírito Santo me lembra de tudo isso que tem acontecido. Ele me diz: “Se faço isso na vida de todos os eles, também faço na sua”.

EC - BHoje existem teorias sobre batalha espiritual e libertação que envolvem conceitos complicadíssimos como mapeamento espiritual e regressão. Seus cultos enfatizam libertação, curas e milagres, mas o senhor crê nesses ensinos?

VALDEMIRO - Conhecer é importante, mas tem gente que, nessa busca, acaba dificultando as coisas. Não vejo o Evangelho dessa forma. Por isso, buscamos simplificá-lo. Tenho consciência que, dentre tantos pregadores que estão com algum destaque na atualidade, eu sou o menor, com menos conhecimento. Não sou versado na letra. Leio a Bíblia todos os dias, mas não para mostrar erudição ou demonstrar na televisão ou no púlpito. Leio para me alimentar. Na verdade, leio a Bíblia como quem busca um prato de comida. Você prega uma hora, duas horas, fala com eloqüência e arranca aplausos e choro da platéia. Depois vem outra pessoa, que fala um português sofrível, mas, pela fé, faz o paralítico andar. Qual terá mais credibilidade diante do público? Eu prefiro ser este último homem. No tempo de Jesus, os sacerdotes e escribas eram homens de grande conhecimento. O próprio Nicodemos mostrou que sabia muito. Mas reconheceu diante de Cristo que ninguém poderia fazer aqueles sinais, se Deus não fosse com ele. É disso que precisamos. A Palavra precisa voltar a salvar, curar, libertar e prosperar. Tem gente que é muito inteligente para inventar formulas. Dou graças a Deus por não ter inteligência para isso. Não falo em sabedoria, pois a pessoa sábia não fica buscando e se preocupando com isso. Preocupa-se em promover o Reino de Deus e ver a multidão glorificar a Deus.

EC - Como o senhor avalia a Igreja Evangélica brasileira em geral?

VALDEMIRO - Infelizmente, temos de admitir que está enferma. Mudamos, modificamos certas regras, buscamos nos modernizar. O pastor quer acompanhar as mudanças na sociedade. O que não falta é gente sugerindo: você precisa mudar, acompanhar os novos tempos, evoluir, adaptar-se ao mundo, fazer política. A política é de Deus, embora alguns crentes tenham deixado a desejar. Mas não posso me confundir: sou um pastor. Em nossa igreja, Deus chamou pessoas para mexer com política. Se eu começar a negociar acordos, vou desvirtuar o Evangelho. A mesma coisa acontecerá se quiser dirigir a igreja como uma empresa. Não sou empresário. Tenho políticos e empresários na igreja e nós os abençoamos. A meu ver, muitas autoridades espirituais, grandes homens de Deus estão divididos entre serem pastores e políticos ou empresários. Atribuo essa fraqueza à falta de ensino e à falta de tempo das lideranças para dedicar à pregação da Palavra. Se os líderes das grandes igrejas fizessem isso, descessem do pedestal, ficando em seus lugares – aos pés de Cristo –, experimentaríamos um avivamento de fato no Brasil e não somente de números.


EC - O senhor fala muito sobre oração, vigílias, busca nos montes. A Igreja brasileira está enfraquecida por que perdeu tudo isso de vista?

VALDEMIRO - Creio que se vemos curas e maravilhas em nosso meio, em grande parte é devido a essa busca. Eu não posso dar aquilo que não tenho, que não recebi. E só recebo se buscar. É a lei da semeadura: só colhe quem planta. Se Jesus buscava nas madrugadas, ia aos montes para orar, por que não seguimos seu exemplo? Muita gente costuma me criticar porque vou ao monte, dizendo que isso não existe mais, que é perigoso. Não critico essas pessoas e não quero saber desse tipo de crítica em relação a mim. Eu, um pecador, não deveria ir, deveria morar no monte, viver em vigílias. O importante é o resultado. E cada vez mais gente que segue este exemplo vem nos procurar feliz, liberta, salva, cheia da presença de Deus.

EC - A Igreja no Brasil é especialista em promover grandes eventos e concentrações de sucesso. Mas não em segurar as pessoas e fazê-las crescerem espiritualmente. Como você encaram essa realidade por aqui?

VALDEMIRO - A Bíblia trata o líder, o pastor, como um construtor. Aquele que é prudente precisa ver que materiais vai usar e como lançará o alicerce. Se, após verificar o solo, fará uma fundação superficial ou outra, mais profunda, mas que também ofereça mais segurança. Não sou engenheiro ou arquiteto, mas sei que sem trabalho, nada se faz. Trazendo para o lado espiritual, a mesma regra vale para a pregação. Nunca preguei milagres. Não é necessário falar de um cego há dois mil anos, se posso mostrar o cego curado hoje. A não ser quando a pregação fala da atitude daquele que foi curado: o cego que seguiu Jesus, aquele dentre os dez leprosos que voltou para agradecer. O material empregado é a Palavra de Deus. Nossa pregação e ensinos são ministrados nos cultos e em programas de televisão. Igrejas que normalmente fazem grandes movimentos, não têm tempo para pregação e ensino. Apenas realizam campanhas. As pessoas recebem – às vezes, não recebem, porque sem eles é difícil para receber – e Jesus é apresentado a elas como o dono do supermercado, do depósito, ao qual o interessado vai para comprar. Garanto que não temos problema de grande rotatividade. Atribuo isso à pregação. Ensino que o principal não pode ser o milagre físico ou financeiro, mas a salvação. Senão, quando estiver no deserto, sem milagres, o crente corre o risco de ficar igual aos hebreus no deserto e murmurar. Para permanecer na presença de Deus, temos que nos agradar dele como diz o Salmo 37 e nunca atribuir a Deus seus fracassos ou problemas. Com quem nos identificamos? Com Jó ou com sua esposa? Bênçãos e milagres são conseqüências da comunhão que temos com ele.

EC - Como teve início sua caminhada espiritual? E como aconteceu sua conversão?

VALDEMIRO - Eu era católico como a maioria aqui no país: não queria nem saber de ir à igreja. Na verdade, eu era menino ainda. Com a morte de minha mãe, saí da casa de meu pai. Tinha 12 anos. Perder minha mãe foi um golpe duro, ela era rígida, mas nos fazia sentir protegidos. Não conseguia conviver com as famílias de meus irmãos mais velhos, casados. Estava machucado, era rebelde. Com 14 anos fui embora. Vivi momentos difíceis. As más companhias que encontrei, trataram de me afundar de vez. Passei fome, dormi na rua, tornei-me um viciado e contraí diversas doenças. Meus irmãos até vieram atrás de mim, mas eu não deixava que me ajudassem. Maltratava-os. Um dia, depois de passar a noite em claro, estava na frente de uma igreja e o pastor, rapaz novinho, convidou-se para entrar. Estava tão cansado que aceitei, claro. Só queria fechar os olhos e descansar, mas Deus tinha outros planos e naquela reunião me alcançou.

EC - Durante vários anos, o senhor atuou como pastor e bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Inclusive no exterior. Em Moçambique, sofreu uma das maiores adversidades de sua vida. Como foi?

VALDEMIRO - Aconteceu em 1996 e foi um naufrágio. Mas não um acidente. Sabotaram nosso barco para tirar minha vida. Em Moçambique, pescava e dava os peixes às comunidades carentes. O crescimento da igreja, no entanto, começou a incomodar outras lideranças. Certo dia, fomos pescar e quando já estávamos em alto mar, percebemos que a embarcação fazia água. Estava com mais dois pastores e um músico. Disse a eles que me esperassem, pois ia buscar socorro. Um dos pastores ficou em uma bóia que deixamos lá para marcar o local, próximo ao naufrágio, em um recife. Mas os outros dois resolveram me acompanhar. Como tinham corpos atléticos e eu era bastante obeso, tinha 153 quilos, pensaram: “Se o bispo vai, também podemos ir”. O problema é que foi uma decisão de fé. Acho que nem o melhor nadador, fosse ele o Gustavo Borges ou o César Cielo, conseguiria nadar ali. A água do oceano estava tão gelada que havia risco de congelar. Fora isso, tinha a distância e os tubarões que procriavam na região. Como a corrente estava forte e as ondas enormes, logo perdi o contato com eles. Nadei sem parar por oito horas, desviando de tubarões. Perto da praia, dois homens me socorreram, como se carregassem uma pena. Meus olhos sangravam por causa da alta concentração de sal da água e não consegui vê-los direito. Depois dos primeiros-socorros, gritaram para outras pessoas e sumiram. Fui levado até a ilha vizinha, habitada. Lá, as equipes de socorro me ajudaram e foram atrás dos outros. O que ficou na bóia foi resgatado, mas os demais nunca mais foram encontrados. Outras vezes voltei àquela praia, mas não encontrei os dois primeiros que me ajudaram. Creio que eram anjos. Depois de tudo, a imprensa e técnicos do governo foram ao local. Não conseguiam acreditar que tinha sobrevivido. Não tenho dúvida que experimentei um grande livramento de Deus.

EC - Foi a partir daí que o senhor fundou a Igreja Mundial?

VALDEMIRO - Foi logo depois, mas não em virtude disso. É até difícil explicar como começou, mas foi pela vontade de Deus. Durante 18 anos, fiz parte de outro ministério. Mas aí comecei a discordar da forma como essa igreja estava agindo. Na minha opinião, já não pregava a Bíblia e ensinava o Evangelho como aprendemos. A Palavra de Deus é simples demais e sempre procurei prega-la dessa maneira. Já não via isso na igreja. Cheguei na minha esposa e disse a ela que não me sentia bem, pois não pregávamos mais a verdade. Mas era obrigado a obedecer à direção. Oramos a Deus e ele colocou em nosso coração para que saíssemos. Nada foi planejado. As pessoas souberam de nosso desligamento, estranhavam, perguntavam por que estávamos saindo e o que iríamos fazer. Eu apenas dizia que queria pregar o Evangelho de Jesus. Queriam saber como se chamaria a nova igreja. Eu não dizia. Falar o quê? Não havia parado para pensar nisso. Mas uma vez estava no carro, quando um amigo fez a pergunta e disse de supetão “Mundial do Poder de Deus”. Não estava preocupado com isso, veio de repente.

EC - A igreja já começou atraindo gente?

VALDEMIRO - Nada. Antes da primeira reunião, passamos a semana inteira evangelizando. Até estava acostumado com multidões. Na África, em menos de dois anos, batizamos quase 50 mil pessoas. Por isso, os primeiros resultados foram desanimadores. No horário da reunião, não havia ninguém. Atrasei meia hora e, mesmo assim, só havia 16 pessoas. Contando com minha esposa, filhas e três ou quatro pastores. Mas era Deus trabalhando, amassando e moldando o barro. Com muito trabalho, o número de freqüentadores foi aumentando e, em dois meses, precisamos mudar pela primeira vez de salão, pois aquele em que estávamos havia se tornado pequeno. Hoje, a cada reunião, há 2 a 3 mil pessoas novas toda vez. Nossa preocupação é que venha também o crescimento espiritual.

EC - Esse crescimento acaba incomodando outras denominações. Como o senhor encara as críticas e perseguição que sofre?

VALDEMIRO - Para mim é triste, pois vem justo de irmãos na fé. Já fui caluniado e ameaçada de morte junto com minha família. Eles têm medo de perder sua posição, seu prestígio, pessoas não virem às suas igrejas. O ciúme é um problema até na Bíblia. Eles olham para as multidões vindo à Igreja Mundial e temem. Isso não deveria acontecer, afinal, somos soldados do mesmo exército. Independente da minha igreja estar cheia ou não, louvo a Deus quando vejo uma outra, repleta e buscando a Deus. Creio que, mais cedo ou mais tarde, verão que não adianta ficar criticando e acabarão orando por mim. Já me habituei com as calúnias. Não é possível esconder um ministério que chama tanto a atenção. Ameaças também surgem, essas são mais difíceis, pois tantas vezes são diretas mesmo. Tentam até fechar nossos templos. Mas digo: para cada um que fecharem, abriremos outros dez.

EC - Quando acabam os cultos, muita gente vem até o senhor para tentar tocá-lo. O senhor não teme ficar com imagem de messias e ser idolatrado?

VALDEMIRO - Não tenho esse temor. Isso não parte de mim e não encorajo as pessoas a pensarem assim. Gente querendo chegar em você para receber uma benção é coisa comum. Na Bíblia, por exemplo, isso não aconteceu apenas com Jesus. Veja o caso de Pedro. Quem era ele? Um simples pescador. Mas, porque sua sombra curava, as multidões se chegavam a ele. As pessoas sabem que vêm de Deus e não do pregador. Mas, por ser mais palpável, acham que, se tocar nele, é mais fácil de obterem. Há um componente bíblico, não só de uma pessoa, mas de todos os servos de Deus, cheios de sua presença, fazerem as mesmas obras de Cristo. Sei que também pode distorcer a mensagem, por isso, digo que sou um canal da benção divina, mas não posso salvar ninguém. Sou carente da salvação e da cura como todos. Sou um comedor de frango com quiabo e angu que, quando fica doente, vai a Jesus como todos e pede sua misericórdia e cura.

Fonte: Revista Eclésia edição 126

sábado, 11 de outubro de 2008

ERASMO


Durante séculos, muitos cristãos não podiam ler a Palavra de Deus na sua própria língua. Em vez disso, eram encorajados a participar dos cultos em latim que poucos entendiam.

Em 1516, o teólogo holandês Erasmo, compilou e publicou o primeiro Novo Testamento na linguagem do grego original. Esse trabalho histórico foi a base para a posterior publicação da Bíblia em alemão de Lutero, da Bíblia inglesa de Tyndale e da Versão King James. Essas traduções contribuíram para que as Escrituras se tornassem compreensíveis a milhões de pessoas ao redor do mundo.

Erasmo não podia medir a influência que teria o seu Novo Testamento em grego, mas ele tinha uma paixão por transmitir a mensagem a pessoas leigas de todas as esferas sociais. No prefácio, ele escreveu: “Eu gostaria que [os Evangelhos e as epístolas] fossem traduzidas em todos os idiomas... Anseio que o menino no arado os cante enquanto trabalha [e] que o tecelão os cantarolasse, em sintonia com sua máquina de costura.”

O profeta Jeremias refletiu essa mesma paixão pela Palavra: “Quando as tuas palavras foram encontradas, eu as comi; elas são a minha alegria e o meu júbilo” (15:16).

Ter a Palavra de Deus em nosso próprio idioma permite-nos experimentar a alegria de meditar nela todos os dias. – HDF

A melhor maneira de extrair os tesouros da verdade da Palavra de Deus é com a pá da meditação.

in Devocional Nosso Andar Diário, 4° trimestre 2008 http://www.nossoandardiario.com

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Entrevista com Asaph Borba


"Deus pode até ouvir música, mas a ênfase de Deus não é a música, é o coração"

Por: Zazá Gomes

Quem participou do 34º Encontro Sepal teve o privilégio de louvar com Asaph Borba, músico evangélico, que por 30 anos exerce um ministério de louvor consistente. Autor de canções como: Jesus em Tua Presença, Minh’alma Engrandece ao Senhor, Deus É Fiel, Superabundante Graça, entre outros Asaph é um bom exemplo de servo.

Conheceu Jesus na década de 70 e em 1978 gravou o seu primeiro LP com o título Celebremos com Júbilo, juntamente com Don Stol, seu parceiro até hoje.

Membro da Comunidade Cristã em Porto Alegre, casado com Lígia Rosana e pai de Aurora e André, Asaph tem trabalhos gravados em Cuba, Colômbia, Argentina, Portugal, EUA, Jordânia, Iraque, Sudão, Israel e Alemanha.

Conheça um pouco mais deste ministro que acredita que um adorador tem que gerar adoradores.

Sepal: No que este Encontro se destaca dos outros?

ASAPH: É a terceira vez que participo de um Encontro da Sepal. Esse foi especial, fui muito edificado com a palavra do pastor africano, Ngwiza Mnkandla, seus ensinos são práticos. Tivemos um espaço novo para louvar. O ambiente espiritual desse Encontro demonstrou crescimento.

Sepal: Pode destacar um momento especial?

ASAPH: A vigília de adoração e oração que tivemos na noite de quarta-feira foi uma inovação. Foi muito gostoso estarmos juntos por cerca de uma hora e meia de pura adoração. Gostei muito também dos seminários que pude participar.

Sepal: O que você diz ao pastor que participa de um encontro como esse?

ASAPH: No Salmo 133 diz onde há comunhão, ali o Senhor ordena bênção e vida. Gosto não só da bênção, gosto do complemento: e a vida. Quando há irmãos unidos num só coração ali existe vida. Vi isto no Encontro Sepal, existe vida de Deus. A gente ficava horas em comunhão. Demorava uma hora e meia para chegar ao refeitório, depois mais uma hora e meia pra sair. Só conversando com os irmãos ..... Isso é vida.

Sepal: Sua simplicidade é algo que chama a atenção. Foi sempre assim?

ASAPH: Não. Isso é fruto de muito trabalho. Fui orientado por meus pais espirituais os pastores Erasmo Ungaretti e Moyses Moraes, não para ser cantor, nem ministro de louvor. Fui criado para ser um homem semelhante a Jesus. Isso é o que eu ensino pro meus filhos, e para os irmãos que caminham comigo: sejam semelhantes a Jesus esse é o propósito de Deus. É o que está em Romanos 8.29: Jesus é o primogênito entre muitos irmãos. Então nós devemos nos parecer com Ele. Jesus era assim, um homem simples. Andava no meio do povo. Curando pessoas simples. Em 2 Coríntios 11.3 diz que uma das estratégias do Diabo é roubar a simplicidade dos que são de Cristo. Uma pessoa que pertence verdadeiramente a Jesus, tem que ser simples. Tenho convivido com homens de Deus desse mundo inteiro e as pessoas que verdadeiramente se parecem com Jesus tem essa marca: a simplicidade, a acessibilidade. É pessoa no meio do povo. Não pessoa que chega tarde pra sair cedo, que quer os primeiros lugares, não! É gente no meio da igreja.

Sepal: O que você diz pra pessoa que tem dificuldade nesta área?

ASAPH: Jesus dá a dica. É sendo manso e humilde de coração. Sendo humildade de coração, ninguém fará de você um ídolo. Nunca fizeram de mim um ídolo. A idolatria nasce no coração do ídolo. Não é no coração das pessoas. Se você se colocar como um ídolo, terá alguém para idolatrá-lo. Se você se colocar como uma pessoa humilde diante de Deus, ninguém via te idolatrar. Tudo acontece dentro do seu próprio coração. Seja humilde. Mais famoso que Jesus, que tocava e curava e as pessoas estavam sempre ao seu redor. Ele estava sempre com as pessoas, entrando na casa dos outros, mas na simplicidade. Ele não se considerava um expoente. Se tivesse máquina fotográfica, acho que Jesus tiraria foto com todo mundo, se tivesse evangelho pra assinar, acho que Jesus assinaria todos eles. Assim como Ele faz até hoje todos os evangelhos são assinados por Jesus.

Sepal: Suas músicas são basicamente a Palavra. Como acontece o processo de composição?

ASAPH: Eu comecei cantando a Palavra de Deus. Durante os 10 primeiros anos, só cantava a Palavra. Depois comecei a fazer minhas próprias letras. Biblicamente correto, mas era minha própria palavra. Agora é bom retornar a cantar unicamente a Palavra de Deus. E a Palavra está sendo uma nova unção no meu ministério.

Sepal: Você falou das viagens que Deus tem permito fazer. O que sente quando está entre os irmãos de outros países? O que passa no seu coração?

ASAPH: É a continuidade do ministério que Deus tem me dado. Eu não vejo diferença em estar no exterior ou estar no interior do Brasil com os meus irmãos. Pra mim a igreja é uma só. Eu vejo o povo de Deus como uma única família, como Corpo de Cristo e eu sou uma célula. Uma simples célula que um dia está na unha, outro dia está no cabelo. Sou uma célula viva que leva a Palavra. Vejo meu ministério dentro do Corpo de Cristo.

Sepal: Como você vê a música evangélica hoje?

ASAPH: A música é uma ferramenta, não é um fim em si. A música é um fruto. Quando a música é fruto de uma vida de adoração é bênção, se não é um instrumento artístico, como outro qualquer. Deus pode até ouvir música, mas a ênfase de Deus não é música, a ênfase de Deus é o coração.

Sepal: O que você tem a dizer para um músico que está começando?

ASAPH: Tenha um coração para servir. Longevidade no ministério é ter um coração pra Deus, isso é o que todo músico deve ter em mente. Ele está ali não pra ser servido, mas para servir.

FONTE: SEPAL - http://www.lideranca.org/

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O LUTERO NEGRO

Por Hernani Francisco da Silva

A primeira tentativa de estabelecer uma igreja protestante no Brasil foi em 1555, que pretendia dar refúgio aos calvinistas franceses, perseguidos pela Inquisição européia. A segunda tentativa foi em 1630, quando os holandeses tomaram Recife, Olinda e parte do Nordeste, registrando a presença do protestantismo. Após a expulsão dos holandeses, em 1654, o Brasil fechou as portas aos protestantes por mais de 150 anos.

Com a chegada da família real, em 1808, e um “jeitinho português” abriu-se uma brecha no monopólio católico, permitindo a presença de outra religião que não fosse a católica. Os protestantes estrangeiros, no entanto, não podiam pregar nem construir igreja com torre, mais podiam reunir-se e cultuar a fé, comercializar a Bíblia e até distribuí-la.

Foi através dessa brecha que um negro letrado, alfaiate, chamado Agostinho José Pereira, conheceu a Bíblia e descobriu outra forma de cristianismo. Agostinho teve contato com protestantes estrangeiros que passaram pelo Recife. Por revelação divina, em sonho, tornou-se protestante.

Em 1841, Agostinho José Pereira começou a pregar pelas ruas do Recife. Nasceu, assim, a primeira igreja protestante brasileira, a Igreja do Divino Mestre, com seus mais de 300 seguidores, negros e negras, todos livres e libertos.

Agostinho ensinou-os a ler e a escrever, numa época em que os proprietários de terras eram analfabetos. No Brasil de 1841, fora das colônias colonizadas por estrangeiras não havia protestantismo algum. O negro Agostinho foi o primeiro pregador brasileiro.

Só depois, em 1858, o reverendo Roberto Kalley fundou a Igreja Fluminense, episódio considerado pela história oficial como data de fundação da primeira igreja protestante do Brasil. Depois vieram outras Igrejas como a presbiteriana (1859), a batista (1871), a luterana (1886), a anglicana (1889).

A Igreja do Divino Mestre era mística e teologicamente negra. A Igreja fundada por Agostinho falava de libertação bíblica, esperança de uma vida livre da escravidão, o povo negro como a primeira criação humana de Deus, e de um Cristo não-branco.

As idéias de Agostinho eram avançadas e perigosas para a época em que a Igreja Católica era a religião oficial do Estado, e não admitia nenhuma outra crença a não ser a igreja de Roma. Ao ler a Bíblia e pregar uma outra forma de cristianismo, Agostinho criticava o catolicismo com suas estátuas e santos intermediários. Ele tornou-se alvo de perseguição da Igreja Católica.

Mas não foi só a igreja que se sentiu ameaçada com as pregações de Agostinho. As autoridades e a Imprensa de Recife se alvoroçaram com as idéias do pastor negro que falava da libertação dos escravos, citava a revolução do Haiti e a insurreição escrava nos moldes dos negros mulçumanos na Bahia, acontecimentos que deixavam os escravistas brasileiros em arrepios. Ele era mais que subversivo, era negro em plena escravidão, era protestante num Estado católico, e pregava a libertação dos negros numa sociedade que sufocava qualquer movimento que ousasse tal feito. O negro Agostinho era um perigo para o Brasil da época.

A historia de Agostinho deixa muita perguntas sem resposta. Pouco se sabe da vida dele, de onde veio, para onde foi. O que se sabe é que ele era um negro letrado e que fundou a primeira igreja protestante brasileira, e que essa igreja era negra. Sabe-se também que na sua trajetória política conheceu Sabino, o líder da revolta baiana conhecida como a sabinada. Ele participou da Confederação do Equador.

Um fato marcante na vida de Agostinho foi a sua prisão em 1846. Graças a esse episódio ficou registrado um pouco da sua vida, documentada na imprensa de Recife e em inquérito policial, que hoje são fontes de pesquisas resgatando o legado desse grande homem.

A imprensa discutia até onde ele era um rebelde, um fanático religioso. Ele foi acusado de vigarista e enganador da boa fé de negros e pobres. Agostinho tinha 47 anos de idade quando foi preso. O chefe de policia da província suspeitava que a “seita” liderada por Agostinho tinha o objetivo de preparar uma insurreição de escravos. A policia cercou a casa onde a Igreja do Divino Mestre se reunia, prenderam Agostinho e seus fiéis.

Com a prisão de Agostinho a igreja que fundara expandiu-se pela cidade e a perseguição policial estende-se aos seus membros. No bairro de Boa Vista, a policia entrou na casa de um de seus lideres, interrogou-o e confiscou a Bíblia. A policia invadiu a casa de Agostinho e apreendeu textos intitulados como o ABC, textos esses que criaram um grande alvoroço por conter citações da revolução dos escravos do Haiti.

As perseguições prosseguiram aos membros da Igreja do Divino Mestre, que registrou 16 pessoas detidas. O seu advogado de defesa foi Borges da Fonseca, um liberal de Pernambuco.

Não se sabe o que aconteceu com o pastor negro Agostinho José Pereira depois da sua prisão. Um jornal da época noticiara que Agostinho fora solto por habeas corpus impetrado pelo advogado Borges da Fonseca e que quando passava nas ruas acompanhado pelos seus discípulos a multidão gritava e assoviava.

Ao passar por Pernambuco em 1852, o naturalista inglês Charles B. Mansfield referiu-se ao mestre como um “Lutero negro”, que não sabia onde ele estava, mas tinha ouvido que tinha sido condenado a três anos de prisão ou fora deportado.

O Lutero negro deixou um legado para a igreja e a sociedade brasileira. Para o Movimento Negro Evangélico ele deixou uma bela herança histórica: “a primeira Igreja Protestante do Brasil foi negra”.


Citações e Referências:

LÉONARG, Émile-G. O protestantismo brasileiro: estudo de eclesiologia e história social. 2ª ed. Rio de Janeiro: JUERP e ASTE, 1981.
CARVALHO, Marcus JM. Rumores e rebeliões: estratégias de resistência escrava no Recife, 1817-1848 - 49 - Tempo - Revista do Departamento De Historia da UFF - Nº 6 Vol. 3 - Dez. 1998.
--------- Fácil é serem sujeitos, de quem já foram senhores. O ABC do Divino Mestre. Afro-Ásia, número 031 Universidade Federal da Bahia, Brasil pp. 327-334, 2004.


FONTE: RENAS - http://www.renas.org.br

Via blog Cidadania Evangélica