sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

OBSTÁCULOS AO REAVIVAMENTO - Oswald Smith

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Trecho do capítulo 6 do livro Paixão Pelas Almas

Só há um obstáculo que pode bloquear o canal de bênçãos e frustrar o poder de Deus. Esse empecilho chama-se PECADO. O pecado é a grande barreira. Só o pecado pode impedir a atuação do Espírito e barrar o reavivamento espiritual. “Se eu no coração contemplara o pecado”, declarou o profeta Davi, “O Senhor não me teria ouvido” (Salmo 66:18). E no texto de Isaías 59:1,2 encontramos estas significativas palavras: “Certamente a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar, nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça”. Aí está, pois, a grande barreira: o pecado. É preciso derrubá-la. Não há outra alternativa. Não pode haver a menor transigência com o pecado. Deus não operará enquanto houver iniqüidade encoberta.

Lemos na passagem de Oseiás 10:12 como segue: “Semeai para vós em justiça, ceifai o fruto do constante amor, e lavrai o campo de lavoura, porque é tempo de buscar ao Senhor até que venha e chova a justiça sobre vós”. E em 2 Crônicas 7:14 é dada a promessa de benção. Aqui ela se baseia em condições inalteráveis: “... se o meu povo, que se chama pelo meu nome”, declara o Senhor Deus, “se humilhar, e orar e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a terra”. Por isso, nada menos que um coração quebrantado em vista do pecado, nada senão completa confissão e restituição, será capaz de satisfazer a Deus. O pecado tem de ser totalmente abandonado.

Está em foco não somente a tristeza por causa das conseqüências do pecado, e da punição imposta contra o pecado, mas o próprio pecado em si, pois é crime de lesa-divindade, gravíssima ilegalidade cometida contra Deus. O inferno é feito de remorso, por causa do castigo ali recebido. Não há autentica contrição, nem verdadeiro arrependimento. O homem rico não proferiu um única palavra denotativa de tristeza em face de seus pecados contra Deus (ver Lucas 16:29,30). Davi, embora culpado tanto de homicídio quanto de adultério, viu seu pecado como se fora cometido exclusivamente contra Deus (ver Salmo 51:4). O remorso não é a verdadeira tristeza que conduz ao arrependimento. Judas, embora despedaçado pelo remorso, jamais se arrependeu.

Ora, só Deus é poderoso para nos proporcionar um coração contrito e quebrantado, bem como a tristeza que resulta em confissão e abandono de pecado. E coisa alguma inferior a isso pode ser suficiente. “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus ”(Salmo 51:17). “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia ”(Provérbios 28:13). “Somente reconhece a tua iniqüidade, reconhece que transgride contra o Senhor teu Deus...” (Jeremias 3:13).

É muito comum que vejamos pessoas se ajoelhando perante o altar, invocando a Deus com aparente e profunda angústia de coração, as quais, no entanto, nada recebem do Senhor. E também é experiência comum que grupos de pessoas se reúnam para noites de oração, pedindo reavivamento; no entanto suas orações não são respondidas. Qual é a dificuldade? Onde está o obstáculo? Permitamos que a Palavra de Deus nos forneça a resposta: “... as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça”. Dessa maneira a primeira coisa que nos convém fazer é descobrir os nossos pecados. A seguir, compete-nos endireitar os nossos caminhos tortuosos, remover-lhes as pedras e os espinhos. Somente depois disso é que podemos rogar, movidos pela fé e grande expectativa, que nos sejam derramadas muitas chuvas de bênçãos.
Ora, é absolutamente necessário que erradiquemos os nossos pecados, um por um, eliminando cada um deles em separado. Para tanto, façamos a nós mesmos perguntas discriminadas abaixo. É possível que sejamos culpados de alguns desses delitos, e que Deus fale aos nossos corações.

(1) Tenho perdoado a todos? Há em mim alguma malícia, algum despeito ou ódio, violenta inimizade em meu coração? Conservo ressentimentos, ou tenho-me recusado a fazer reconciliação?

(2) Fico irado? Em meu peito ferve a cólera? É verdade que ainda perco a paciência? A ira ocasionalmente me arrasta por onde ela bem entende?

(3) Há algum resquício de inveja em mim? Quando alguém é preferido, e eu desprezado, sinto-me degradado? Cheio de despeito? Tenho inveja daqueles que sabem orar, falar ou fazer muitas coisas melhor do que eu?

(4) Perco a paciência e fico irritado? As pequeninas coisas me irritam e aborrecem? Ou antes me mantenho sempre gentil, calmo e imperturbável em todas as circunstâncias?

(5) Sinto-me ofendido com facilidade? Quando os outros deixam de notar minha presença ou passam por mim sem dirigir-me a palavra, fico ofendido? Se a outros é atribuída grande honra, ao passo que eu sou negligenciado, como me sinto?

(6) Há algum orgulho em meu coração? Fico soberbo? Dou excessiva importância à minha posição e às minhas realizações pessoais?

(7) Tenho sido desonesto? Meus negócios são francos e estão acima de suspeitas? Nosso metro tem cem centímetros e nosso quilograma tem mil gramas? Trabalho oito horas honestas? Pago um salário honesto a meus empregados?

(8) Tenho sido bisbilhoteiro? Fiz fuxico de meu próximo com alguém? Tenho caluniado o caráter alheio? Ajudei a espalhar historias falsas sobre outras pessoas, e me intrometo nas questões alheias?

(9) Critico os outros sem amor, com violência e perversamente? Vivo encontrando falhas nos outros?

(10) Roubo a Deus? Tenho roubado o tempo que pertence a ele? Tenho-lhe sonegado o dízimo?

(11) Sou mundano? Amo o resplendor, a pompa e a imodéstia do mundo?

(12) Tenho furtado? Porventura tenho-me apossado às ocultas de pequenas coisas que não me pertencem?

(13) Cultivo uma atitude de amargura contra os outros? Há ódio em meu coração?

(14) Minha vida se caracteriza pela frivolidade? Minha conduta é inconveniente? Por causa de minhas ações, o mundo me considera um dos seus?

(15) Tenho enganado a alguém e deixado de fazer restituição? Deixei-me escravizar pelo espírito de Zaqueu antes da conversão? Ou, como Zaqueu convertido, estou devolvendo as coisas – pequenas e grandes, pertencentes a outrem? Devo restaurar o ferido, desfazer o mal, reparar tudo que Deus me mostrou.

(16) Mostro-me preocupado ou ansioso? Tenho deixado de confiar em Deus quanto às minhas necessidades temporais e espirituais? Vivo pensando nas dificuldades, antes mesmo delas surgirem no horizonte?

(17) Tenho sido culpado de pensamentos sensuais? Permito que a minha mente acolha imaginações impuras e ímpias?

(18) Sou veraz no que digo, ou antes exagero as coisas, ou as diminuo, e assim transmito impressões falsas? Tenho sido mentiroso?

(19) Sou culpado do pecado de incredulidade? A despeito de tudo quanto ele tem feito por mim, contínuo recusando-me a confiar na sua Palavra? Sou dado a murmurações e queixumes?

(20) Tenho cometido o pecado de negligência na oração? Oro pelos outros? Quanto tempo dedico à oração? Quantas horas passo diante da televisão? Quantas horas gasto em esportes, divertimentos, lazer e outras atividades?

(21) Estou negligenciando a Palavra de Deus? Quantos capítulos da Bíblia costumo ler diariamente? Estudo a Bíblia? Amo-a? Faço das Escrituras a fonte de meu suprimento espiritual?

(22) Tenho deixado de confessar a Cristo abertamente? Sinto vergonha de Jesus? Mantenho a boca fechada quando cercado de pessoas do mundo? Estou testemunhando diariamente de meu Salvador?

(23) Sinto a responsabilidade pela salvação de almas? Tenho amor pelas almas perdidas? Há no meu coração alguma compaixão por aqueles que perecem?

(24) Perdi o meu primeiro amor, e não me sinto mais aquecido pelo fogo de Deus?

Estes são, geralmente, os elementos que influem em nossa dedicação à obra de Deus no meio do seu povo. Sejamos honestos e apliquemos ao nosso comportamento a designação que nos cabe com a toda a propriedade. “PECADO” é o vocábulo usado por Deus. E quanto mais depressa admitir-mos que temos cometido pecado, e estivermos dispostos a confessá-lo e abandona-lo, mais cedo poderemos esperar que Deus nos ouça e opere com seu poder infinito. Portanto, vamos remover o obstáculo, tudo quanto serve de pedra de tropeço, antes de dar outro passo. “Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1 Coríntios 11:31). “Já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus...” (1 Pedro 4:17).

Em nossa época, noite após noite sermões são pregados sem que haja transformações, sem que se obtenham quaisquer resultados palpáveis.

Num reavivamento real, um presbítero, ancião ou diácono desfalece em agonia, faz confissão e, dirigindo-se à pessoa a quem enganou, roga-lhe encarecidamente que o perdoe. Uma mulher, talvez uma das obreiras mais preeminentes, que se quebranta e, derretida em lágrimas, confessa publicamente que tem sido uma grande bisbilhoteira, que falou mal de algumas irmãs, espalhou boatos de outras, ou que não conversa com certas pessoas que com ela se assentam nos bancos da igreja. Só depois da confissão e da restituição, só depois de o terreno bruto ter sido arado, só depois de o pecado ter sido confessado e reconhecido, sim, só depois dessas providências é que o Espírito de Deus desce sobre as pessoas. Nunca antes. Só assim é que o reavivamento espiritual se estende por toda a comunidade.

Geralmente há apenas um pecado, um só empecilho. Como Aça, no acampamento do povo de Israel. Mas Deus põe o dedo na ferida. No ponto exato. E não o retira enquanto a ferida não houver sido sarada, enquanto o pecado não for confessado e abandonado.

Assim sendo, apreciemos antes de mais nada a oração de Davi. Ei-lo que clama: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139:23,24). Tão logo o obstáculo do pecado tenha sido removido, Deus desce em poderoso reavivamento espiritual.

Oswald Smith

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