sábado, 31 de janeiro de 2009

O Papado — dos primórdios até João Paulo II

por

Alderi Souza de Matos

Desde uma perspectiva protestante, o papado não é uma instituição de origem divina, mas resultou de um longo e complexo processo histórico. As Escrituras não dão apoio a essa instituição como uma ordenança de Cristo à sua igreja. É verdade que o Senhor proferiu a Pedro as bem conhecidas palavras: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16.18). Todavia, isto está muito longe de declarar que Pedro seria o chefe universal da igreja (o primado de Pedro) e que a sua autoridade seria transmitida aos seus sucessores (sucessão apostólica). As primeiras gerações de cristãos não entenderam as palavras de Cristo dessa maneira. Tanto é que em todo o Novo Testamento não se vê noção de que Pedro tenha ocupado uma função especial de liderança na igreja primitiva. No chamado "Concílio de Jerusalém", narrado no capítulo 15 de Atos dos Apóstolos, isso não aconteceu, e o próprio Pedro não reivindica essa posição em suas duas epístolas. Antes, ele se apresenta como apóstolo de Jesus Cristo e como um presbítero entre outros (1 Pe 1.1; 5.1).

Mais difícil ainda é estabelecer uma relação inequívoca entre Pedro e os bispos de Roma. Os historiadores não vêem uma base absolutamente segura para afirmar que Pedro tenha estado em Roma, quanto mais para admitir que ele tenha sido o primeiro bispo daquela igreja. Ademais, é um fato bem estabelecido que não houve episcopado monárquico no primeiro século. As igrejas eram governadas por colegiados de bispos ou presbíteros (ver At 20.17, 28; Tt 1.5, 7).


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Deus ainda não morreu

Em pleno século 21, filósofos encontram novos argumentos para defender a existência do Todo-poderoso.

Por Troy Anderson e William Lane Craig

Lee Strobel (à esquerda) em debate sobre o Design Inteligente: para ele, a reação da apologética cristã tem relação direta com os desafios que o Cristianismo enfrenta.

Nos últimos tempos, o mercado literário tem sido inundado por títulos defendendo o ateísmo. Boa parte deles viraram best-sellers – caso de Deus, um delírio, de Richard Dawkins, o mais ruidoso lançamento recente nesta linha. Pode-se supor, à primeira vista, que seja impossível aos pensadores modernos defender intelectualmente a existência de Deus. Todavia, um exame rápido nos livros do próprio Dawkins, bem como de autores como Sam Harris e Christopher Hitchens, entre outros, revela que o chamado novo ateísmo não possui base intelectual e deixa de lado a revolução ocorrida na filosofia anglo-americana. Tais obras refletem mais a pseudociência de uma geração anterior do que retratam o cenário intelectual contemporâneo.

O ápice cultural dessa geração aconteceu em 8 de abril de 1966. Naquela ocasião, o principal artigo da revista Time, um dos maiores semanários da imprensa americana, foi apresentado numa capa completamente preta, com três palavras destacadas em vermelho: “Deus está morto?”. A história contava a suposta “morte” de Deus, movimento corrente na teologia naquela época. Porém, usando as palavras de Mark Twain, a notícia do “falecimento” do Criador foi prematura. Ao mesmo tempo em que teólogos escreviam o obituário divino, uma nova geração de filósofos redescobria a vitalidade de Deus.

Para entender melhor a questão, é preciso fazer uma pequena digressão. Nas décadas de 1940 e 50, muitos filósofos acreditavam que falar sobre Deus era inútil – aliás, verdadeira tolice –, já que não há como provar a existência dele pelos cinco sentidos humanos. Essa tendência à verificação acabou se desfazendo, em parte porque os filósofos descobriram simplesmente que não havia como verificar a verificação! Esse foi o evento filosófico mais importante do século 20. O fim do império da verificação libertou os filósofos para voltarem a tratar de problemas tradicionais que haviam sido deixados de lado.

Com o renascimento do interesse nas questões empíricas tradicionais, sucedeu algo que ninguém havia previsto: o renascimento da filosofia cristã. A mudança começou, provavelmente, em 1967, com a publicação do livro God and Other Minds: A Study of the Rational Justification of Belief in God (“Deus e outras mentes: um estudo sobre a justificação racional da crença em Deus”), de Alvin Plantinga. Seguiram-se a ele vários filósofos cristãos, que militaram escrevendo em periódicos eruditos, participando de conferências e publicando suas obras nas melhores editoras acadêmicas. Como resultado, a aparência da filosofia anglo-americana se transformou. Embora talvez ainda seja o ponto de vista dominante nas universidades americanas, o ateísmo hoje é uma filosofia em retirada.

Em um artigo recente, o filósofo Quentin Smith, da Universidade Western Michigan, lamentou o que chama de “dessecularização” da academia, que no seu entender evoluiu nos departamentos de filosofia desde o fim dos anos 60. Ele se queixa da passividade dos naturalistas diante da onda de “teístas inteligentes e talentosos que entram na academia hoje”. E conclui: “Deus não está morto na academia; voltou à vida no fim da década de 60 e hoje está vivo em sua última fortaleza acadêmica – os departamentos de filosofia”.

Teologia naturalO renascimento da filosofia cristã foi acompanhado pelo ressurgimento do interesse na teologia natural, ramo que tenta provar a existência de Deus sem usar a revelação divina. O alvo dessa teologia natural é justificar uma visão de mundo teísta ampla, que é comum entre cristãos, judeus e muçulmanos – e, claro, deístas. Embora poucos os considerem provas atraentes da existência de Yahweh dos cristãos, todos os argumentos tradicionais a favor da veracidade de Deus, além de alguns novos, encontram hoje defensores hábeis.

O argumento cronológico, por exemplo, defende que tudo o que existe tem uma explicação para sua existência, seja na necessidade de sua natureza ou em uma causa externa. E, se há uma explicação para a existência do universo, essa é a existência de Deus. Trata-se de um argumento com validade lógica, já que uma causa externa para o universo tem de estar além do espaço e do tempo; portanto, não pode ser física nem material. O argumento cronológico é defendido por estudiosos como Alexander Pruss, Timothy O’Connor, Stephen Davis, Robert Knoos e Richard Swinburne, entre outros.

Já o argumento cosmológico considera que tudo que começa a existir tem uma causa; portanto, se o universo passou à existência, também ele tem uma causa. Stuart Hackett, David Oderberg, Mark Nowacki e eu, particularmente, o defendemos. A premissa básica com certeza parece mais plausível do que sua negativa – afinal, acreditar que as coisas simplesmente comecem a existir sem uma causa é pior do que acreditar em mágica. Ainda assim, é surpreendente o número de ateus que evitam tal explicação. Tradicionalmente, os ateus defendem a eternidade do universo. Há, porém, muitos motivos, tanto filosóficos quanto científicos, para duvidar dessa eternidade. Para a filosofia, por exemplo, a idéia de passado infinito é absurda; se o universo nunca teve início, então o número de eventos históricos é infinito. Essa idéia é muito paradoxal, e, além disso, levanta um problema: como o evento presente poderia acontecer se houvesse um número infinito de eventos para acontecer antes?

Além do mais, uma série notável de descobertas astronômicas e astrofísicas do século passado conferiu nova vida ao argumento cosmológico. Temos, hoje, evidências bem fortes de que o universo não é eterno no passado, mas que teve um início absoluto há cerca de 13,7 bilhões de anos, em um cataclismo conhecido como Big Bang. Esta tese é espantosa porque representa a origem do universo a partir de praticamente nada – afinal, toda matéria e energia, inclusive o espaço e o tempo físicos, teriam derivado dele. Os recentes experimentos com o LHC, o mega-acelerador de partículas instalado nos Alpes suíços, caminham justamente nesta direção. Alguns cosmólogos até tentaram fabricar teorias alternativas para fugir a esse início absoluto – porém, nenhuma delas foi aceita pela comunidade científica.

Em 2003, os cosmólogos Arvind Borde, Alan Guth e Alexander Vilenkin conseguiram provar que qualquer universo que exista, em estado de expansão como o nosso, não pode ter passado eterno; mas teve, necessariamente, um início absoluto. “Os cosmólogos não podem mais se esconder atrás da possibilidade de um universo com passado eterno”, diz Vilenkin. “Não há como fugir – eles têm de encarar o problema do início cósmico”. Segue-se, então, que precisa ter havido uma causa transcendente que trouxe o universo à existência. Uma causa plausível no tempo, acima do espaço, e portanto, imaterial e pessoal.

“Assinatura de Deus”Resta o argumento teológico. Este permanece firme como sempre, defendido, em várias formas, por gente como Robin Collins, John Leslie, Paul Davies, William Dembski e Michael Denton. Ultimamente, com o movimento denominado Projeto Inteligente, boa parte destes pesquisadores prosseguem na tradição de encontrar exemplos da “assinatura de Deus” nos sistemas biológicos. Todavia, o ponto sensível da discussão enfoca a recente descoberta da sintonia do cosmos com a vida. Essa sintonia assume dois aspectos – primeiro, porque quando as leis da natureza são expressas em equações matemáticas, como a da gravidade, apresentam certas constantes. Logo, não determinam esses valores. Segundo, há certas variantes arbitrárias que fazem parte das condições iniciais do universo – a quantidade de entropia, por exemplo. Essas constantes e quantidades se encaixam em um alcance extraordinariamente pequeno de valores que permitem a existência de vida. Se fossem alteradas em valor inferior ao da grossura de um fio de cabelo, o equilíbrio que permite a existência e sustentação da vida seria destruído – ou seja, não haveria vida.

A essência dessa argumentação é de que a existência do universo, tal qual o conhecemos, decorre do acaso ou de um projeto. Quanto ao acaso, teóricos contemporâneos cada vez mais reconhecem que as evidências contra a sintonia são quase insuperáveis, a não ser que se esteja pronto a aceitar a hipótese especulativa de o nosso universo ser apenas um membro de um hipotético conjunto infinito e aleatório de universos. Nesse conjunto, pode-se imaginar qualquer tipo de mundo físico, e obviamente só encontraríamos um onde as constantes e quantidades são compatíveis com nossa existência.

Claro que todos esses argumentos são objeto de réplicas e contra-réplicas – e ninguém imagina que algum dia se chegará a consenso. Na verdade, há sinais de que o gigante adormecido do ateísmo, após um período de passividade, vai despertando de sua soneca e entrando na briga. J. Howard Sobel e Graham Oppy escreveram livros grandes e eruditos criticando os argumentos da teologia natural, e a Cambridge University Press lançou Companion to Atheism (“Companheiro do ateísmo”) no ano passado. De toda forma, a simples presença do debate na academia prova como é saudável e vibrante a visão de mundo teísta hoje.

Relativismo Muita gente pode pensar que a reaparição da teologia natural em nossos dias seja apenas trabalho desperdiçado. Afinal, não vivemos em uma cultura pós-moderna, onde o apelo a argumentos apologéticos como esses deixaram de ser eficazes? Hoje, não se espera mais que argumentos para defender o teísmo funcionem. Não por outra razão, cada vez mais cristãos apenas compartilham sua história e convidam outros a participar dela.

Esse tipo de raciocínio carrega um diagnóstico errado, desastroso para a cultura contemporânea. A suposição de que vivemos em uma cultura pós-moderna não passa de mito. Na verdade, esse tipo de cultura é impossível; não poderíamos viver nela. Ninguém é relativista quando se trata de ciência, engenharia e tecnologia – o relativismo é seletivo, só surge quando o assunto é religião e ética. Mas é claro que isso não é pós-modernismo; é modernismo! Não passa do antigo verificacionismo, que sustentava que tudo que não se pode testar com os cinco sentidos é uma questão de preferência pessoal.

Fato é que vivemos em uma cultura que continua profundamente modernista. Se não for assim, não haverá explicação para a popularidade do novo ateísmo. Dawkins e sua turma são inegavelmente modernistas e até científicos em sua abordagem. Na leitura pós-modernista da cultura contemporânea, seus livros deveriam ter sido como água sobre pedra – porém, as pessoas os agarram ansiosas, convictas de que a fé religiosa é tolice.

Sob essa ótica, adequar o Evangelho à cultura pós-moderna leva à derrota. Deixando de lado as armas da lógica e da evidência, deixaremos o modernismo nos vencer. Se a Igreja adotar esse curso de ação, a próxima geração sofrerá conseqüências catastróficas. O Cristianismo se tornará apenas mais uma voz em meio a uma cacofonia de vozes que competem entre si – cada uma apresentando sua narrativa e alegando ser a verdade objetiva sobre a realidade. Enquanto isso, o naturalismo científico continuará a moldar a visão da cultura sobre como o mundo realmente é.

Uma teologia natural consistente é bem necessária para que a sociedade ocidental ouça bem o Evangelho. Em geral, a cultura do Ocidente é profundamente pós-cristã – e este estado de coisas é fruto do iluminismo, que introduziu o fermento do secularismo na cultura européia. Hoje, esse fermento permeia toda a sociedade ocidental. Enquanto a maioria dos pensadores originais do iluminismo eram teístas, os intelectuais de hoje, majoritariamente, consideram o conhecimento teológico impossível. Aquele que se dedica ao raciocínio sem vacilar até o fim acabará ateísta – ou, na melhor das hipóteses, agnóstico.

Entender nossa cultura da forma correta é importante, porque o Evangelho nunca é ouvido isoladamente, mas sempre no cenário da cultura corrente. Uma pessoa que cresce em ambiente cultural que vê o Cristianismo como opção viável estará aberta ao Evangelho – mas, neste caso, tanto faz falar aos secularistas sobre fadas, duendes ou Jesus Cristo! Cristãos que depreciam a teologia natural porque “ninguém se converte com argumentos intelectuais” têm a mente fechada. O valor dessa teologia vai muito além dos contatos evangelísticos imediatos. Ao passo que avançamos no século 21, a teologia natural será cada vez mais relevante e vital na preparação das pessoas para receberem o Evangelho. É tarefa mais ampla da apologética cristã, incluindo a teologia natural, ajudar a criar e sustentar um ambiente cultural em que o Evangelho seja ouvido como opção intelectual viável para pessoas que pensam. Com isso, lhes será conferida permissão intelectual para crer quando seu coração for tocado.

Novos tempos para a apologética - Os princípios irrefutáveis da fé cristã continuam transformando vidas. A despeito de todos os ataques recentes à fé – ou, talvez, por causa deles –, os tempos de hoje constituem a melhor época para apologistas cristãos. Gente como Lee Strobel, William Lane Craig, Ben Witherington III, Darell Bock e J. P. Moreland tem escrito livros, gravado documentários, concedido entrevistas e participado de debates e conferências, sempre apresentando ao público o que, afirmam eles, é uma montanha crescente de evidências científicas e arqueológicas que documentam a verdade do cristianismo.

“A reação da apologética cristã tem relação direta com os desafios que o cristianismo enfrenta, quer na forma de ateísmo militante nas universidades, na internet, em documentários na televisão ou em livros da lista dos mais vendidos”, diz Strobel, ex-editor jurídico do jornal Chicago Tribune e, mais recentemente, autor do livro Em defesa de Cristo – Jornalista ex-ateu investiga as provas da existência de Cristo.

Dinesh D’Souza, que escreveu What’s So Great About Christianity? (“O que há de tão formidável no cristianismo?”), afirma que os novos ateístas levantam questões que requerem uma apologética do século 21. “A apologética dos anos 1970 e 80 é útil para quem ensina no ambiente das igrejas, mas não é relevante diante das alegações dos novos ateístas, que são muito diferentes”, diz D’Souza. “Os novos ateístas aproveitam a onda provocada pelos ataques do 11 de Setembro e igualam o cristianismo ao radicalismo islâmico. C.S. Lewis e Josh McDowell não trataram dessas questões.”

Essa enxurrada de ataques provocou um aumento inesperado no interesse dos jovens pela apologética. De acordo com Strobel, não faz muito tempo que os eruditos desprezavam a apologética e diziam que no mundo pós-moderno os jovens não se interessariam por assuntos como o Jesus histórico. No verão passado, a entidade Foco na Família, fundada e presidida por James Dobson, realizou uma conferência apologética para adolescentes. Uma multidão de 1.500 jovens ficou do lado de fora, sem conseguir vaga para participar. Enquanto isso, os berços da educação apologética – Universidade Biola e sua Escola de Teologia Talbot, o Seminário Evangélico do Sul e a Universidade Liberty – estão repletos de alunos em busca de formação em filosofia e apologética.

Fascinação Ao mesmo tempo em que essa fascinação com a evidência do cristianismo toma conta da mente do povo, Craig, D’Souza e outros debatem com os principais filósofos ateístas e liberais estudiosos da Bíblia em universidades e outros fóruns, nos Estados Unidos, Canadá e Europa. Esses debates costumam atrair milhares de universitários. Os jovens querem saber se é possível defender o cristianismo racionalmente, em pleno século 21. No ano passado, mais de 2 mil estudantes lotaram o Central Hall, em Londres, na Grã-Bretanha, para assistir o debate entre Craig e o biólogo Louis Wolpert sobre o tópico “Deus é uma ilusão?”. O moderador foi John Humphrys, comentarista da BBC.

“Ele ficou atônito”, contou Craig. “E comentou: ‘Olho para esse mar de rostos jovens diante de mim e, quer acredite em Deus ou não, reconheço que alguma coisa está acontecendo. Nunca vi antes tal interesse em assuntos religiosos na Inglaterra.’”

John Bloom, professor de física em Biola, moderou o que foi chamado de “debate selvagem” entre o Projeto Inteligente e o darwinismo. Ele afirma que os desafios recentes ao cristianismo coincidem com o 150º aniversário de publicação da obra Origem das Espécies, de Darwin. Há, ainda, os ataque à imagem neotestamentária de Jesus como Filho de Deus. Witherington, professor de Novo Testamento no Seminário Teológico Asbury, diz que as alegações do Seminário Jesus e outros semelhantes dispararam alarmes entre os estudiosos ortodoxos da Bíblia.

Darrell Bock é professor pesquisador de estudos do Novo Testamento e autor de Dethroning Jesus (“Destronando Jesus”). Bock faz palestras, por todos os Estados Unidos, sobre os evangelhos de Judas e Tomé, usados para alegar que o Cristo do cristianismo foi inventado e que o verdadeiro Jesus é uma figura, digamos, menos divina. “Foi criada uma indústria para desautorizar a Bíblia”, diz Bock. “O alvo é tirar essa leitura cética da Palavra de Deus da torre de marfim e levá-la às praças públicas”.

Do ateísmo à fé – Enquanto isso, os apologéticos cristãos começam a avançar no sentido de mostrar o outro lado da história. D’Souza, ex-analista político na Casa Branca durante a presidência de Ronald Reagan (1980-88), recebeu atenção da mídia internacional ao debater com o bufão ateísta Christopher Hitchens, com o editor da revista Skeptic, Michael Shermer, e outros. Embora Strobel e os outros apelem em primeiro lugar para o intelecto, as pessoas respondem com o coração. Strobel diz que a recente agressão contra a fé abriu uma oportunidade excelente para apresentar Jesus aos não-cristãos. Ele está convicto de que a apologética ajuda a levar as pessoas ao Senhor. Muitos têm alguma dificuldade espiritual – uma dúvida sobre a fé. Mas o autor diz que, assim que encontram uma resposta, o mais comum é cair a última barreira que os separava de Deus.

Uma dessas pessoas foi Evel Knievel, o motociclista ousado que morreu em novembro de 2007. No início daquele ano, ele havia telefonado para Strobel, depois que um amigo lhe deu um exemplar de A Defesa de Cristo. Knievel afirmou que o livro foi o instrumento que o levou a se converter do ateísmo à fé cristã. Strobel, que é fanático por motocicletas desde a infância, tornou-se amigo de Knievel, e conversava com ele toda semana por telefone. Strobel conta que ele foi transformado de forma “surpreendente”: “Sei que a última entrevista que concedeu foi para uma revista só para homens, e ele acabou em pranto, contando sobre o relacionamento com Cristo que havia acabado de descobrir”, aponta. De acordo com o escritor, o rapaz se mostrava imensamente grato. Sabia que havia levado uma vida imoral e se arrependia disso. “Disse-me muitas vezes que gostaria de poder viver de novo para Deus”, continua Strobel, “mas que o Senhor preferiu alcançá-lo em seus últimos dias e levá-lo para o Reino. Ele ficou atônito diante da graça divina. Foi maravilhoso contemplar aquele machão ousado se transformar em um seguidor de Jesus, humilde, cheio de amor e de coração sincero”, encerra.
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Troy Anderson é repórter do Los Angeles Daily News. William Lane Craig é professor pesquisador de filosofia.

FONTE:
Portal CRISTIANISMO HOJE - www.cristianismohoje.com.br/

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

10 Maneiras de Fugir do Chamado Missionário

Crianças indonésias


(Adaptado da lista original do livro "How are you doing?" De Stewart
Dinnen)

1- Ignore o chamado de Jesus feito em João 4:35 para que olhemos os campos com atenção. Reconhecer as necessidades pode ser depressivo e muito desconfortável. E pode levar a uma preocupação missionária genuína. ("Vocês dizem: Mais quatro meses e teremos colheita. Porém, olhem bem para os campos... o que já foi plantado já está bom para ser colhido." - João 4:35)

2- Dirija toda sua energia para um alvo socialmente aceitável. Pode ser um ótimo salário, melhores qualificações, uma promoção no trabalho, um carro do ano, uma casa maior ou sustento para o futuro.

3- Case o mais rápido possível, de preferência com alguém que pense que"A Grande Comissão" é o que um patrão dá a seu empregado depois de uma grande venda. Depois do casamento, não se esqueça de "sossegar" por completo, estabelecer uma carreira e constituir família.

4- Fique longe de missionários. Seus testemunhos podem ser perturbadores. As situações que eles descrevem podem entrar em conflito com o estilo de vida materialmente confortável de sua casa.

5- Se você começar a pensar nos não alcançados, imediatamente pense naqueles países onde a abertura para a pregação do evangelho é inexistente. Pense apenas na Coréia do Norte, Arábia Saudita, China e outros países fechados. Esqueça as vastas áreas do globo, à espera de missionários. Nunca, nunca mesmo queira ouvir sobre 'abordagem criativa’, usadas nesses países.

6- Lembre-se sempre de suas falhas do passado. É irracional esperar que você vá melhorar algum dia. Não estude as vidas de Abraão, Moisés, Davi, Jonas, Pedro ou Marcos (que deram suas bolas-fora em um certo momento de suas vidas, mas não se afastaram).

7- Sempre pense que missionários são pessoas superdotadas e super-espirituais e que devem ser elevadas em pedestais. Mantendo essa imagem, você se sentirá confortável com seu próprio senso de inadequação. Sabendo que Deus não usa nunca pessoas normais como missionários, você não se sentirá culpado ao ter recusado tantas vezes o chamado de Deus.

8- Concorde com as pessoas que dizem que você não é indispensável onde está. Dê ouvido a todos os que dizem que a igreja local não sobreviverá sem você.

9- Preocupe-se incessantemente com dinheiro.

10- Se mesmo seguindo esses conselhos, você ainda sentir vontade de atender ao chamado, vá para o campo sem nenhum treino ou preparo. Em breve você estará de volta e ninguém poderá culpá-lo em não ter tentado.
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via blog VEREDAS MISSIONÁRIAS - http://veredasmissionarias.blogspot.com

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Entrevista: Pr. Euder Faber, presidente da VINACC


O pastor Euder Faber tem trabalhado por mais de 10 anos no Encontro para a Consciência Cristã que acontece todos os anos em Campina Grande na Paraíba. É o presidente da Visão Nacional para a Consciência Cristã – VINACC - desde 2003 e concedeu esta entrevista ao Portal Evangeliza Brasil (Missão AMME Evangelizar), para falar sobre esse importante evento nacional que tem também como foco a evangelização da cidade que abriga o evento. O Encontro ocorre no período de Carnaval e para ter mais informações acesse o site: www.conscienciacrista.org.br


1-O Encontro Consciência Cristã está na sua XI edição. Qual é o seu propósito?

Euder Faber - O Encontro para a Consciência Cristã nasceu da necessidade de se fazer um contraponto em nossa cidade, a um evento macro-esotérico denominado Encontro da Nova Consciência, que desde 1992 tem inundado nossa terra com as idéias da Nova Era. O Consciência Cristã tem tido desde então o propósito de exaltar a pessoa de Cristo, edificar a Igreja, defender a fé cristã e proclamar libertação por intermédio do evangelho de Cristo em meio a um grande “areópago” que tem se transformado nossa cidade no período do carnaval.

2-Dentro desse propósito de que forma têm abordado o tema Evangelização? De que forma têm feito?

E.F. - Acredito que no mundo atual a evangelização deve ser seguida pela apologética, uma ganha e a outra defende. Mesmo sendo um evento apologético, o encontro tem aberto espaço ao evangelismo, com a realização do Projeto Jonas que tem buscado, por meio de uma evangelização de porta em porta, levar a mensagem do arrependimento a todas as residências da cidade, durante o período que antecede a realização do encontro.

3-Há duas palestras que terão algo relacionado à missão essencial da Igreja. Uma delas de Oswaldo Prado e a outra de Renato Vargens. Fale sobre isso.

E.F. - O pastor Osvaldo estará trabalhando mais especificamente com o desafio missionário que deve ser encarado e realizado pela Igreja hoje, já o Renato Vargens estará focando mais a questão da realidade atual da Igreja, principalmente a perda da identidade cristã.

4- A AMME é uma missão que ajuda as igrejas evangélicas na sua tarefa de evangelizar o mundo e dentro desse propósito temos o compromisso de treinar, motivar, apoiar e preparar a igreja. De que forma o Consciência Cristã tem contribuído também para o preparo da igreja?

E.F. - Um dos objetivos da Consciência Cristã é a edificação da Igreja, estamos cientes da realidade da Igreja hoje, principalmente a brasileira. Hoje temos um grande desafio que é de levar o evangelho as nações, mas como iremos levar algo que não estamos vivendo? Por isto o encontro não se limita a tratar de questões voltadas apenas a outras crenças, mas também se preocupa em resgatar valores éticos, morais e espirituais que infelizmente a Igreja Brasileira tem perdido ao longo dos anos.

5-Quais outras considerações importantes que gostaria de fazer sobre esse importante evento nacional?

E.F. - Faço um apelo para que quem puder vir a Campina Grande, no período do Carnaval, venham e nos ajudem a manter acesa essa chama que Deus acendeu na nossa querida cidade. Creio que todos que estiverem participando desse encontro serão de alguma forma edificados com tudo que estará acontecendo por aqui.

6- Deixe uma mensagem para o nosso leitor.

E.F. - Que Deus abençoe a todos e que possamos a cada dia viver a fé evangélica, como realmente ela é, e que possamos assim transmiti-la a outros. Paz.


FONTE: http://www.evangelizabrasil.com

sábado, 24 de janeiro de 2009

AS ÚLTIMAS FRONTEIRAS


Os missiólogos pesquisaram e identificaram aproximadamente 24.000 povos no mundo. Mais ou menos a metade da população do mundo vive em 12.000 povos “alcançados”. Isso não quer dizer que esses indivíduos são cristãos; significa simplesmente que eles vivem em povos onde é possível ter acesso a uma apresentação clara do evangelho dentro da sua própria cultura e da sua língua.
Portanto, a outra metade dos moradores do nosso planeta vive em mais ou menos 12.000 povos “não alcançados”. Isso também não quer dizer que não há cristãos morando nessas áreas. Significa que não há entre eles uma igreja viável, firmada na Bíblia, que se reproduz.
1.000 desses povos não alcançados estão espalhados pelas diversas culturas do mundo, mas 11.000 estão concentrados nos cinco maiores blocos culturais: muçulmanos, tribos animistas, hindus, chineses han, e budistas.
A maioria dos grupos não alcançados está localizada, em termos geográficos, no que veio a ser chamado de “Janela 10/40”: a região se estende do oeste da África até o leste da Ásia, entre as latitudes dez e quarenta a norte do Equador.

Dentro da Janela 10/40 estão:
- A maioria dos povos não alcançados do mundo.
- Dois terços da população mundial, apesar de ela representar apenas um terço da área da terra.
- O centro do islamismo, do hinduísmo e do budismo.
- Oito em cada dez dos mais pobres do mundo, na mais baixa qualidade de vida da terra.
O estadista missionário Luis Bush, que está chamando a atenção da cristandade para essa região, também enfatiza que a Janela 10/40 é “uma fortaleza de Satanás”.

A necessidade espiritual que nos encara da Janela 10/40 é impressionante. Contudo, depois de entendermos como ela é grave, a próxima pergunta que temos de fazer é: o que estamos fazendo quanto a isso?

Neal Pirolo, in A Missão de Enviar – Ed Descoberta – 2005 – Pg. 189/190
Via http://www.maeb.org.br/site/

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Barack Obama é maçom grau 32

Barack Obama é integrante de uma Loja Maçônica fundada por ex-escravo alforriado.

Sublime Príncipe do Real Segredo, Grau 32 do Rito Escocês Antigo e Aceito, em obediência permanente à Maçonaria Prince Hall. O detentor deste título é ninguém menos que Barack Hussein Obama, o 44º presidente dos Estados Unidos da América. Empossado ontem no cargo de maior prestígio no mundo, Obama, que é evangélico declarado, também integra a Maçonaria, antiga sociedade surgida na Europa e hoje espalhada pelo mundo.

Prince Hall é o primeiro alojamento maçônico dos EUA, sendo o nome uma homenagem a um escravo que vivia na região de Boston e foi alforriado por seu dono em 1770. Hall e outros negros egressos da escravidão integraram o Alojamento Britânico de Freemasons (“maçons livres”). Nascia ali o movimento da Maçonaria negra americana. Apesar dos ideais de fraternidade pregados pela instituição, até hoje o ramo integrado pelos maçons negros é separado daquele formado por brancos.

Hall, que chegaria ao grau de Venerável Mestre, morreu em 1807. Um ano depois, seus seguidores deram seu nome à Loja que iniciou. Em entrevista concedida durante sua campanha à Presidência, Obama disse que sentia orgulho por ser maçom e pertencer à Loja fundada pelo ex-escravo, que assim como outro ícone do movimento negro norte-americano, o pastor Martin Luther King Jr, dedicou sua vida à causa da igualdade racial no país.

via Portal CRISTIANISMO HOJE - www.cristianismohoje.com.br/, com informações do Portal Maçom e da Gospel TV.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Entrevista com Pr. Ronaldo Didini: ‘A teologia da prosperidade é demoníaca’

Depois de reaparecer na televisão, agora ligado à Igreja Mundial do Poder de Deus, Ronaldo Didini repudia parte do que acreditou no passado.


Portal CRISTIANISMO HOJE - www.cristianismohoje.com.br/

Nos últimos meses, a notícia de que uma igreja assumiria o controle de mais um canal da TV brasileira causou burburinho. Trata-se da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), comandada pelo seu apóstolo Valdemiro Santiago, egresso da Igreja Universal do Reino de Deus. A denominação assumiu o controle da Rede 21. Um dos grupos neopentecostais com crescimento mais rápido no país, a IMPD iniciou as transmissões disposta a se expandir ainda mais. O slogan da nova emissora – “Vem pra cá, Brasil” – já sugere o caráter do empreendimento. O carro-chefe da programação são os cultos, cheios de imagens de exorcismo e curas, promovidos por Valdemiro. Na telinha, ele chama as pessoas à plataforma, abraça-as e chora com elas, num ambiente que mistura comoção e alguma histeria. O investimento da IMPD em mídia é mantido em sigilo absoluto, mas comenta-se no mercado que chegaria a 4 milhões de reais mensais.

Tamanho investimento vale a pena? Para o pastor Ronaldo Didini, sim. Quando a Igreja Universal comprou a Record, há quase 20 anos, foi ele, na época pastor da denominação de Edir Macedo, quem esteve à frente das negociações. Naquela emissora, comandou o 25ª hora, programa que marcou época na radiodifusão evangélica. Dali, ligou-se à Igreja Internacional da Graça de Deus, comandada pelo missionário Romildo Ribeiro Soares, onde colaborou na implantação da Nossa TV e da Rede Internacional de Televisão (RIT). Agora, depois de servir de interlocutor e sacramentar o negócio entre o Grupo Bandeirantes e a Mundial, ele é o gestor da Rede 21. Inteligente e bem articulado, Didini apresenta o programa Hora Brasil, exibido diariamente entre meia-noite e 1h30. “É uma continuação do que fazia no 25ª Hora”, define.

Aos 51 anos, casado e pai de duas filhas, Didini considera a televisão um poderoso instrumento para a evangelização. Sua trajetória chama a atenção não apenas por sua especialidade em TV evangélica, mas também por sua migração denominacional. Tendo peregrinado por igrejas como Universal, Graça e agora a Mundial do Poder de Deus – fora o período em que esteve em Portugal, onde montou a dirigiu a Igreja do Caminho –, ele conhece como poucos o mundo do neopentecostalismo. “Não nego meu passado, mas amadureci”, diz o religioso. Hoje, Didini é um detrator da teologia da prosperidade, que, segundo ele, é um câncer que está consumindo a Igreja brasileira. “E muitos pastores a defendem abertamente em rede nacional. É o que existe de pior na televisão do país”, critica. O religioso recebeu a reportagem de CRISTIANISMO HOJE em sua nova casa no bairro do Morumbi, em São Paulo:

CRISTIANISMO HOJE – O senhor tornou-se uma referência para a m´dia evangélica por ter comandado o 25ª Hora, exibido pela Rede Record nos anos 1990. Como foi aquela experiência?
RONALDO DIDINI – Foi uma experiência riquíssima, tanto do ponto de vista religioso como sociológico. Aquela foi a primeira vez que pastores evangélicos discutiram abertamente com a sociedade todos os problemas do nosso tempo. Quebramos barreiras, pois deixamos claro que o evangélico é um cidadão como qualquer outro. Ali, falávamos abertamente sobre qualquer assunto, como sexo e política, coisas então consideradas tabu em nosso meio, sem perder o compromisso com os valores da Palavra.

Como o senhor avalia a programação evangélica feita hoje no Brasil?
O que existe de melhor, a meu ver, é a combinação que a Igreja Mundial do Poder de Deus faz entre proclamação da Palavra e demonstração do poder de Deus. Também gosto de alguns programas que estudam a Bíblia nas madrugadas. Um exemplo são os programas de Silas Malafaia naquele horário, onde ele recebe pastores e gente interessante. Os peixes mais graúdos são os que estão ligados na madrugada. Quando alguém prega com mansidão e de maneira equilibrada nesse horário, em que a pessoa liga a TV porque precisa ouvir a Palavra, não há quem não se quebrante.

Com a entrada maciça dos evangélicos na televisão, não há uma “guerra santa” pela audiência?
Não creio. Por mais que o homem fale, quem está no controle da Igreja é o Espírito Santo. Mas podemos fazer uma leitura diferente do que acontece no Brasil. Em 1985, acabou o regime militar. As pessoas esperavam por algo novo, desejavam mudanças, inclusive na esfera espiritual, já que a presença católica era hegemônica. A abertura também trouxe esse novo momento, em que as igrejas passaram a ter liberdade para usar os meios de comunicação. Houve imaturidade, inconsistência? Sim. A sociedade e a Igreja não souberam medir isso. Por outro lado, a liberdade foi também exacerbada. Há dez anos, as crianças estavam dançando na boquinha da garrafa por causa da TV. Hoje, amadurecemos e não se vê mais isso. Acho que o mesmo aconteceu com a Igreja Evangélica em seu crescimento; agora, é preciso colocar os pés no chão.

Comenta-se à boca miúda que R.R.Soares paga R$ 5 milhões mensais à Bandeirantes e que Malafaia desembolsa outro tanto. Há informações de que sua igreja teria um investimento em TV estimado em 4 milhões por mês. Essas cifras são reais?
Não acredito que sejam reais, até porque, nesse caso, o mercado seria super-inflacionado e não haveria condições de se pagar tanto. O próprio mercado publicitário não teria condições de concorrer com esses valores. Vivo no meio e posso dizer que falam de números muito mais altos que os reais.

O Hora Brasil tem a mesma proposta do 25ª Hora?
O Hora Brasil funciona como se fosse um termômetro. Obviamente, do 25ª Hora para cá, a sociedade evoluiu muito. Hoje, cerca de 30% da população é evangélica. Eu chamo a sociedade para dialogar sobre assuntos religiosos, médicos, problemas sociais. Estou fazendo jornalismo e já pude observar algo interessante: uma preocupação generalizada com a preservação da família. Pessoas com as mais diferentes linhas de pensamento estão preocupados com o destino das famílias, com seus valores – ao contrário do que a mídia em geral incentiva, que é a falta de compromisso, a infidelidade conjugal, o individualismo e a libertinagem, que tanto marcam nosso tempo. Mas o Brasil não é uma Sodoma ou Gomorra. Isso é resultado do esforço feito ao longo dos anos por homens e mulheres de Deus para pregar o Evangelho, e que levou ao boom dos crentes na mídia. Os especialistas criticam esse avanço, mas ele é uma âncora de valores há muito esquecidos e desprestigiados. Infelizmente, esse avanço tem dois lados: o positivo, do qual já falei, e o negativo, que são os escândalos. Mas Jesus já disse que escândalos viriam. Temos que nos preocupar com os “ais” que os sucederão, para que não sejamos seus causadores. É preciso haver limites.

Quais são esses limites?
Fiquei assustado com o que fez o pastor Marcos Feliciano em seu programa. Ao mesmo tempo em que pregava o Evangelho, ele anunciava terrenos para as pessoas comprarem em prestações, dizendo que Deus abençoaria aquela compra. Isso ultrapassa o limite. Ao mesmo tempo em que se anuncia a salvação, vincula-se isso à venda de produtos para receber a bênção de Deus. Lógico que aquele comercial está sendo pago. Feliciano ultrapassou a barreira ética. Para mim, isso é o que existe de mais vulgar na teologia da prosperidade. A igreja precisa de fundos? Sim. Mas de onde vêm? Dos dízimos e ofertas. Apenas eles têm fundamento bíblico. Sem esse pastor perceber, creio que o próprio Deus o fez tropeçar para expor a nudez desses cruéis ensinos. A teologia da prosperidade é um câncer no segmento evangélico.

Por que o senhor critica tanto a teologia da prosperidade?
Porque ela é demoníaca. Penso que os líderes evangélicos deveriam se unir e dar um basta nesses ensinos. A teologia da prosperidade bateu no fundo do poço e já deveria haver uma conscientização de muitos líderes acerca disso. Todos que optam por esse caminho ficam satisfeitos apenas em ir bem financeiramente, não ter sofrimento de nenhum tipo. Querem ficar independentes, achando que não precisam de mais nada. Os pregadores da prosperidade não têm contato com o povo e não enxergam isso, porque são pobres, cegos, miseráveis e estão nus. O homem não tem que ditar regras a Deus e dizer a ele como e a que horas fazer o milagre. Minha crítica a essa teologia é que ela proclama aquilo que é terreno e não o que é sagrado, sobrenatural. Com o tempo, tal mensagem se desgasta e o resultado está aí. Eu fui missionário em nações muito pobres da África. Por que a teologia da prosperidade não funciona lá? Para responder essa questão, o teólogo da prosperidade não está preparado. Se não funciona lá, ela é antibíblica. Jesus falou que é mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus. Ora, se a teologia da prosperidade fosse bíblica, todos seriam ricos e quase ninguém acabaria salvo. Pregar e acreditar na teologia da prosperidade é como construir um castelo na areia ou fazer um gigante com pés de barro – mais cedo ou mais tarde, tudo cairá.

Mas durante muito tempo o senhor militou em igrejas propagadoras da teologia da prosperidade... Quem mudou, suas ex-igrejas ou o senhor?
Não mudei o meu pensamento. Foi a obra do Espírito Santo que me amadureceu. Sou muito grato por tudo que recebi na Igreja Universal e na Igreja da Graça. Não tenho nada contra essas instituições e nem contra seus líderes. Minha diferença é doutrinária. Uma coisa é enxergar, e outra é mudar, se for preciso, sair do sistema, quando ele se torna mais poderoso do que a Bíblia. O catolicismo está cheio de exemplos assim. Todos os padres sabem que não é uma bula papal que pode dizer que o líder é infalível ou que Maria subiu ao céu com seu corpo. Mas o sistema Católico Apostólico Romano requer que essa doutrina seja aceita, e muitos a defendem em nome desse sistema.

O senhor não teme ser considerado ingrato por seus ex-líderes?
Como eu disse, nada tenho contra Macedo ou Soares. Tanto, que quando eu saí da Universal, foi como que se perdesse meu chão. A Iurd para mim era mais importante que qualquer outra coisa na vida; eu amava aquele ministério, dava minha vida por ele. Depois, conheci a Igreja da Graça. O missionário Soares me ajudou muito naquela época, pastoreando minha vida por dois anos. Foi um verdadeiro pai, preocupando-se com minha alma, porque eu não estava bem espiritualmente. A teologia da prosperidade me fez um mal tremendo. Continuei caindo e bati no fundo do poço quando abri a igreja lá em Portugal [a Igreja do Caminho, inaugurada por Didini em Lisboa em 2003]. Estava sozinho com minha mulher e duas malas de roupas começando uma igreja na periferia. Então, aprendi que ou dependia de Deus ou o meu ministério ia acabar. Deus me ensinou muito naqueles cinco anos, até me colocar ao lado do apóstolo Valdemiro.

O bispo Renato Suhett, que saiu atirando da Universal e até abriu uma igreja onde criticava abertamente o que chamava de “sistema religioso” montado por Edir Macedo, acaba de voltar à Iurd. O senhor já foi chamado para retornar á Universal?
Nunca fui chamado para retornar à Igreja Universal, até porque já disse publicamente que não tenho interesse em regressar. Aqui, na Mundial, é como que se eu tivesse voltado para a Iurd em que comecei nos anos 80, uma igreja viva. Creio que, se o Suhett voltou, sabe o que está fazendo. Mas eu estou em casa agora.

Rupturas no seio neopentecostal são comuns. Macedo e Soares começaram juntos na Cruzada do Caminho Eterno, saíram e fundaram a Universal, de onde o último desligou-se para fundar a Igreja da Graça. Valdemiro também é oriundo da Universal; o próprio Macedo começou na Nova Vida, de onde também saiu Miguel Ângelo, que dali fundou a Cristo Vive. As justificativas para a dança de cadeiras são sempre semelhantes, como a de divergências teológicas ou mudanças de visão – contudo, as novas igrejas que surgem acabam trazendo muito das denominações de origem, inclusive os aspectos que criticavam. O que acarreta tantas rupturas?
Uma árvore pode ter muitos ramos, muitos galhos. O importante é observar o que Jesus fala em João 15, e estar alicerçado nos ensinos de Cristo e na prática da verdade. Quando a igreja nasce pela vontade humana, para ser uma maneira de levar a vida, é complicado. Paulo também defende sua autoridade apostólica em Cristo. Por isso, não interessa quem pregou, se foi Paulo, Pedro ou Apolo – o importante é estar firmado em Jesus. No fim das contas, vejo que muitas ramificações poderiam ser evitadas se houvesse menos vaidade humana e mais compromisso com a videira verdadeira que é Jesus.

Então, as divisões acontecem porque cada um quer ter seu próprio espaço?
Nem sempre. O que o dedo faz, os olhos não podem fazer. Não importa a função de cada um; importa que Cristo seja o cabeça do corpo. A Igreja Mundial, por exemplo, tem uma função que as outras igrejas mais tradicionais ou adeptas de ensinos não ortodoxos não podem cumprir. Mas no momento em que algum órgão do corpo adoece, todo o organismo passa a sofrer. A Igreja de Cristo hoje precisa se voltar para a mensagem original e entender o recado: o agricultor é o Pai e a videira aqui é Jesus. Então, vamos parar de vaidade! Eu, por exemplo, quando assumi a Igreja Internacional da Graça de Deus em Portugal, tornei-me vice-presidente vitalício da denominação. Poderia hoje reivindicar isso, já que nunca renunciei. Mas jamais chegaria lá e tentaria tomar a igreja. O verdadeiro pastor é Jesus. Acredito que se existir essa consciência, haverá menos ramificações.

Pode explicar como foi sua adesão à Igreja Mundial?
Sou amicíssimo do apóstolo Valdemiro. Talvez seja uma das pessoas mais chegadas a ele, fora sua família. Mas não vim para cá só pela amizade. Nunca daria certo. Primeiro, reconheci que a Mundial era um movimento de fé muito forte, e depois comecei a observá-la. Fiz quatro viagens para o Brasil e observei claramente o reavivamento bíblico no século 21. Depois veio a fase mais difícil, a de submeter-me à autoridade espiritual dele, sendo seu amigo. Então, peguei a chave da minha igreja e dei na mão dele, dizendo: “Seu trabalho é maior que o meu. Você é mais importante que eu em Portugal”. E vim para ajudá-lo com os dons que Deus me deu. Acredito que estou em uma fase na qual Deus não quer me ensinar mais. É hora de dar frutos, pois ele já investiu muito em mim.

O senhor tem salário na igreja?
Não. Tenho funções executivas na Igreja Mundial, mas não sou funcionário, não recebo qualquer benefício financeiro.

Então, de onde vem seu sustento?
Sou contratado como jornalista pela Rede Bandeirantes. Pela misericórdia de Deus, eu moro numa boa casa, tenho um bom carro, visto boas roupas; mas nada disso me pertence, tudo é dado pelo Senhor. Por isso, posso exercer com liberdade minha vocação. Aliás, esse foi o motivo por que saí da Graça. Comecei a me sentir um funcionário da igreja, sem aquele algo mais, sem um desafio. Eu tinha o mais alto salário, carro à disposição, liberdade para pregar em qualquer lugar; todos os pastores da Graça me tratavam muito bem, eu era sempre recebido com festa. Mas não me sentia bem como executivo, com tarefas meramente burocráticas dentro de uma organização. Resolvi sair. Hoje, aprendi a lição.

Quando estava em Portugal, o senhor se queixava de que os evangélicos brasileiros enfrentavam muitas restrições lá. Essa situação ainda persiste?
Persiste e piora. Digo isso por causa dessa lei xenófoba da imigração. Quase não são liberados vistos para brasileiros. O segundo problema gravíssimo que presenciei lá, quando participei de um congresso da Assembléia de Deus portuguesa, é que não há comunhão entre a Assembléia de Deus brasileira e a de lá. O pastor Joel, filho do José Wellington [presidente da Convenção Geral das Assembléias de Deus do Brasil], esteve presente também. As lideranças portuguesas não aceitam os pastores brasileiros que são enviados para lá. Como o Brasil se tornou um exportador de missionários, maior é a rejeição. No mundo inteiro, especialmente na Europa, igrejas com lideranças brasileiras atraem apenas público brasileiro. As únicas exceções são trabalhos com negros, que são imigrantes também, vindos de lugares como Cabo Verde, Quênia, Jamaica, Nigéria.

domingo, 11 de janeiro de 2009

O Sol e a Lua


C. H. Mackintosh

O Sol

O sol é o grande centro de luz, o centro do nosso sistema. Em redor dele giram os astros menores. Dele recebem, também a sua luz. Por isso, o sol pode, legitimamente, ser visto como um símbolo próprio d’Aquele que em breve há de levantar-Se, trazendo cura nas Suas asas, para alegrar os corações daqueles que temem o Senhor. A aptidão e beleza do símbolo são inteiramente claras para quem, tendo passado a noite em vigília, presencia o nascer do sol dourando com os seus raios o céu oriental. As neblinas e as sombras da noite são dispersas, e toda a criação parece aclamar o regresso do astro de luz. Assim será, em breve, quando aparecer o Sol da Justiça. As sombras da noite fugirão, e toda a criação regozijar-se-á com o raiar de uma “manhã sem nuvens” – o alvorecer de um dia brilhante e interminável de glória.

A Lua

A lua, sendo por si mesma opaca, recebe toda a sua luz do sol. A lua reflete sempre a luz do sol, salvo quando a terra e as suas influências intervêm. Tão depressa o sol se põe no nosso horizonte, a lua apresenta-se para receber os seus raios de luz e refleti-los outra vez sobre o mundo na escuridão; ou no caso de ser visível durante o dia exibe sempre uma luz pálida, como resultado inevitável de aparecer na presença de maior claridade. É verdade, como tem sido observado, que o mundo às vezes interpõe: nuvens escuras, neblinas cerradas, e vapores gelados, também, levantam-se da superfície da terra e ocultam da nossa vista, a luz prateada da lua.

Contudo, assim como o sol é o símbolo lindo e próprio de Cristo, do mesmo modo a luz nos lembra admiravelmente a Igreja. A origem da sua luz está oculta para a vista. O mundo não O vê, mas ela vê-O; e é responsável por refletir os Seus raios de luz sobre o mundo de trevas. O mundo não tem meio de conhecer coisa alguma de Cristo senão por meio da Igreja. “Vós”, diz o apóstolo Paulo, “sois a nossa carta,... conhecida e lida por todos os homens”. E acrescenta: “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo” (2 Co 3:2). Que lugar de responsabilidade! Quão sinceramente deve ela vigiar contra tudo que impede o reflexo da luz celestial de Cristo em todos os seus caminhos! Porém, como deve a Igreja refletir esta luz? Permitindo que a luz brilhe límpida. Se a Igreja tão somente andar na luz de Cristo, há de, certamente, refletir a Sua luz; e isto, mantê-la-á sempre na sua própria posição.

A luz da lua não é sua. Do mesmo modo acontece com a Igreja. Ela não é chamada para se mostrar a si mesma ao mundo. Deve, simplesmente, refletir a luz que recebe. É obrigada a estudar, com santa devoção, o caminho que o Senhor trilhou aqui no mundo; e mediante a energia do Espírito Santo, que habita nela, seguir nesse caminho. Mas, ah! O mundo com as suas neblinas, nuvens, e os seus vapores, intervém e oculta a luz e mancha a epístola. O mundo não pode ver muito dos traços do caráter de Cristo naqueles que se chamam pelo Seu nome; na verdade, em muitos casos, eles apresentam um contraste humilhante, em vez de uma semelhança. Possamos nós conhecer Cristo devotamente, de modo a podermos imitá-lo mais fielmente.

Trecho extraído do livro: Estudo Sobre o Livro de Gênesis – C. H. Mackintosh - páginas 12 e 13Editora Depósito de Literatura Cristã.

Antologia de Poesia Cristã em Língua Portuguesa: Um relançamento


Amados irmãos e leitores, a algum tempo publiquei na internet a Antologia de Poesia Cristã em Língua Portuguesa. Ela reúne poemas de caráter genuinamente cristão de grandes nomes da literatura lusófona, desde Camões até os dias atuais, passando por escritores e poetas como Machado de Assis, Fernando Pessoa, Alexandre Herculano e muitos e muitos outros. Poemas de mais de 80 autores, dentre brasileiros, portugueses e africanos.
Pois bem, apenas a formatação (o layout) do e-book não fazia jus à obra, pois tive eu mesmo que editá-lo (sem grandes conhecimentos na área) , já que o colaborador que realizava o trabalho para mim encerrou este tipo de atividades. O resultado não ficou o ideal...

Mas a pouco tempo, o irmão, Rev. Giovanni C. A. de Araújo*, que trabalha com editoração eletrônica na Sociedade Bíblica do Brasil, baixou a obra, e se ofereceu para criar uma diagramação profissional para o livro, gratuitamente. E o resultado ficou realmente sensacional!

Por isso estou realizando um ‘relançamento’ da Obra, com o mesmo conteúdo, mas agora muito mais bonita e agradável de se ler. Se você aprecia a arte poética, independente de sua religião, vale a pena baixar este pequeno tesouro. É gratuito, e você pode enviar para quem quiser.

Baixe o livro, Clicando Aqui.

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*O Rev. Giovanni é dedicado à área Litúrgica, escrevendo sermões e liturgias (nos quais gosta de inserir poesias), e além de seu site principal, que mantém com sua esposa, o Giovanni e Tatiana (http://www.tatigi.com.br/), mantém ainda o blog Café com Alecrim (http://cafecomalecrim.blogspot.com/) , e presta trabalhos como editor de publicações impressas ou eletrônicas.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

ABRACE ESSE MOVIMENTO

A ABRACEH-Associação de apoio ao ser humano e à família comemora 5 anos de vida. A associação surgiu como uma forma de reação ao momento em que missionários e as Igrejas evangélicas começaram a ser ameaçados e perseguidos pelos ativistas do movimento pró-homossexualismo com a Resolução 01/99 do Conselho Regional de Psicologia, criada, inicialmente, para perseguir os psicólogos cristãos que apóiam pessoas que voluntariamente desejam deixar a atração pelo mesmo sexo.

O movimento de apoio ao ser humano e á família iniciou-se no dia 03 de janeiro de 2004 para ser sal e luz na terra e para que a Igreja de Cristo, incluindo seus missionários e psicólogos cristãos, tivessem garantidos o direito de apoiar os acometidos pelos transtornos sexuais e homossexuais. A ABRACEH vem cumprindo a sua missão apoiando pessoas, capacitando líderes para apoiarem de forma eficaz e conscientizando as igrejas, o povo brasileiro, além do poder público, acerca da inquisição gay, da teoria que respalda a cultura da morte (desconstrução social) e da Nova Ordem Mundial.

Como parte dessa conscientização a associação estará promovendo o seu III Encontro entre os dias 10 a 12 de abril de 2009. Será em São Paulo na sede da Missão CENA, à Rua Gal. Couto de Magalhães, 280 – Luz. O tema é: “Opor-se ao mesmo tempo que estendendo a mão”. Estão confirmadas a presença dos preletores: Dr. Paulo Fernando Melo da Costa (DF), Claudemiro Soares (DF), Rosemary Geremias (RJ), missionários das missões CENA, JEAME, Grupo de amigos, entre outros palestrantes e participantes. O investimento até o dia 31 de janeiro é de 50,00. Mais informações pelo site: www.abraceh.org.br ou o blog: http://rozangelajustino.blogspot.com

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Entrevista com o teólogo Jürgen Moltmann

Para o teólogo Jürgen Moltmann, a esperança precisa ser exercitada para causar efeitos nos dias de hoje.

Portal CRISTIANISMO HOJE - www.cristianismohoje.com.br/



Do alto de seus 82 anos de vida, o escritor, pastor e professor Jürgen Moltmann concedeu uma entrevista a CRISTIANISMO HOJE durante esta sua segunda – e, provavelmente, última – estada no país. Ele falou aos participantes de um congresso de teologia e lançou o livro Testamento teológico para a América Latina.

CRISTIANISMO HOJE – O senhor diz que esta sua viagem ao Brasil é a apresentação de seu “testamento teológico” para a América Latina. Qual seria a principal herança de sua obra?

JüRGEN MOLTMANN – O debate sobre a esperança. Precisamos de fé, esperança e amor; mas destaco que é necessário aplicar a esperança não somente na eternidade, mas também exercitá-la para que cause efeitos nos dias de hoje. A maioria dos cristãos está aguardando o céu, e não uma nova Terra, de onde brote justiça.

Essa é sua proposta a partir do livro Teologia da Esperança: uma abordagem da esperança que fuja ao sentimento de resignação. Então, ela é uma força capaz de transformar o mundo?
Exatamente. Nos tempos em que vivemos, presenciamos milagres e sinais, certamente não feitos por teólogos, mas por Deus. Acompanhamos o fim do appartheid na África do Sul e muitas outras revoluções democráticas que deixaram para trás formas de ditadura política e militar. Agora, estamos acompanhando a queda do capitalismo, tendo a oportunidade para viver em um mundo mais livre e justo. A maioria dos crentes pensa que espiritualidade é orar; porém, no Novo Testamento, aprendemos que é preciso orar e vigiar. Precisamos de uma espiritualidade dotada de sentidos – ou seja, em uma forma bem figurativa, ao invés de fechar os olhos, temos de abri-los para orar. Uma Igreja desconectada do cotidiano não tem futuro, só passado.

O senhor acha que a crise atual é a derrocada do capitalismo, assim como o colapso do socialismo no fim dos anos 1980?
Bem, não estou satisfeito com esse capitalismo. Espero que consigamos pôr em prática um capitalismo mais social, ou seja, um capitalismo em que o Estado regule de forma mais efetiva a economia. Há um bom tempo, a Alemanha vem tentando fazer isso: desenvolver uma economia social e ecológica, para que o mercado seja para o ser humano e o ser humano não seja sacrificado pelo mercado.

Isso tudo está relacionado à Teologia Política, ou Teologia Pública, que o senhor inaugurou e sempre destacou?
Sim. Isso inclui refletir o aspecto público e a justiça no Reino de Deus. A teologia pública é a política pensada teologicamente e a teologia na abordagem política; por outro lado, também é a cultura num aspecto teológico e a teologia sob o aspecto cultural. Ou seja, a teologia dialoga com a Igreja e a Igreja dialoga com a teologia. Porém, o futuro da Igreja e da teologia é o Reino de Deus, e isso tem de ser o centro de tudo. Estamos numa globalização sem globo, ou seja, a Terra não tem voz nem vez nesse processo. Precisamos de uma nova política da Terra, uma nova economia da Terra, isto é, uma nova ligação com o organismo vivo que a Terra representa.

Logo, a atuação do teólogo vai muito além da Igreja...
Claro que sim! Eu, por exemplo, já fui convidado para ser teólogo em uma faculdade de medicina.

O senhor enfatiza muito a questão de um suposto sofrimento de Deus. Qual é o valor da cruz e da morte de Cristo para Deus nessa linha de pensamento?
Deus sofre para estar próximo de todos os que sofrem por solidariedade e amor. Cristo deixou tudo para procurar aqueles que foram deixados por todos. É a nova forma de uma cristologia de solidariedade – e, como a maioria das pessoas são vítimas e não opressores, precisamos de uma cristologia que pronuncie claramente que Cristo está ao lado das vítimas e que Deus fará justiça.

Paulo Freire, famoso educador brasileiro, dizia que “ninguém liberta ninguém; ninguém se liberta sozinho. Os homens se libertam em comunhão”. Esta frase, refeita de acordo com a sua teologia, talvez ficasse algo assim: “Ninguém liberta ninguém; ninguém se liberta sozinho. O homem se liberta na comunhão cristã que experimenta Deus no outro”. É nisso que o senhor acredita?
Isso me lembra Dostoiévski, que dizia que “o ser humano deve se libertar por conta própria”. Passei pela experiência de ser um prisioneiro de guerra por três longos anos e fui liberto por Cristo. Não tive condição de libertar-me a mim mesmo. Paulo Freire tem uma posição humanista. Eu sou um teólogo cristão, apesar de contra a minha própria vontade, pois queria estudar Física e Matemática. Mas eu respeito os humanistas que querem se libertar por conta própria.

Então é possível crer em Deus após Auschwitz?
Sem dúvida. O texto O Deus crucificado é minha resposta a Auschwitz e ao horror que vivi na guerra. A minha pergunta é: em quem se deve crer depois de Auschwitz, senão em Deus?

A Teologia da Libertação teve muita força aqui na América Latina, mas o senhor foi um dos poucos teólogos europeus a dialogar com essa teologia. Enfrentou muitas reações por isso?
A maioria dos colegas não abraçou a Teologia da Libertação simplesmente porque eram ocupados e preocupados demais com suas teologias denominacionais e confessionais. Não lhes sobrava tempo para dialogar com o mundo, com as teologias ecumênicas e tudo o mais que acontecia ao redor. A resposta mais infame que já escutei sobre isso foi algo como “a teologia feminista é para a mulher, e a teologia negra é para os negros”. Eles não aceitavam o desafio que o outro pode trazer para o diálogo, aprofundando a sua própria teologia.

O que dizer acerca do fundamentalismo?
Os fundamentalistas nas igrejas protestantes deveriam ler e estudar a Bíblia e tentar entender o que temos de viver. Os bispos do Opus Dei deveriam ler os textos do Concílio Vaticano II. Eles estão esquecendo daquele legado, e isso é uma vergonha! E também é uma vergonha que os protestantes estejam lendo a Bíblia como se fosse o Corão. Deus se tornou em Cristo não um livro, mas sim, um ser humano. Por outro lado, os fundamentalistas também são seres humanos e precisam ser acolhidos, assim como as crianças, que não podem crescer sem o amor e respeito dos seus próprios pais. Eu não aconselho falar com fundamentalistas sobre o fundamentalismo, mas sobre experiências de vida e de como eles administraram os sofrimentos, desafios etc.

O senhor foi colega de docência do teólogo alemão Joseph Ratzinger, hoje o papa Bento XVI. Conte sobre essa experiência.
Ratzinger passou por uma experiência traumática em 1968, época da revolução estudantil. Na época, ele passou por um medo apocalíptico, com uma idéia fixa no diabo – destaco que ele escreveu isso em sua biografia, portanto não se trata de difamação. E desde então, ele tenta combater o marxismo ateísta. Só que esse marximo não existe mais na Europa. Na sua última encíclica, a da Esperança, ele gastou três páginas para matar o marxismo. E eu lhe escrevi uma carta dizendo: “Você matou um cadáver”. É por isso que Bento XVI persegue tanto os teólogos da libertação, porque, segundo sua concepção, isso se trata de marxismo. Gente como Jon Sobrinho e Leonardo Boff não são marxistas, isso é uma besteira!

E o que o senhor pensa sobre o papado?
Não o considero uma instituição evangélica.

Quais os seus livros prediletos?
A Bíblia, especialmente o Antigo Testamento; O princípio da esperança, de Ernst Bloch; e A dogmática da Igreja, de Karl Barth. Mas este último tem cerca de 8 mil páginas... [risos].

A despeito de todos os adjetivos que lhe devotam, como o senhor gostaria de ser lembrado?
Sou apenas um simples cristão que busca entender sua fé. Nada além disso.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Religiosidade e o Misticismo da Idade Média - Lições Para os Nossos Dias

Por Solano Portela

A Igreja Medieval em grave necessidade de reforma

Encontramos a Igreja Católica, no ápice da idade média (séculos 13 a 15), com a maioria das práticas litúrgicas, incorporadas do paganismo, já institucionalizadas dentro da estrutura eclesiástica. O cenário está sendo preparado pelo Senhor da História para a Reforma do Século XVI. A religião foi transformada de uma devoção consciente a Deus, baseada no que conhecemos de Deus pelas Escrituras e exercitada pelas diretrizes da sua Palavra; no misticismo subjetivo, baseado em tradições humanas, exercitado em práticas obscuras.

A Igreja, que deveria aproximar as pessoas cada vez mais de Deus e de sua Palavra, na prática afasta os fiéis da religião verdadeira. Os rituais e a liturgia são realizados em uma língua desconhecida (Latim). Os seguidores são sujeitos a uma hierarquia estranha à Bíblia, na qual os administradores maiores se preocupavam mais com o jogo político do que com a situação espiritual dos fiéis. Aqueles que se dedicavam mais ao estudo da palavra, em vez de estarem próximos dos fiéis, conscientes de suas lutas, necessidades e pecados, isolam-se em mosteiros. Novas estruturas monásticas são formadas e multiplicam sua influência. Os poucos escritos refletem um misticismo que enaltece a trindade, mas, ao mesmo tempo, apresentam uma ênfase mística que os distanciam da realidade.

Outras cabeças pensantes da Igreja, em vez de procurar um retorno à teologia das Escrituras, embarcam num intelectualismo que pretende explicar de forma palatável à razão humana os mistérios de Deus – esses também distanciam a Igreja e sua hierarquia de sua missão e daqueles que a seguem em busca espiritual sincera ou por conveniência. Certamente, fica cada vez mais evidente que o caminho da reforma está sendo preparado por Deus. A Igreja está deteriorada em seu íntimo – os problemas aparecem. O remanescente fiel ficará mais evidente e desabrochará no tempo apontado por Deus.

Estudando a situação da igreja nesse período, identificamos três erros dignos de destaque e que servem de alerta para os nossos dias. Vejamos:

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